A comunidade da Chapada tem suas origens devido a uma grande seca que ocorreu no Nordeste, mais precisamente no Ceará, no ano de 1958. Dezenas de famílias morreram assoladas pela fome e sede e muitas outras decidiram tentar um futuro melhor, embarcando para Manaus com o apoio do governo do Amazonas, na administração de Plínio Ramos Coelho.
Os nordestinos vieram com a promessa de trabalharem na retirada do látex e se instalaram inicialmente numa hospedaria, construída pelo governo nos arredores da antiga residência do ex-governador Eduardo Gonçalves Ribeiro.
Os moradores batizaram o local de Hospedaria Pensador, em homenagem a Eduardo Ribeiro, conhecido também pela sua notável inteligência.
A hospedaria era na maior parte do tempo ocupada pelas mulheres e crianças, pois os homens em idade de trabalhar deslocavam-se para os seringais distantes, no interior do Estado, e lá passavam até meses envolvidos na extração do látex.
A região da Chapada não tinha estrutura na época e sua única referência continuava sendo a residência de Eduardo Ribeiro. Com o término do trabalho nos seringais, muitos nordestinos ficaram sem uma atividade remunerada para sobreviver.
A solução encontrada por eles foi a confecção de materiais artesanais, como cestas, abanos e outros utensílios feitos a partir de palha de coqueiro. Os moradores vendiam esses produtos no mercado público de Manaus, garantindo uma renda mínima para seu sustento.
Usina Londrina
Durante o início da década de 60, a comunidade recebeu o primeiro impulso de desenvolvimento com a instalação da Usina Londrina, processadora de castanhas, por volta de 1960.
A indústria foi responsável pelos primeiros empregos na comunidade e contribuiu para o desenvolvimento da Chapada. Seus proprietários criaram também a primeira creche e escola do bairro, chamada Escola Londrina, graças ao empenho decisivo da moradora Francisca Pergentina, responsável por cuidar e educar os filhos dos moradores que estivessem trabalhando no processamento da castanha.
Escola e Infraestrutura
Por volta de 1964 a Secretaria Municipal de Educação assume o controle de uma casa, localizada na rua Eduardo Ribeiro, que pertencia à família da moradora Amélia Frota de Menezes, e instala no local a primeira escola pública da Chapada, a Menino Jesus de Praga, com ensino fundamental de 1ª a 8ª séries.
No final da década de 60 a infra-estrutura ainda era escassa no bairro da Chapada. Poucas famílias tinham energia elétrica em casa, conseguida com recursos próprios e instalações feitas a partir da rua Darcy Vargas.
A água potável que abastecia os moradores era proveniente de um poço artesiano, perfurado numa região da antiga rua João Alfredo, onde hoje funciona a UEA (Universidade do Estado do Amazonas). Na mesma rua funcionava também, até por volta de 1968, uma estação de comunicação do Exército, no mesmo prédio onde hoje funciona o jornal Diário do Amazonas.
O saneamento na Chapada começou por volta do ano de 1975, impulsionado com o alargamento e pavimentação da rua João Alfredo, que passou a se chamar avenida Djalma Batista, em grande parte graças ao empenho do então vereador e radialista José Maria Monteiro.
A partir daí foram instaladas as primeiras torneiras públicas do bairro, localizadas nas esquinas das ruas Darcy Vargas com a Djalma Batista, conhecida entre os moradores como ?rua Ceará?.
Curiosidades
Outro ponto utilizado com freqüência pelos moradores boêmios da Chapada era o bordel Casa Verônica, localizado próximo à ponte dos Bilhares.
Uma curiosidade do bairro da Chapada é que antes da chagada dos retirantes nordestinos vindos do Ceará, a região era utilizada como cemitério indígena.
Do início da década de 80 até os dias de hoje, o bairro da Chapada teve desenvolvimento nas avenidas que cercam seu perímetro, a Djalma Batista e Constantino Nery.
Entre as avenidas
A Chapada conta atualmente com cerca de 50 mil habitantes e compreende desde a rua da Indústria até o condomínio Cidade Jardim, fazendo fronteira com os bairros de São Geraldo e Flores.
Seu perímetro urbano fica entre as avenidas Constantino Nery e Djalma Batista, estrangulada justamente entre as duas grandes avenidas, que às vezes prejudicam o seu desenvolvimento.
O bairro fica sufocado em seu desenvolvimento, competindo com a construção de grandes empresas e condomínios voltados para classe média e alta.
A presença nordestina é percebida no nome e nos proprietários que fazem a comunidade chapadense. A antiga rua João Alfredo, atual avenida Djalma Batista, é a artéria principal do bairro, chamada simplesmente de Ceará pelos moradores, em homenagem à forte presença dos migrantes na localidade.
O núcleo popular da Chapada é uma ilha onde é possível observar ruas sem saneamento básico adequado, vielas e becos que mais parecem labirintos. Na Chapada existe a rua Eduardo Ribeiro, uma homenagem também ao governador do Amazonas (1892- 1896). O curioso é que esta rua dá nome a mais quatro becos, causando transtorno aos próprios moradores, quando se trata de fazer a entrega de correspondência.
Igreja
A igreja católica Menino Jesus de Praga foi inaugurada em 29 de Março de 1987, por Dom Clovis Frainer, e tinha à frente o Padre Caetano Caan. A origem da igreja da Chapada remota à primeira metade da década de 80, quando os moradores se reuniram na casa de Francisco Xavier para a celebração dos primeiros cultos. O culto era realizado no antigo Clube de Mães, sob a organização da moradora Francisca Pergentina.
A escolha do Menino Jesus como padroeiro foi motivada também pela devoção de Pergentina.
A festa é comemorada no dia 25 de dezembro e reúne toda a comunidade cristã local. Atualmente, a paróquia Menino Jesus de Praga conta com um centro paroquial, grupos de liturgia, responsáveis pelas comunidades da paróquia de São João Batista, chamada de ?comunidade da Mangueira?, e a de Nossa Senhora do Carmo. Esta última recebeu esse nome devido à grande presença de parintinenses devotos da santa no local.
As Pastorais têm desenvolvido grandes trabalhos sociais na comunidade.
A paróquia, em conjunto com a Pastoral da Criança, realiza cursos de capacitação de moradores e geração de renda nas áreas de pintura, bordado, ponto de cruz, ornamentação de garrafas e artesanato em geral e representam tentativas para a diminuição da carência dos serviços sociais por parte do Estado. Cerca de 20 mães participam atualmente das atividades
Fonte: Portal Amazônia
Muito lindo a história do bairro o de moro,tenho paixão pelo bairro da chapada.
ResponderExcluirGostaria de ver imagens da antiga Escola Londrina.
ResponderExcluirNão foi citada a Delegacia, Hospício nem a Fábrica do Guaraná Andrade.
ResponderExcluirMinha Vó, conhecida como Mãe Maria foi uma das primeiras moradoras da chapada, as casas eram cobertas de palha, lembro que pequena, me atrevia na ajuda desse trabalho, palhas novas era ostentar,esqueceram de colocar nesse documentário a Donanista Maria Caboca, uma mulher de história, lembro que ela nunca calçou um sapato, até os dias finais de sua vida,fazia o melhor tacaca do lugar
ResponderExcluirA Chapada tem história linda
Escola Darcy Vargas antiga L.b.a os igarapé que passavam dentro do bairro, os parquinho do seu dias têm muitas coisas
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