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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

MESBLA

MESBLA



A primeira loja de departamentos pop chegou em Manaus em 1985.

A expectativa era muita. 

Desde 1983 aquele prédio começava a ser reformado. O boato é que seria a Mesbla.

O máximo que tínhamos aqui era Bemol, Pernambucanas e Lobras. Todas com fama de “povão”.

A Mesbla tinha fama de chique, pop. Grande.

Cinco andares. As escadas eram quase aéreas, sem coluna alguma para as sustentarem.

Primeiro andar – Maquiagens, Bijouterias e uma sessão de discos. Com algo que até então não havia em Manaus: Toca-discos para ouvirmos os bolachões antes de comprarmos. Isso pode parecer meio óbvio hoje, mas não o era na época: se quiséssemos ouvir algum disco em qualquer loja (disco de ouro, discolândia, Bemol…) precisaríamos pedir ao vendedor para que o tocasse no som da loja; é, toda a loja ouviria. A Mesbla trouxe o conceito de toca-discos individuais com fones de ouvido. Simples, mas inovador.

Segundo andar – Utensílios de Cozinha.

Terceiro andar – Roupas.

Quarto andar -  Cama, mesa e banho .

Quinto andar – Camping, caça, pesca, eletrônicos, instrumentos musicais e armas. Sim, naquela época qualquer cidadão podia ter uma.

Na época não havia aquele calçadão, e ao lado da Mesbla havia um estacionamento com Estar.

Bem, a loja era realmente muito legal.

Não havia shoppings como nós o conhecemos – havia um edifício chamado “Manaus Shopping Center”, o Cecomiz, que sequer havia loja ainda.

Era a primeira loja padrão shopping e era o mais próximo de um shopping que tínhamos. O sonho de todo e qualquer Manauense era visitar a Mesbla.

Depois surgiu a Americanas, fechou a Lobrás.

A Mesbla chegou ao seu auge lá por 87 a 89. A frente dela então começou a encher de camelôs, colado à vitrina grudavam mesas vendendo cosméticos clandestinos: começou a ser uma aventura entrar e sair da Mesbla.

Abriu então a Mesbla Móveis e a Mesbla Náutica.



Nos anos 90 o logotipo mudou.

O fim foi rápido: A Mesbla quebrou, no país inteiro.

Anos atrás tentaram erguer a Mesbla, mas como loja virtual, mas a tentativa foi frustrada. Uma pena.

Por Marco Evangelista em 29 de abril de 2012

“Disk Amizade” - O ‘chat’ dos anos 80

“Disk Amizade” - O ‘chat’ dos anos 80



Se vc hoje curte o "Whatsapp", "Mensseger", "Facebook", fique sabendo que antes da moda do Computador e Smartphones, os jovens em Manaus curtiam o "Disk-Amizade".

Era um serviço, surgido em 1984, onde discávamos "145" e éramos direcionados para uma ligação telefônica onde várias pessoas ficavam conversando, todas ouviam os diálogos de todos. Alguns usavam apelidos: CASANOVA, PIRULITO, GATA DO ALVORADA, etc.

Era uma forma de “encontro às escuras”, disfarçada de sala de bate papo. Tentava-se logo sair dali com a nova caça. O problema é que as mulheres não davam o telefone, fornecíamos o nosso, se tivéssemos sorte a mulher nova ligava, e o papo fluía. Se não, partíamos para outra, discando 145 de novo.

Toda a descrição era verbal. Já naquela época aprendemos na prática que voz bonita não necessariamente significa mulher bonita, e vice versa.

O encontro ao vivo, portanto, não era pra saber se a mulher era igual à foto. Era pra saber se ela bonita ou feia mesmo.



Estes encontros ou eram marcados pelos próprios interessados, ou havia encontros programados pela operadora de telefonia, no caso, era a TELAMAZON.

Quando eram as duplas que marcavam encontro, um dizia ao outro com que roupa ia (Ele: Eu estarei de calça jeans e blusa azul, Ela: Eu vou de mini-saia e camisa vermelha). 

O ruim, é que as veses, desconfiados da pessoa, um dos dois ia com roupa diferente, e só depois, se achar que valia a pena, é que o de roupa diferente a descrita chegava e se identificava. 

Com o passar do tempo, ficou uma droga, pois ninguém ia com a roupa que dizia.

Quando os encontros eram programados pela operadora, havia uma pequena festa, na praça escolhida para o encontro. Ali, os casais se encontravam ao vivo e se formavam, ou não dava certo e ali mesmo procuravam outro par.

No "145", De cada 10 ligações que se fazia, conseguia retorno em cinco, dessas, só três o papo ia em frente, só duas geravam encontros ao vivo, e só uma era apreciável. Ou seja, a taxa de custo/benefício era 10×1.

Com a chegada dos BBSs, mIrc, ICQ e MSN o 145 perdeu a utilidade; e hoje o “Disk Amizade” é só uma lembrança em algum blog, na seção de antiguidades.

PROGRAMAÇÃO DOS CLUBES DE MANAUS DA DÉCADA DE SESSENTA

PROGRAMAÇÃO DOS CLUBES DE MANAUS DA DÉCADA DE SESSENTA

Ao ler um jornal de Agosto de 1964, na Biblioteca Pública do Amazonas, fiquei surpreso ao ver onze comerciais de eventos sociais dos clubes daquela época: Atlético Barés Clube, Cheik Clube, Princesa Isabel Esporte Clube, Muruama Clube de Campo, The Mint Club, Sam Clube, River Club, Luso Sporting Club, União Esportiva Portuguesa, Grêmio Guanabara e Atlético Rio Negro Clube.

A grande maioria fazia um evento aos domingos, denominado “Manhã de Sol”, com início a partir das 08 da manhã, terminando próximo ao meio-dia.


Veja abaixo, alguns dos eventos ocorridos em Manaus, na década de 60:


1.   ABC – ATLETICO BARÉS CLUBE

A Diretoria do Atlético Barés Clube - tem a grata satisfação de convidar seus associados e digníssimas famílias, para com suas presenças abrilhantarem esta grandiosa noitada dançante.
Inicio – 21 horas
Traje -Esporte
Ingressos – Recibo n. 8
Nota – Não haverá reservas de mesa

2.   CHEIK CLUBE

SHOW ALTEMAR DUTRA – 22 DE AGOSTO - SABADO
A Diretoria do Cheik Club - tem a grata satisfação de convidar seus associados e digníssimas famílias, para a festa de Aniversário da Juventude Cheikista. Apresentaremos o famoso cantor do momento “ALTEMAR DUTRA”, a revelação da Rádio TV Brasil, o sucesso das noites cariocas.
Inicio – 22 horas
Traje – Passeio Completo
Ingressos – Recibo n. 8
Orquestra – Conjunto Baré
Reserva de Mesas – Todas as noites na Secretária do Clube, com os Diretores Sebastião Hadad e João Ricardo

3.   PRINCESA ISABEL ESPORTE CLUBE

O LIDER DAS REALIZAÇÕES SOCIAIS
Direção Social: Jorge Santos e Clodoaldo Guerra
A Direção da PIEC dando prosseguimento as suas sensacionais realizações sociais, orgulha-se em com vidar seus associados e simpatizantes para com suas presenças abrilhantarem as Boites e Manhas de Sol, programadas para os dias 15 e 16 do corrente, assim organizadas:
Dia 15 – Boite Show “A Noite é CBS”, com concursos e distribuição de discos da etiqueta CBS, bem como seus últimos lançamentos musicais pelo seu divulgador em Manaus Edson Paiva;
Dia 16 – A partir das 9:30 a melhor Manhã de Sol da cidade, com brincadeiras de salão e sensacionais Show Surpresa, com a participação dos maiores cartazes do Rádio Amazonense. As 20 horas Boite Show: A Dança do Momento, com a participação da rainha do  Festival Folclórico do Amazonas, na mais perfeita imitação da Rita Pavone e Roberto Carlos. Todos os shows serão apresentados pelos Diretores Sociais Jorge Santos e Clodoaldo Guerra.
Nota – As reservas de mesas poderão ser feitas na sede do clube, todos os dias na Rádio Rio Mar.

4.   MURUAMA CLUBE DE CAMPO

NOTA
O Muruama Clube de Campo (MCC) comunica que pelo sorteio realizado no dia 01.08.1964 através da Loteria Federal do Brasil, de uma Geladeira Brastemp, modelo Imperador Luxo – foi contemplado o Sr. Lauro Granjeiro, residente a Rua Monsenhor Coutinho no. 113, portador do bilhete no. 406.
Aproveitamos, ainda para agradecer, indistintamente, a todos que colaboraram para o bom êxito desta Campanha.

5.   THE MINT CLUB

Convidamos a V.S. e digníssima família a abrilhantarem o Baile Show, a se realizar no dia 15 de agosto de 1964, na sede da AABB, com a apresentação da dança oriental e coquetel de Bacardi Pinto & Cia.
Traje – Esporte decente

6.   SAM CLUB

A direção do SAN CLUB tem a honra de convidaros seus associados e digníssimas famílias para abrilhantarem a sua majestosa “Manhã Dançante” domingo 16.08.1964 no magnifico salão do SESC-SENAC, onde será apresentado um show surpresa.
Início – 8:00 horas

7.   AGUARDEM NOVO SUCESSO
RIVER CLUBE
NOITE DO HAWAI

8.   LUSO SPORTING CLUB

A Diretoria do Luso Sporting Club convida os senhores Sócios e digníssimas famílias e Simpatizantes, para prestigiarem com suas presenças esta realização da Juventude Lusitana, com início as 20:30 horas,
Ser apresentado um bonito Show denominado “Esperando o Telefone”, sob o comando de Alcinida.
Traje – Esporte Elegante
Sem reserva
DOMINGO – 16 DE AGOSTO – MANHÃ DE SOL
Com animada brincadeira de salão
Início – 9:30 horas

9.   UNIÃO ESPORTIVA PORTUGUESA

PROGRAMA DE ANIVERSÁRIO
Dia 13 – 20 horas – Jogo de Futebol de Salão UNIÃO X BC1MNG – Taça Waldemar Vieira
Dia 14 – Boite em homenagem ao RIAMA CLUBE – Traje Esporte
Dia 15 – 8 horas – Noite Brasileira- Shows e Bongos – Traje Esporte
Dia 16 – 20:30 horas – Boite em homenagem ao Luso S. Club  - Traje Esporte
Dia 17 – 20 horas – Torneio de Tênis de Mesa – Patrono Livraria Escolar Ltda.
Dia 18 – 0 hora – Salva de foguetes
             6 horas – Salva de foguetes
           12 horas – Salva de foguetes
           18 horas – Salva de foguetes
20:30hrs – Sessão Solene – Posse da nova Diretoria e Saudação aos presentes pelo Orador Oficial André Jobim,
Coquetel de Aniversário as Autoridades, Imprensa Falada e Escrita e Convidados – Traje – Passeio Completo.
Dia 19 – 20 hr. – Torneio de Dominó – Patrono Sr. Miguel Martinho
Dia 20 – 20:30hr – Reunião Social
Dia 21 – 20 horas – Futebol de Salão – União X Luso – Patrono: Francisco Marques Filho
Dia 22 – NOITE DE ANIVERSÁRIO – Desfile de Modas – Patrono Orquídea Modas Ltda.
Dia 23 –Convescote Unionista – Jogo de Futebol União X Muruama – Patrono: Guaraná Ajuricaba;

10. GRÊMIO GUANABARA

Hoje a noite na Sede Campestre do Grêmio Guanabara, o senhor Diretor do mês, o Sr. Clemente Simões, organizou uma programação de convivência social da família guanabarina, além do Campeonato de Dominó.

11. ATLETICO RIO NEGRO CLUBE

O Diretor do mês do Atlético Rio Negro Clube, o Sr. Armando Flores, anuncia para a noite de amanhã, domingo, mais uma boate com atrações no Parque Aquático da Praça da Saudade – está convidada para mais essa iniciativa rionegrina, a sociedade de Manaus.

Muitos destes clubes, alguns por má adminstração e/ou descaso da sociedade, e até de seus próprios socios, acabaram por completo, outros foram descaracterizados, sendo uma afronta à memória de nossa cidade.

História concisa do carnaval amazonense

História concisa do carnaval amazonense


Em 1890, em pleno apogeu da exploração da goma elástica, de cada 10 moradores de Manaus, 8 eram analfabetos. 

Passadas duas décadas, o fosso entre ricos e pobres aumentou ainda mais a constituição de um espaço privilegiado para as reformas sanitárias e para a segregação da cidade eleita. 

As ruas e logradouros centrais ganharam outros contornos, com novo embelezamento e com uma forte política de higienização do espaço público central. 

A idéia dos intendentes municipais era mesmo a de disciplinar o transeunte, o vendedor ambulante, o mendigo, o trabalhador comum. 

No livro “A ilusão do fausto”, a historiadora Edinea Mascarenhas Dias, esposa do querido advogado H. Dias e cunhada do fotógrafo Carlos Dias, mostra o porquê de tudo isso não ter dado certo. 

Os inúmeros projetos de modernização só foram completamente exeqüíveis na cabeça dos governantes de então, embebedados que estavam com as façanhas de Haussmann na capital francesa. 

Se Manaus preservou alguns desses símbolos do fausto, como o seu famoso teatro, seu porto flutuante, o elegante prédio da alfândega, o palácio da justiça e tantos outros, também possibilitou que ficasse oculta, nesses mesmos relatórios oficiais, uma outra cidade que recebia as imensas levas de imigrantes que vinham de toda a parte em busca das tais riquezas do látex. 

Edinea visitou essa cidade oculta, recuperou seus números, revolveu seus insucessos, e nos apresentou suas estratégias de lutas pela sobrevivência. 

Se há uma crítica para ser feita a esse livro é que o mesmo ainda se recente das histórias miúdas dessa população anônima, rejeitada nas estatísticas oficiais. 

Mas, apesar disto, a autora soube muito bem criticar, sem os habituais excessos anacrônicos, os percursos e as estratégias políticas dos administradores da capital do Amazonas, tomando, um a um, seus nomes e seus feitos.


Os bailes de carnaval da elite eram discutidos, planejados e decididos no famoso Café dos Terríveis, frequentado pelos intelectuais, boêmios e bem nascidos da época.


O carnaval de 1915 foi o mais extravagante que Manaus conheceu. A cidade inteira saiu às ruas, dançou nos clubes e cafés. 

Havia sete meses que a Europa estava em guerra, mas isso pouco importava. 

O povo cantava o “Maneiro-pau”, a “Cabocla de Caxangá” e a polca “Perepepê”, canções da época. 

A alegria chegou ao máximo quando desfilaram os Paladinos da Galhofa, em onze carros alegóricos. 

Num deles ia Áurea Ramos, considerada uma das moças mais bonitas da cidade. 

À noite, no Ideal Clube, houve baile. E Áurea subiu ao palco. Mas um tiro acidental de um cowboy fantasiado a atinge e ela cai. 

Um cortejo de mascarados, palhaços, pastoras, negas malucas e piratas, leva-a à Santa Casa de Misericórdia. Mas Áurea morre. 

Nos meses seguintes, os poetas de Manaus lhe prodigalizam sonetos fúnebres apaixonados. 

O ano de 1915 começava melancólico. O preço da borracha caía brutalmente, sob a concorrência da que saía dos seringais racionais plantados pelos ingleses na Malásia, proveniente de sementes brasileiras contrabandeadas.

Em 1916 não houve carnaval de rua em Manaus, as mulheres francesas foram embora, os cafés fecharam as portas, o mato começou a devolver à efêmera capital da borracha a sua vida de cidade sem muita expressão, vegetando no verde.


Foi nesse contexto que começaram a surgir os blocos de sujos, ranchos e cordões populares que mais tarde deram origem às escolas de samba que conhecemos. 

Até os anos 40, a brincadeira era feita de forma pouco organizada com os grupos desfilando nas ruas da própria comunidade. 

Entre os blocos pioneiros estavam o Cordão das Lavadeiras, Os Linguarudos, Caboclo Suraras, Cordão das Jardineiras, Cabocos Suburucus e Cordão do Zé Pretinho.

Na metade da Segunda Guerra Mundial, quando os japoneses tomaram os seringais da Malásia, pareceu que o antigo esplendor amazônico voltaria. 

O governo Getúlio Vargas organiza um Exército da Borracha para suprir os aliados e novas ondas de nordestinos são levadas para a Amazônia. 

Porém é uma riqueza mais fugaz ainda. Com o fim da guerra, a capital amazonense volta à mesma velha pasmaceira de sempre. 



Em 1946, surge a primeira escola de samba da cidade, denominada Escola de Samba Mixta da Praça 14 de Janeiro, organizada nos moldes das escolas de sambas cariocas. 

De 1947, quando desfilou na avenida Eduardo Ribeiro pela primeira vez, até 1962, quando encerrou suas atividades, a agremiação conquistou 15 carnavais seguidos. 

Outros bairros seguiram o exemplo da Praça 14 e também criaram suas próprias escolas de samba: Unidos de São Jorge, que desfilava sob o comando da mãe de santo Joana Galante, Escola de Samba do Boulevard Amazonas, Escola de Samba da Cachoeirinha, Escola de Samba da Matinha, que deu origem ao atual GRES Presidente Vargas, Unidos da Raiz e muitas outras. 

Os desfiles das escolas de samba desse período traziam uma característica herdada dos antigos cordões e que continua sendo usada hoje em dia apenas no carnaval baiano: o uso de cordas para separar o folião com abadá de trio elétrico do folião “pipoca”, que pula longe da frigideira. 

As escolas de samba se concentravam nas imediações do Instituto de Educação do Amazonas (IEA), com todos seus brincantes dentro de um quadrilátero cercado por uma corda. 

A idéia era de que quem estava dentro do cercado tinha mais segurança para brincar. 

Naquela época não existiam carros alegóricos.

O estilo “cordão” foi aposentado depois que duas emissoras de rádio, Difusora e Baré, começaram a transmitir o desfile ao vivo. 

O palanque das autoridades, dos radialistas e dos comentaristas foi montado no meio da avenida de forma que os brincantes tinham que se dividir durante o desfile, passar pelos dois lados do palanque e se reagrupar depois. 

A idéia de jerico, claro, acabou inviabilizando o uso da corda. 

O fim da Escola Mixta e, dois anos depois, o início da ditadura militar resultou em um período negro para o carnaval de rua amazonense. 

Entre 1962 e 1970, os desfiles continuaram acontecendo na avenida Eduardo Ribeiro, mas de uma forma bem tímida, tanto que não houve disputas oficiais do carnaval nesse período.


Em 1970, o coronel Jorge Teixeira chegou a Manaus para assumir o comando do Centro de Instruções de Guerra na Selva (Cigs) e naquele mesmo ano fundou a escola de samba Unidos da Selva, formada por militares de diversas unidades das Forças Armadas e pagodeiros civis, a maioria deles vinda do sul do país para trabalhar no nascente Distrito Industrial. 

Introduzindo os carros alegóricos, os tripés e os destaques ricamente ornamentados, a Unidos da Selva desfilou de 1971 a 1976, tendo conquistado cinco títulos (1971 a 1974 e 1976). 

A Unidos de São Francisco ganhou o título de 1975.

A Unidos da Selva deixou de desfilar porque seu patrono, o coronel Jorge Teixeira (aka “Teixeirão”), foi nomeado prefeito de Manaus, em abril de 1975, pelo governador Henock Reis, e permaneceria no cargo até março de 1979. 

Como a prefeitura era a patrocinadora oficial do carnaval de Manaus, os militares preferiram encerrar as atividades da escola após o carnaval de 1976, a fim de não constranger o prefeito por um suposto favorecimento caso a Unidos da Selva continuasse na sua vertiginosa carreira de escola de samba “papa-títulos”.


Em 1975, surgiu o GRES Vitória Régia, na Praça 14 de Janeiro, resgatando a tradição iniciada com a Escola de Samba Mixta, tendo se sagrada campeã amazonense de carnaval de 1977 a 1980. 

Em 1977, o bloco Em Cima da Hora, de Educandos, resolveu se transformar em escola de samba e já se sagrou vice-campeã em seu primeiro desfile, desbancando escolas de samba tradicionais como Unidos de São Jorge e Unidos da Compensa. 

Ela ganharia seu primeiro título em 1979, empatada em primeiro lugar com a Vitória Régia.



Nascido de uma dissidência do GRES Em Cima da Hora, o GRES Mocidade Independente de Aparecida foi fundada em 1980, no bairro de Aparecida, e se transformou no grande fenômeno de carnaval de rua amazonense: em 30 disputas, obteve 18 títulos, 5 vice-campeonatos e 3 terceiros lugares, ou seja, esteve entre as três melhores escolas de samba da cidade em 80% das vezes. 

Um feito realmente extraordinário!


Para relembrar o carnaval de rua, antes do advento das escolas de samba e do Sambódromo, transcrevo um texto do enciclopedista Carlos Zamith, pai do queridíssimo juiz Carlos Zamith Jr. e responsável pelo belísimo site “Baú Velho”, intitulado “Carnaval do Mocidade”:

Aqui em Manaus, quando os desfiles eram na Avenida Eduardo Ribeiro, tenho a impressão que as festas eram bem melhor para o povo brincar e assistir. 

Tudo começava bem cedo, às quatro da tarde. Os carros da época, de capotas arriadas, com belas jovens ostentando bonitas fantasias, algumas com máscaras, a descer e subir a Eduardo Ribeiro, atirando serpentinas e confetes. 

Aqui e ali um carro alegórico, sempre esperado com muita curiosidade pelos assistentes que se colocavam nas calçadas debaixo do sombreado dos benjaminzeiros (isentos da praga dos “lacerdinhas”), sentados em cadeiras que traziam de suas casas.

Carros alegóricos da Fábrica de Cerveja Miranda Corrêa, destacando a tão saborosa XPTO; do J.G. Araújo, jogando para o povo os famosos saltos de borracha pura, Coroa; da Fábrica Andrade distribuindo garrafas do seu apreciado Guaraná Andrade; do Luso Sporting Clube, sempre preocupado em superar o da União Esportiva Portuguesa; do Ideal Clube numa sadia rivalidade com o do Atlético Rio Negro Clube, sempre garbosa, com bonitas garotas. Por fim, o do Nacional Futebol Clube, que arrancava muitos aplausos do povão, com ornamentação pobre porem esbanjando alegria em cima de carrocerias de velhos caminhões fumacentos. 

Era um carnaval, queira ou não, muito mais alegre, muito mais divertido, muito mais festa do povo.


Nos carnavais dessa época, despontava com grande animação na avenida, o esperado grupo “Mocidade”, que anualmente apresentava uma novidade no último dia da festa, sempre guardada no mais absoluto sigilo, o tema a ser exibido. 

Tenho lembrança de seus desorganizados carros, sempre confeccionados na Serraria do saudoso Jackson Cabral, lá em Educandos, com a assistência de uma turma saboreando a gostosa batida de taperebá, enquanto o Luís Cabral preparava os brincantes, só coroas, quase todos antigos desportistas do futebol, basquetebol, voleibol ou mesmo dirigentes.

O grupo Mocidade durou exatamente 25 anos. Saiu pela primeira vez em 1953, com o tema “Branca de Neve e os Sete Anões”, caracterizado pelo Dr. Luís (Lulu) Cabral.

Todo o material utilizado para a confecção dos anões, procedia do Rio de Janeiro e, na preparação do carro a turma estava lá com a batida de taperebá, consumida num abrir e fechar de olhos.


Durante os 25 anos de desfile, o Mocidade apresentou os mais variados temas, tais como Cangaceiro, Ciganos, Lavadeiras, Donas de Pensão, Babuínos, Só Deve Quem Compra, uma sátira ao antigo quadro do programa de televisão de Silvio Santos “Só Compra Quem Tem”, e Maternidade que alcançou muito sucesso, pois além de seus componentes representarem com uniformes de enfermeiras e médicos, o carro era dotado de berços, com fraldas e as respectivas mamadeiras contendo um líquido amarelado e espumoso, consumido pelos bebês em poucos segundos. 

O saudoso Mário Bacalhau, velho morador de São Raimundo, fiscal da Prefeitura e um dos participantes efetivo do grupo, servia de babá e responsável, portanto, em abastecer as mamadeiras, o que lhe causou estafante trabalho durante as duas horas de desfile.

O último desfile do Mocidade ocorreu em 1978 e os “jovens foliões” fizeram questão de repetir o tema do primeiro, o de 1953, com “Branca de Neve e os Sete Anões”. 

Foi a despedida do grupo e por isso cada um de seus participantes recebeu das mãos do então Prefeito Jorge Teixeira, medalha de ouro em reconhecimento a alegria que deram ao nosso carnaval ao longo de 25 anos. 

Foram contemplados: Flávio Augusto, Raimundo Bertuceli, Mário Orofino, Andréa Limongi, Flaviano Limongi, José Maria Bichara, Theomário Pinto, Mário Bacalhau Bittencourt, Nelson (Cachimbinho) Bentes, Almério Cabral dos Anjos, Alfredo Tetenge, Miguel Jorge, Pedro Bichara e José Barros.


Até meados dos anos 70, entretanto, o mais divertido e animado carnaval de Manaus não estava nas ruas, mas no circuito dos bailes de clubes, obedecendo ao seguinte rodízio: no sábado gordo, baile adulto a partir das 23h. 

No domingo, carnaval infantil a partir das 16h. 

Na segunda, folga geral – com exceção do Rio Negro (“Baile de Gala”) e do Olímpico Clube (“Despedida da Kamélia”). 

Na terça-feira, baile adulto a partir das 23h. 

No período pré-carnavalesco (incluindo a chamada “semana magra”), os bailes ocorriam nas sextas, sábados e domingos. 

Os desfiles dos blocos de sujo e foliões isolados se davam no domingo gordo e na segunda-feira, a partir das 14h, sempre na avenida Eduardo Ribeiro. As escolas de samba desfilavam na terça. 

A concentração dos blocos ocorria na Praça da Saudade. 

O percurso se iniciava na Praça do Congresso, descia a avenida, contornava o Relógio Municipal, subia a avenida e fazia a dispersão na avenida Sete de Setembro, em direção à Getúlio Vargas.

Os bailes carnavalescos mais disputados localizavam-se no centro da cidade e eram considerados os “carnavais da elite”. 

As festas temáticas eram acessíveis somente aos sócios, que entravam de graça, e a quem pudesse pagar os preços exorbitantes cobrados pelas mesas ou pelos ingressos. 

A diversão dos jovens de origem operária era “furar” o esquema de segurança desses clubes, para se divertir de graça junto com os “bacanas”. 

Os bailes mais famosos ocorriam no Ideal Clube (“Baile de Máscaras”), Rio Negro (“Baile de Gala”), Bancrévea (“Vamos Pegar o Sol com as Mãos!”), Cheik (“Saara 40 Graus”), Olímpico (“Despedida da Kamélia”), Luso Sporting (“Viva o Zé-Pereira!”), União Esportiva Portuguesa (“Baile do Pierrô”) e Nacional (“Baile Azul e Branco”). 

No final da Quaresma, o Cheik ainda promovia um baile carnavalesco intitulado “Enterro dos Ossos”.


Nesses bailes mais elitistas, as mulheres compareciam ornamentadas de vestidos longos, plumas, lantejoulas e fantasias ricamente elaboradas, e os homens, de smoking ou camisas sociais de grife, no velho estilo “coronéis de barranco”. 

Claro que aqui e ali surgia um sujeito vestido de índio, pirata, mexicano, árabe, legionário, arlequim ou pierrô, mas os homens fantasiados eram uma minoria. 

Quem tinha obrigação de vender beleza era o mulherio. Os machos estavam ali pra pagar pelo fuzuê. 

Quando a fuzarca acabava, os foliões se encontravam no mercado Adolpho Lisboa para curar a bebedeira com o famoso mingau do Eusébio. 

O artista plástico Inácio Evangelista era o decorador mais requisitado da cidade para produzir as ambientações temáticas dos clubes. 

Além de ser contratado exclusivo do Ideal, Rio Negro, Cheik e Nacional – e cada um deles fazia até três bailes diferentes a cada ano –, ele ainda encontrava tempo para decorar o Atlético Barés Clube (“Baile do Sapo Não Lava o Pé”), o AABB (“Baile do Terror”), a União Esportiva de Constantinopla (“Baile da Cidade Alta”) e o Fast (“Baile do Rolo Compressor”).

Nos bairros, a população se divertia nos bailes carnavalescos dos clubes amadores ali existentes e nas sedes de associações sindicais e de times profissionais populares. 


Em Educandos, por exemplo, na União Esportiva de Constantinopla. No bairro da Cachoeirinha, no Ipiranga, Botafogo, Cachoeirinha e no Círculo Operário. 

No Morro da Liberdade, no Libermorro e Olaria. No Seringal Mirim, no Internacional (“Baile da Jardineira”). Em São Raimundo, nas sedes do São Raimundo e Sul América, e assim por diante. 

Havia ainda os clubes de campo, de frequência mista (Sírio-Libanês, Caiçara, Cetur, Asa, Municipal, Beasa, Cassam, AABB etc.), que também realizavam bailes inesquecíveis.

Guardada as devidas proporções, o esquema nos bailes carnavalescos, tanto dos chamados “bailes de elite” quanto dos chamados “bailes populares”, seguia uma mesma dinâmica. 


Uma orquestra de metais (nome genérico dos instrumentos de sopro feito de metais), posicionada no fundo do palco, iniciava a fuzarca, na maioria das vezes, com a música “Ô Abre Alas”, aquele clássico da Chiquinha Gonzaga (“Ô abre alas, que eu quero passar/ Ô abre alas, que eu quero passar/ Eu sou da Lira, não posso negar/ Rosa de Ouro é quem vai ganhar”).

Essa era a senha para as pessoas invadirem o salão abraçadas em dupla, trinca, quarteto ou até mesmo sozinhas. 

O cortejo dos foliões consistia em uma movimentação em círculo, obedecendo ao sentido horário – mas também havia alguns sujeitos, cheios da truaca, que preferiam brincar no sentido anti-horário, o que era sinônimo de confusão. 


As garotas desacompanhadas ficavam nas bordas do salão, observando aquela alegre confusão. 

De repente, uma mão saindo do meio da turba lhe alcançava o pulso e a puxava para o salão. 

Se houvesse interesse recíproco, a foliona se enganchava no sujeito e ia pra guerra.

Se não, ela dava um jeito de liberar o pulso das mãos do fariseu. 

Essas efêmeras conquistas carnavalescas se constituíam na glória (ou calvário) de qualquer moleque que buscava as folias de Momo.

O cortejo, evidentemente, se movimentava no salão de acordo com a música. 

Havia as marchinhas para uma evolução rápida – leia-se correria desenfreada e trombadas entre os participantes –, como “Marcha do Remador” (“Se a canoa não virar, olé, olé, olá/ Eu chego lá”), “Turma do Funil” (“Chegou a Turma do Funil/ Todo mundo bebe/ Mas ninguém dorme no ponto”), “Alalaô” (“Alalaô ô ô ô/ Mas que calor ô ô ô/ Atravessamos o deserto do Saara/ O sol estava ardente e queimou a nossa cara”) e a mais frenética de todas, que costumava causar quedas coletivas no salão, “Corre, corre, lambretinha” (“O vovô ia a cavalo/ Para visitar vovó/ O papai de bicicleta/ Pra ver mamãe, ora vejam só!/ Hoje tudo está mudado/ Mudou tudo, sim senhor/ E eu tenho uma lambreta/ Para ver o meu amor/ Corre, corre, lambretinha/ Pela estrada além/ Corre, corre, lambretinha/ Que eu vou ver meu bem”).

Havia as marchinhas para uma evolução devagar, quase parando – e aí os arranjos mistos de trincas, quartetos, quintetos ou sextetos davam vez para os casais. 

Quem ainda não estivesse descolado um par precisava correr contra o relógio, porque essas marchinhas começavam a ser tocadas na metade do baile. 

A mais clássica de todas era aquela criação genial de Zé Kéti, “Máscara Negra” (“Tanto riso, oh/ Quanta alegria/ Mais de mil palhaços no salão/ Arlequim está chorando pelo amor da Colombina/ No meio da multidão/ Foi bom te ver outra vez/ Tá fazendo um ano/ Foi no carnaval que passou/ Eu sou aquele Pierrot/ Que te abraçou/ Que te beijou, meu amor/ A mesma máscara negra/ Que esconde o teu rosto/ Eu quero matar a saudade/ Vou beijar-te agora/ Não me leve a mal/ Hoje é carnaval/ Vou beijar-te agora/ Não me leve a mal/ Hoje á carnaval”). 

Era a senha para beijar a foliona recém-conquistada. Se houvesse correspondência, o sujeito havia ganho a noite. Se não, não.


Se tudo tivesse dado certo na etapa anterior (a garota não só consentira no beijo, como abrira levemente os lábios para você introduzir a língua), a próxima fase era levá-la para uma parte mais escura do clube, normalmente em corredores longes do salão, e iniciar a sessão de “acocho” (na época, era esse o nome do modernoso “ficar”), que consistia de beijos e abraços apertados. Só isso. 

As mais liberais ainda permitiam algumas alisadas nas coxas e alguns toques, discretos, no sutiã de cetim. 

Avançar mais do que isso era convite certo para uma tapa na cara e o fim do, digamos assim, relacionamento casual.

Os casais voltavam para o salão quando o baile já estava acabando. 

Os primeiros acordes de “Está chegando a hora” (“Quem parte/ Leva saudades/ De alguém/ Que fica chorando de dor/ Por isso eu não quero lembrar / Quando partiu / Meu grande amor/ Ai ai ai ai/ Está chegando a hora/ O dia já vem raiando meu bem/ E eu tenho que ir embora”) sinalizavam para os últimos beijos, abraços apertados e as juras de amor eterno. Pura balela. 

Na maioria das vezes, nem se sabia o nome da garota. E a possibilidade de encontrá-la novamente no carnaval seguinte era tão difícil quanto acertar na Mega-sena acumulada. 

No dia seguinte, após a ressaca carnavalesca, a turma de moleques se reunia para contar vantagens sobre as conquistas efetuadas e fazer planos para os bailes do ano seguinte. Simples assim. Mas que era divertido, isso era.


FONTE:  http://amordebica.blogspot.com.br/  |  Postado por Simão Pessoa

Lendas sinistras do Instituto Ida Nelson – “O Quadro”

Lendas sinistras do Instituto Ida Nelson
“O Quadro”

Nessa escada, onde hoje está um vitral, ficava o emblemático quadro do post. Essa escada tinha o piso vermelho e as paredes eram brancas.

Esta é a mais tradicional lenda do Ida Nelson.

Em uma das escadas havia um quadro imenso, preto e branco, da Sra. Anna Belle Cox.

Esse quadro, posicionado em uma quebra de lance de escada logo em frente à Seretaria, guardava um mistério: nos seguia com os olhos quando subíamos ou descíamos aquela escada.

A foto do quadro tinha a espantosa áurea dúbia, pois o semblante era um misto de sorriso amigável com sarcástico e, no fim da tarde/início da noite, o sorriso ficava com um aspecto levemente aterrador!

Já nos acostumamos a nem olhar para o quadro quando passávamos naquela escada, era realmente sinistro! Pior que, depois de 17:30 até o início da aula da noite ninguém, ninguém se aventurava naquelas escadas!

O curioso é que quanto mais encarávamos o quadro, mais profundamente ele nos olhava!

Certo de que poderia ser tão somente uma ilusão de ótica, resolvi fazer um teste: Desci correndo a escada, me certificando que o “quadro me olhava” na largada, desci correndo e, assim que cheguei ao primeiro andar, olhei de relance para o quadro e, estranhamente, LÁ ESTAVA o quadro me olhando , fixamente!

O medo ficava maior porque sabíamos que a mulher que figurava no quadro já havia morrido.

E você, qual é sua história de medo desse quadro?

Por Marco Evangelista em dezembro de 2011

Lendas sinistras do Instituto Ida Nelson “O Sótão”

Lendas sinistras do Instituto Ida Nelson
“O Sótão”



O que se dizia era que o sótão do salão era assombrado.

Bem me lembro de 1983, enquanto encenávamos a peça “Os Heróis” (dirigida pela Profa. Juçara), quando uma colega estava chorando porque subiu e viu um vulto lá, como disse.

Era boato (?), mas um boato que tinha vida própria. Ninguém dizia o que, mas algo de sobrenatural havia naquele sótão.

Durante os quase 14 anos em que estudei lá, nunca fui investigar.

Até que chegou o dia do ensaio da formatura. Turma de 1991.

A turma lá nos bancos, percebi que não havia alguém do colégio no salão.

Era a hora.

Subi a escada que ficava por detrás do som (antiquíssimo, acho que dos anos 60!) do salão – era um amplificador doméstico, com saída para duas caixinhas que ficavam suspensas.

Lá de baixo nada se via, só a porta escura do alçapão acima. Coragem! Fui!

Ao adentrar ao sótão, segue o que vi:

O chão era de compensado, isso mesmo: ripa e compensado, de forma que só era seguro se andar pelas vigas, estávamos pisando no próprio forro do palco!

Havia muitas, muitas marionetes, aqueles bonecos de pano; muitas peças de cartolina, acho que cenários de apresentações, umas roupas amontoadas. Vi também umas cadeiras pequenas em um canto.

Mas algo me chamou a atenção:

UMA das bonecas estava deslocada, todos os bonecos de marionetes estavam em um mesmo monte, mas UMA estava longe.

O que estava fazendo uma boneca longe das demais? É claro que quem as tivesse guardado as teria guardado juntas e de uma vez.

E essa boneca estava jogada (deitada?) de barriga para cima justo perto da escada. Teria sido jogada lá? esquecida? ou estava apenas esperando que eu descesse?

Satisfeita minha curiosidade, tratei de descer.

Desci com muito receio de que algo estivesse me seguindo, a escada tinha os degraus estreitos, de forma que se tinha que descer com cuidado. Ao chegar lá embaixo de uma última olhada lá pra cima, aparentemente tudo normal.

Voltei para o ensaio da turma. Feliz porque estava com uma curiosidade a menos sobre o colégio.

Por Marco Evangelista em dezembro de 2011