O bairro Colônia Antônio Aleixo se formou na década de 1930, durante o governo ditatorial do presidente Getúlio Vargas, que ordenou ao então ministro Tancredo Neves, a construção, no local, de 16 pavilhões, feitos de madeiras nobres como Acaru e Maçaranduba.
Esses pavilhões deveriam abrigar os nordestinos trazidos para reativar os seringais da Amazônia, os chamados "soldados da borracha", sob a liderança do comandante Antonio Guedes Brandão.
Os arigós, como eram conhecidos, ficavam alojados no local enquanto aguardavam para serem transferidos até os seringais, no interior do Estado.
Após a partida dos nordestinos, o local ficou abandonado até ser ocupado novamente, desta vez por portadores de hanseníase, uma vez que, a região era isolada e o trajeto até a cidade, feito margeando o rio Negro.
No início da década de 1940, o doutor Menandro Tapajós, numa viagem a Minas Gerais, convidou o médico mineiro Antonio Aleixo para iniciar um trabalho pioneiro num leprosário, que funcionaria nos pavilhões abandonados pelos arigós. Assim, o tratamento dos portadores de hanseníase começou com apenas seis pacientes, e por volta de 1942, os doentes que eram tratados no antigo leprosário de Paricatuba foram trazidos, em grande parte pelo ex-foguista Raimundo Mendes para a nova colônia, que ganhou o nome do seu
fundador e patrono, Antonio Aleixo.
O atendimento era inovador e permitia, devido às descobertas de novos medicamentos, uma maior sobrevida aos portadores da enfermidade. Mas a Colônia Antônio Aleixo permanecia ainda isolada do resto da cidade, sob o estigma da lepra. Era evitada pelos demais moradores de Manaus e ainda não recebia um tratamento de infra-estrutura adequado por parte das autoridades públicas.
Conhecido popularmente como leprosário, o bairro abrigou durante três décadas estritamente os portadores de hanseníase. Com o passar do tempo, começou a servir de moradia também aos parentes dos doentes, que aos poucos foram se integrando à comunidade.
Aumento populacional
A população aumentou com a abertura da estrada de 23 quilômetros que liga a Colônia Antonio Aleixo a Manaus, por volta de 1967. Chamava-se então avenida André Araújo, em homenagem ao juiz de menores que ajudou no desenvolvimento da colônia.
O tratamento de combate à hanseníase foi avançando e no ano de 1976, durante o governo do presidente Ernesto Geisel, houve uma reunião das autoridades, onde eles discutiram a possível desativação do leprosário. Na época a colônia abrigava cerca de dois mil pacientes em tratamento.
Durante a gestão do prefeito Jorge Teixeira de Oliveira, a colônia foi declarada aberta, permitindo o livre fluxo de pacientes até a cidade, assim como a instalação, na área, de familiares dos mesmos.
Uma área em torno do leprosário foi loteada e distribuída às famílias dos pacientes, numa tentativa de integrá-los à sociedade.
Margem do rio Negro
Devido possuir uma grande área territorial e florestal, com uma portentosa margem fluvial, e também por conta da considerável expansão da população local com o loteamento nas décadas seguintes, o bairro foi dividido em sete comunidades: Fé I, Fé II, Onze de Maio, Nova Esperança, Colônia Antônio Aleixo, Planalto e Buritizal.
Essas comunidades apresentam certo desenvolvimento urbano e econômico, inclusive com indústrias e espaços comunitários onde são ministrados cursos de artes e profissionalizantes.
A comunidade Onze de Maio, por exemplo, é a mais desenvolvida do bairro. Surgiu com a instalação dos parentes dos pacientes tratados no leprosário. As primeiras melhorias para comunidade foram trazidas pelo padre Ludovico Crimela, que foi o responsável pela perfuração de poços artesianos, que são geridos pela própria comunidade e garantem o abastecimento de água potável.
Escola e ônibus
O padre Ludovico foi o principal responsável também pela construção da primeira escola da comunidade Onze de Maio, batizada de Escola Municipal Nossa Senhora das Graças.
Durante mais de 10 anos a escola foi gerida pela comunidade. A prefeitura assumiu a administração do local somente no ano de 1993. As ruas de Onze de Maio, bem como da maioria da Colônia Antonio Aleixo receberam asfalto no ano de 1977, durante a gestão do prefeito Jorge Teixeira.
As linhas de ônibus já circulavam no bairro, mas o terminal da Onze de Maio foi instalado somente em 11 de maio de 1991. Antes, as linhas paravam na praça da Colônia Antonio Aleixo, dificultando o acesso dos moradores por conta da distância entre as duas comunidades.
Durante a gestão do prefeito Alfredo Nascimento, no ano 2000, foi construída uma creche, que cinco anos depois foi reformada e transformou-se na Escola Municipal Lili Benchimol.
Centro Social
Uma das entidades que proporcionou melhoria na qualidade de vida dos moradores da Colônia Antonio Aleixo é o Centro Social e Educacional do Lago do Aleixo (CSELA), fundado em 24 de abril de 1972.
Este centro desenvolve vários projetos de capacitação nas comunidades do bairro. Entre os projetos desenvolvidos pela instituição está o Ecae (Espaço Cidadão de Arte e Educação), com aulas para a comunidade de balé clássico, oficina de leitura e jogos, leitura pelo computador, escola de música, biblioteca, espaço teatral.
De acordo com Isaque Dantas de Souza, coordenador do centro, um importante local desse projeto é a biblioteca, que evita o deslocamento dos estudantes até o Centro da cidade para realizar pesquisas escolares.
Já o projeto Remo Vida Atividades Esportivas foi pensado e desenvolvido após um acidente envolvendo cinco crianças, que perderam a vida ao naufragarem quando tentavam atravessar o lago. Nenhuma dessas crianças sabia nadar e, desde então, o projeto ensina às crianças a prática de natação e também a de remo, além de manter uma escola de futebol e de capoeira.
No Onze de Maio também funciona o programa Água Para a Vida, que atende famílias de outras comunidades do bairro, assim como a Pastoral da Saúde, que ensina a confecção de remédios naturais.
Mão-de-obra
Os moradores dessas comunidades aprendem ainda técnicas de construção naval e de olaria, que beneficia grande número de pessoas e geram mão de obra para as pequenas indústrias e o comércio locais.
As sete comunidades que formam o bairro Colônia Antônio Aleixo têm atualmente cerca de 60 mil habitantes e ostentam relativo padrão de desenvolvimento humano, com funcionamento de olaria, padaria, marcenaria, cooperativa de costureira, produção de farinha e horta comunitária.
Essa comunidade possui escolas municipais, com quadra poliesportiva coberta, madeireira, o conjunto Amine Lindoso, que faz parte do Projeto Cidadão do governo do Estado para os hansenianos, a igreja católica de São João Batista, a 17ª Delegacia de Polícia e o cemitério Santo Alberto.
Existe também no local uma indústria de chumbo, que exporta o componente bélico para estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro.
A comunidade Nova Esperança é dotada de centro de saúde, feira municipal, centro municipal de educação infantil Tancredo Neves, escola municipal São Luiz, uma madeireira chamada Rex Madeiras Ltda, Igreja Católica São Francisco com centro paroquial.
Na comunidade Buritizal está localizado o hospital e maternidade Chapot Prevost, a escola estadual Manuel Antônio de Souza, enquanto a comunidade de Nossa Senhora de Fátima e do Planalto ainda estão se estruturando.
Fonte: Jornal do Commércio
Portal Amazônia - NR
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