O bairro da Cachoeirinha foi projetado em 1892, por iniciativa do governador Eduardo Ribeiro, visando aumentar a frota de bondes e reestruturar os serviços de saneamento, abrindo assim, novas áreas para expandir o perímetro urbano da cidade.
Nesta época, o bairro era ligado ao centro de Manaus por uma ponte de madeira, que os moradores denominavam de Itacoatiara. Hoje é a famosa Ponte de Ferro Benjamin Constant, construída pelos ingleses no século passado, uma das referências históricas da cidade de Manaus.
O encarregado de idealizar o projeto do bairro Cachoeirinha foi o engenheiro Antônio Joaquim de Oliveira Campos, que elaborou um plano piloto em uma área de 1.574.448 metros quadrados, onde foi edificado o bairro , antes conhecida como Cachoeirinha de Manaus.
Origem do nome
A origem do nome se deve a um caudaloso igarapé que, na vazante, formava uma forte corredeira e servia para o lazer dos poucos habitantes da área e para as lavadeiras realizarem seus ofícios. As águas do igarapé circundavam toda a extensão do novo bairro.
Linha do Bonde
Para viabilizar a chegada de linha de bonde até o bairro, o governador Eduardo Ribeiro decidiu construir a ponte metálica situada na entrada sul da Cachoeirinha, construída no período de 1892 a 1895, com todas as peças importadas da Inglaterra e sob a supervisão do engenheiro Frank Hirst Hebblethwait.
Neste período, Manaus crescia com uma arquitetura totalmente européia, a exemplo do Mercado Adolfo Lisboa, das casas construídas com fachadas e calçamentos e das primeiras praças, totalmente em estilo inglês.
A ponte da Cachoeirinha ainda recebeu outros nomes: Terceira Ponte, Ponte Metálica, Ponte da Cachoeirinha e Benjamin Constant, seu nome oficial.
É mais um monumento histórico do governo de Eduardo Ribeiro e, das pontes metálicas existentes em Manaus, a mais imponente.
Bosques formavam paisagem
Em 1901, de acordo com registro no Álbum do Amazonas, já no governo de Silvério Nery, a paisagem dominante no bairro era formada por bosques aprazíveis, com enormes árvores e várias clareiras.
A expansão do perímetro urbano da cidade transformou o bairro em passagem e ponto obrigatório dos serviços de bonde, fazendo com que o governo estadual arrendasse, em forma de contrato, estes serviços para o engenheiro Antônio de Lavandeyra, que devia ser responsável pela exploração durante o prazo de 70 anos.
No dia 9 de julho de 1918, o contrato sofreu alterações, sendo transferido os serviços de eletricidade que movimentava os bondes na capital para a Usina Central de Manaus, conhecida por The Manaos Tramways and Light Co. Ltda, com firma no bairro de Aparecida.
Urbanização
Dentro do processo de urbanização da Cachoeirinha, é construída a praça Benjamin Constant, onde atualmente funciona a empresa Manaus Energia, e em frente um grande barracão de madeira, para ser a primeira feira do bairro, que ficou conhecida como Mercadinho da Cachoeirinha, recebendo uma estrutura melhor na administração de Ephigênio Ferreira Salles.
No mesmo local funcionou também o grupo escolar Guerreiro Antony, em homenagem ao coronel Antonio Guerreiro Antony. Em 1927 foi instalado no local a Escola de Aprendizes Artífices do Amazonas com cursos de desenho, oficinas de alfaiataria, marcenaria, tipografia entre outros.
Em 1942 a Escola de Artífices se muda para novas instalações e passa a ser chamada de Liceu Industrial de Manaus, antiga Escola Técnica Federal do Amazonas e atualmente Cefet (Centro Federal de Ensino Tecnológico do Amazonas).
A Manaos Tramways, para melhor servir a população neste serviço de bondes, construiu uma oficina na Cachoeirinha, num prédio situado na praça Benjamin Constant, servindo de garagem para os bondes, laboratório, almoxarifado, além de manutenção dos carros da companhia.
O aumento da população na época forçou a ampliação do sistema elétrico da cidade e a criação de uma distribuidora de energia que servisse de apoio à usina central, fato concretizado em 1939, com a inauguração de uma sub-usina, na mesma praça.
Fim dos Bondes
O serviço dos bondes funcionou a contento até a década de 1950, quando a falta de energia elétrica comprometeu a qualidade e regularidade das linhas.
O processo de desativação se tornou inevitável e a Manaos Tramways foi extinta, uma vez que, a cidade sofria constantes colapsos energéticos. Os bondes, então, pararam de circular.
No ano de 1955, ocorreu uma tentativa frustrada de fazer os veículos circularem, mas a falta constante de energia tornou inevitável o desaparecimento dos bondes, cujas peças foram vendidas como ferro velho.
No início da década de 1960, Manaus iniciou novo processo de desenvolvimento, com as ruas recebendo camada de asfalto que cobriram grande parte dos trilhos, principalmente da circular Cachoeirinha.
Mercado Walter Rayol
Em 1965, o barracão de madeira do mercado estava deteriorado e o foi construído outro prédio. Nasceu um mercado maior chamado Walter Rayol, que atende hoje cerca de 214 feirantes nos mais variados tipos de comércio.
Em 1967, na gestão do então governador Danilo de Mattos Areosa iniciou-se o processo de recuperação da ponte Benjamin Constant, deteriorada devido ao desgaste natural. A recuperação ficou sob a responsabilidade da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), com sede no Rio de Janeiro, em parceria com o DER-AM (Departamento de Estradas e Rodagem do Amazonas).
O contrato foi publicado no Diário Oficial em 16 de setembro de 1967, onde a CSN ficaria com o encargo de desmontar, recuperar, substituir e montar as peças da estrutura. Na década de 1970, o bairro sofreu uma expansão demográfica, ocasionada pela chegada em Manaus de inúmeras famílias vindas do interior e de outros estados, em busca de melhores oportunidades oferecidas pelo incremento da economia local, devido a implantação da Zona Franca de Manaus.
Esses novos moradores foram ocupar as margens dos igarapés, chegando muitas vezes a construir suas casas no próprio leito dos rios. Em 1986 foi inaugurado o Terminal de Integração da Manicoré, atraindo todas as linhas de transporte coletiva que circulavam nas proximidades. O bairro da Cachoeirinha chegou a ter intensa vida noturna entre o final da década de 1980 a 1990, com diversas casas de shows que atraiam grande público de todas as partes de Manaus.
Forte área comercial
O bairro da Cachoeirinha possui uma área comercial que incluem setores da construção civil, elétrico, auto-peças, lojas de eletrodomésticos, supermercados, além das instituições de saúde como a Fundação Alfredo da Mata, Pronto Socorro de Atendimento, Pronto Socorro da Criança, Instituto Adriano Jorge, Hospital Militar, Universidade do Estado do Amazonas (Faculdade de Medicina). Na área cultural, Cachoeirinha abriga a Casa do Folclore, a quadra da escola de samba Andanças de Ciganos e várias de casas de shows e espetáculos. Em toda a extensão do bairro existe também nove postos de gasolina. No bairro estão grandes centros de saúde, como o Hospital Geral de Manaus, criado em 14 de fevereiro de 1953, pelo Decreto nº 32.271, com a denominação de Hospital Militar de Manaus, vinculado a 8ª Região Militar, hoje CMA (Comando Militar da Amazônia).
O Hospital Adriano Jorge, inaugurado como sanatório durante a campanha nacional contra a tuberculose, do Ministério da Saúde, em 30 de junho de 1953.
Em 1979 passa a ser denominado de Hospital Geral Adriano Jorge e atualmente foi todo reformado e atende a população em geral.
A Fundação Alfredo da Mata, órgão da Secretaria Estadual da Saúde, foi criada em 1955, com o nome de Dispensário Alfredo da Mata, para atender pacientes com hanseníase.
Logo no início, os pacientes de extrema gravidade e mutilados eram encaminhados a núcleos populacionais de doentes em Paricatuba, vila localizada na região do Rio Negro e Colônia Antonio Aleixo. No ano de 1982, de acordo com o Decreto-Lei nº 6.608, de 24 de novembro de 1982, o Dispensário Alfredo da Mata recebeu o nome de Centro de Dermatologia Tropical e Venerealogia Alfredo da Mata, em razão da ampliação de suas atribuições.
Localização
A Cachoeirinha está localizada na Zona Sul da Cidade, fazendo fronteira com os bairros da Praça 14, São Francisco, Raiz, Betânia, Igarapé do 40 e do Mestre Chico e o Centro.
Peculiaridade
Cachoeirinha guarda muitas histórias desde o primeiro momento de sua existência. Uma delas é a origem da capela do Pobre Diabo, situada na rua Borba (antiga praça Floriano Peixoto). Conta-se que em 1882, um cidadão português chamado Antonio José da Costa, dono de uma quitanda na rua da Instalação, no Centro da cidade, mandou fazer uma tabuleta que representava um homem coberto de trapos com os dizeres: "Ao pobre diabo". Ele logo foi apelidado pela população de "pobre diabo".
SAIBA MAIS SOBRE A IGREJA DO POBRE DIABO
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Em 1897, Antonio se casa com Cordolina Rosa de Viterbo e passam a residir próximo à praça Floriano Peixoto. Tempo depois, Antonio adoece deixando aflita sua mulher.
Devota de Santo Antonio, ela fez uma promessa pedindo a cura do marido e, se atendida, construiria uma capela em louvor ao santo. Restabelecida a saúde do marido, Cordolina pagou a promessa construindo a capela que até hoje é conhecida pela população como ?Capela do Pobre Diabo?, que comporta em média 20 pessoas. Não se sabe ao certo a data de sua inauguração.
A mais aproximada é o dia 28 de novembro de 1897. Na administração de Arthur Reis, a Assembléia Legislativa aprovou a Lei Estadual de nº 8, de 28 de junho de 1965, considerando a igreja de Santo Antonio como parte do monumento histórico da cidade e do bairro da Cachoeirinha. Ela se mantém constantemente fechada, sendo aberta eventualmente para turistas e nas comemorações do dia de Santo Antonio.
Santa padroeira
Em 1381, na região da Úmbria, num lugarejo chamado, naquela época, Rocca Porena, nasceu a pequena Margherita, recebendo a abreviação apenas de Rita. Educada na doutrina cristã, passou sua infância e sua juventude auxiliando os pais na lavoura. Certa ocasião Rita foi encontrada envolta de abelhas brancas que lhe pousavam na face, sem feri-la. Casou com Paulo Fernando, tiveram dois filhos.
O marido, homem muito rígido, maltratava sempre Rita. Devotada de paciência conseguiu converter o marido ao cristianismo. Ele morreu assassinado, vítima de lutas políticas na época. Percebendo que os filhos queriam vingar a morte, Rita preferiu vê-los mortos, pedindo a Deus que os levassem.
Ambos morreram vítimas de uma peste que dizimou toda a Europa. Viúva e sem filhos, Rita se dedicou ao socorro dos pobres e enfermos, ajudando-os com alimentos, visitas, conforto e trabalho.
Nesta época, procurou o convento das Irmãs Agostinianas de Santa Maria Madalena, em Cássia, e se tornou religiosa.
No dia 22 de maio de 1457, Rita de Cássia morreu. Tantos foram os milagres e graças recebidas por milhares de fiéis espalhados pelo mundo que é conhecida como Santa dos Impossíveis. Foi canonizada pelo Papa Leão XIII no dia de Pentecostes, em 24 de maio de 1900.
Festas populares
Na Cachoeirinha surgiu o bumbá Corre Campo, fundado em 1º de maio de 1942, na casa 1140, da rua Ajuricaba, por Astrogildo Santos, o Tó, Wandiguamiro Santos, o Miro, Dionísio Gomes, o Tucuxi, Mauro Souza Cruz, o Pelica, e Antônio Altino Silva, o Ceará.
Os ensaios aconteciam no próprio curral e nas casas onde era solicitado. A agremiação escola de samba Andanças de Ciganos é outro atrativo que marca a história do bairro.
Surgiu em 1974, quando um grupo de moradores, na rua Parintins organizou um bloco denominado ?Bloco do Macacão?, nome dado em virtude da popularidade do vestuário e da chegada, alguns anos antes, da Zona Franca de Manaus.
Em 1975, foi criado o bloco Andanças de Cigano, com o objetivo de substituir o anterior. O nome do novo bloco se deu pelas suas indumentárias terem as características das roupas de ciganos, com turbantes na cabeça, calças justas e saias rodadas.
A escola já foi pentacampeã do Carnaval amazonense. Em 1984 foi elevada a categoria de Grêmio Recreativo Escola de Samba Andanças de Cigano.
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Outra manifestação cultural do bairro são os grupos de ciranda, com a participação de jovens da comunidade e da vizinhança.
Fonte: PORTAL AMAZÔNIA
Muito bom. Parabéns !!!
ResponderExcluirQuero saber detalhes do igarapé da cachoeirinha
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