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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Silvino Santos | O Cineasta da Selva


Em 1969 realizou-se o I Festival Norte do Cinema Brasileiro. Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, foi considerado o melhor filme. Na sessão de encerramento, um senhor de 82 anos, desconhecido pelos artistas que estavam em Manaus, subiu ao palco do cinema Odeon para receber um trófeu. Silvino Santos, o pioneiro do cine-documentário no Amazonas, estava sendo homenageado. Depois de longos anos de esquecimento, finalmente o grande fotógrafo e genial pioneiro do cinema passava a ser conhecido pelo jovem público brasileiro. 

Silvino Simões Santos Silva nasceu em Sernache de Bomjardim, pequena cidade portuguesa. Filho de Antônio Simões Santos Silva, um professor de música e de Vírginia Silva, Silvino Santos, ainda muito jovem, partiu para tentar a vida na lendária Amazônia. Chegando a Belém do Pará foi trabalhar no comércio. Aprendeu a fotografar nesta época já demonstrando enorme talento, foi descoberto por um dos mais poderosos seringalistas da Amazônia Peruana, o Sr. Júlio Cezar Araña. 

Araña era responsável pela Peruvian Amazon Co. e queria sensibilizar os acionistas ingleses, que estavam indignados pelas acusações de Hardenburg, um missionário americano. Hardenburg afirmava que no rio Putumayo, Aranã escravizava e assassinava indígenas. Este foi defender-se no Tribunal dos Comuns em Londres e percebeu que havia uma novidade sensacional que poderia servir como veículo de propaganda. Era o cinematógrafo. 

Araña financiou a viagem de Silvino a Paris. As usinas dos irmãos Pathé e os laboratórios dos Lumière eram diariamente freqüentados pelo rapaz que precisava de películas resistentes ao calor tropical. 

Retornando ao rio Putumayo, onde se havia estabelecido, Silvino rodou o filme que mostrava os seringais de Araña (1912). 

Em 1913, casou-se com Anna Maria Schermuly, descendente de alemães, que estava sendo tutelada por Araña. 

Em 1914, o filme rodado no Peru ia ser copiado nos Estados Unidos, mas submergiu, pois o navio onde se encontravam os negativos foi colocado a pique na I Guerra Mundial. 

Silvino Santos se estabeleceu em Manaus e seu segundo filme também se perdeu. Em 1918, o comerciante Manoel Gonçalves resolveu fundar a Amazônia Cine Film e foi realizada a película documental Amazonas, o Maior Rio do Mundo. O empresário Avelino Cardoso participava do empreendimento. O noivo de sua filha, Propércio Saraiva, a título de copiar o filme em Londres, desapareceu com os originais deixando o cineasta em difícil situacão financeira. A firma se dissolveu e o material cinematográfico foi arrematado pelo Comendador Joaquim Gonçalves de Araújo. Silvino iria conhecer o sucesso. 

Em 1921 filmou No Paiz das Amazonas, filme de rara beleza fotográfica, exibido no Cinema Pathé do Boulevard des Italiens, em Paris, e nos principais centros da Europa. O lançamento comercial no Rio de Janeiro, se deu em 02 de abril de 1923 no cinema Palais. O Jornal O Paiz comentou: “Chama-se No Paiz das Amazonas e é uma estupenda licão de coisas. Paisagens, maravilhas phisicas, riquezas naturaes, progressos economicos, typos, costumes, cidades, tudo se projecta nessa empolgante pellicula, que o Sr. Presidente da República teve ensejo de admirar, com todos os Ministros de Estado, no Palácio do Cattete e a que não poupou honrosos encomios”. 

Esse filme foi produzido incialmente para ser exibido na Exposicão Comemorativa do Centenário da Independência. No Rio de laneiro, Silvino filmou a Exposicão, na qual seu filme fez enorme sucesso, e rodou o documentário Terra Encantada, focalizando os mais variados aspectos da Capital Federal. 

Em 1924/25 realizou No Rasto do EI-Dorado, documentação cinematográfica da Expedicão Alexander Hamilton Rice, outro sucesso estrondoso. 

Produziu ainda Terra Portuguesa, focalizando aspectos de Portugal, onde permaneceu de 1925 a 1927 com a família Araújo. Trabalhou até o fim de sua vida na firma do Comendador Araújo. Teve um casal de filhos, Guilherme (1914) e Lilia (1916). 

Quando já não mais produzia longa-metragens, Silvino fazia “shorts” para serem exibidos na Fábrica de Cerveja e Gelo de Miranda Corrêa e Cia. Era um ambiente refinado onde a sociedade amazonense ia se admirar na tela do cinematógrafo. 

Em 1970, os cineastas Roberto Kahané, Domingos Demasi Filho e Paulo Sérgio Muniz realizaram o curta-metragem Silvino Santos, o Fim de um Pioneiro. 

Silvino Santos faleceu em Manaus a 14 de maio de 1970. Anna Maria faleceu em 1979. 

Em novembro e dezembro de 1981, realizou-se, na Galeria de Arte Afrânio de Castro em Manaus, uma exposição fotográfica comemorativa dos 95 anos de nascimento do cineasta. 

Como se vê, o cinema, arte de suporte material tecnológico, não foi introduzido no Amazonas sem a dose de poesia e criatividade característica das produções dos grandes artistas de nosso século. 

Filmografia

1912 - Filme rodado no Rio Putumayo
1918 - Amazonas, O Maior Rio do Mundo
1921 - No Paiz das Amazonas
1922 - Documentação cinematográfica da Exposição da Independência
1923 - Terra Encantada
1924 - Documentação cinematográfica da Intervenção Federal no Estado do Amazonas, no episódio do golpe de Ribeiro Júnior
1924/25 - No Rasto do El-Dorado
1925/27 - Terra Portuguesa


VC SABIA QUE...

Durante a filmagem de No Rasto do El-Dorado (1924/25): “Santos, o cinegrafista, descobriu esta grande árvore, crescendo na margem do rio, onde a água estava à mão. Ele observou suas vantagens naturais e a converteu em laboratório. À noite, com um pedaço de lona amarrado ao redor das raízes para manter afastada a luz, poderia revelar os filmes. Entusiasta pelo seu trabalho, vinha pelo campo com a lanterna ou vela, com um pé ou dois de filme, mostrando a todos o que teve a sorte de conseguir. Se ele não aparecesse todos sabiam que o seu dia tinha sido um fracasso”. (Albert Stevens. Foto The National Geographic Magazine) .

Fontes:

1. ALENCAR, Miriam. Silvino Santos no Rastro das Amazonas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 08 ago. 1970.
2. BITTENCOURT, Agnello. Dicionário Amazonense de Biografias. Rio de Janeiro, Conquista, 1973.
3. MONTEIRO, Mário Ypiranga. Um Jovem Cineasta, Jornal do Comércio, Manaus, 27 dez. 1975.
4. RANGEL, Carlos. Um Herói à Antiga. O Cruzeiro, Rio de Janeiro, nº 50, 1969.
5. RICE, Hamilton. Exploração da Guiana Brasileira. São Paulo, EDUSP, 1978.
6. SOUZA, Márcio. A Expressão Amazonense. São Paulo, Alfa-Ômega, 1977.
7. STEVENS, Albert W. Exploring the Valley of the Amazon in a Hidroplane. The National Geographic Magazine, nº 4, 1926 

segunda-feira, 28 de abril de 2014

PALÁCIO DA JUSTIÇA


1905, Avenida Eduardo Ribeiro, esquina com a Rua 10 de Julho, o povo reunido na calçada aguarda ansiosamente o florido movimento da saída dos noivos elegantes e, certamente, herdeiros de abastadas fortunas da borracha. 

Grossas muralhas de pedra-jacaré e dois pesados portões de ferro nos impedem uma visão completa do Palácio solidamente elevado pouco acima do nível da rua. 

Amazonas; daqui avistamos, finalmente, a imponente construção. A fachada é simples e sóbria, condizente com a formalidade das funções que se passam no interior do prédio. Tanto no andar inferior, como no superior, grossas colunas sustentam avarandados; junto com os avanços simétricos das laterais, a fachada se movimenta harmoniosamente. 

No térreo, vemos blocos de concretos colocados linearmente a uma seqüência de janelas simples e sem qualquer ornamentação, já na fachada superior, a superfície é decorada com molduras de colunetas, arcos e balaustradas. Uma grande estátua de Temis, posicionada acima do avarandado superior: identifica o prédio e a função para a qual foi construído. 

O estilo aqui tem suas origens no Segundo Império Francês, acrescentado de alguns elementos tardios do neoclássico inglês como os arcos curvos e triangulares das janelas superiores, além das colunas dóricas e coríntias dos avarandados. 

Passada a euforia dos rituais matrimoniais, a multidão se dispersa e a rua volta ao seu movimento normal. Podemos agora atravessar os portões de ferro, subir os lances de escadas por entre os muros de arrimos e examinar os salões internos do Fórum. 

O hall de entrada é inteiramente dominado pela monumental escadaria em mármore e madeira. No piso superior, nossos olhares são imediatamente dirigidos ao forro do teto: um minuncioso trabalho de escultura em estuque, com padrões simétricos e floridos, mais abaixo, inúmeros arcos são sustentados por colunas decoradas com estatuetas. Como descreve Mavignier de Castro: “...mobiliado a rigor, a sua decoração interna revela nos mínimos detalhes a severidade, a decência e a discrição exigidas pelo respeito devido à função dos magistrados”.

Das janelas do hall superior avistamos a cúpula e a fachada posterior do Teatro Amazonas; ambos, marcos da prosperidade da cidade, formando um conjunto arquitetônico elegante e harmonioso. 

A construção do Palácio da Justiça foi iniciada em 1894, pela firma inglesa Moers & Moreton, na gestão do Governador Eduardo Ribeiro. Dificuldades oriundas de maus orçamentos e direção paralisaram a obra por alguns meses, até que o novo contratado, José Gomes da Rocha, a entregasse concluída em 1900. Neste ano o Palácio da Justiça foi inaugurado pelo Governador Ramalho Júnior. 

Em seus noventa e nove anos de história, o prédio nunca deixou de exercer suas funções originais. Sofreu algumas reformas que, no entanto, não chegaram a descaracterizá-lo. À excessão do anexo, construído no início da década de 60, sem qualquer afinidade escultural com o Palácio, sua aparência interna e externa permanece praticamente a mesma. 

Em todos os tempos e até hoje, em suas salas correm os advogados, o povo, os magistrados, fazem-se os pregões com o leiloeiro a gritar “Dou-lhe uma, dou-lhe duas...” aqui julgaram-se homens livres e culpados e, desde a entronização de Cristo no Salão do Jurí, diz-se suas decisões presididas por Deus. 

A antiga Comissão do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Amazonas o incluiu como projeto prioritário (restauração do prédio principal e demolição do Anexo). Foi restaurado inteiramente, inclusive parte dos salões internos e o mobiliário remanescente. O anexo, porém, não foi demolido. 




Fontes:

1. AMAZONAS: Contencioso Fazendário do Estado do Amazonas, fls. 30, 31.
2. AMAZONAS: Ficha de Registro de Tombamento do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Amazonas, “Palácio da Justiça”, 1980.
3. AMAZONAS: Relatório do Secretário de Estado de Negócios de Indústria, 1898.
4. BITTENCOURT, Agnello: Dicionário Amazonense de Biografias, Rio de Janeiro, Editora Artenova, 1973.
5. CASTRO, Mavignier de Síntese Histórica da Evolução de Manaus. Manaus Editora Humberto Calderaro, 1948.
6. MIRANDA CORRÊIA, Luíz de, Manaus: Aspectos de sua Arquitetura. Manaus, SPVEA 1964.
7. MIRANDA CORRÊIA: Guia de Manaus. Manaus, Editora Artenova, 1969.


MONUMENTO EM HOMENAGEM A NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO


Ao passar pela nova Praça do Congresso,observe um monumento em homenagem a nossa santa padroeira, com a lateral cheia de informações sobre os motivos da sua edificação.


A Arquidiocese (administração geral das igrejas) de Manaus foi desmembrada da então Diocese de Belém do Pará e, por determinação do Papa Leão XIII (1810-1903), foi criada no dia 5 de Maio de 1892.

Para homenagear o Papa, foi colocada uma placa no monumento com os seguintes dizeres “Manaus de joelhos – diante de Leão XIII Papa dos operários e criador da Diocese”.


O primeiro Bispo da Diocese foi Dom José Lourenço da Costa Aguiar (1847-1870) - nasceu em Sobral, Ceará e, faleceu em Lisboa, Portugal, porém, foi sepultado em Manaus, na Catedral de Manaus – o jazigo fica no lado direito de quem entra pela porta principal.

No monumento foi feita uma justa homenagem ao primeiro Bispo “Manaus agradecida – ao seu 1º Bispo – Dom José Lourenço de Aguiar – O organizador da Diocese”.

Cinquenta anos depois, para comemorar aquele importante acontecimento, foi realizada naquela praça um congresso da igreja católica – numa das faces do monumento está a seguinte dedicação “Para lembrar aos pósteros o 1º Congresso Eucarístico Diocesano de Manaus – comemorativo do cinquentenário da criação do Bispado – A Prefeitura Municipal de Manaus ergueu, sob as bênçãos do povo, este marco – à Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Amazonas – 5-5-1892 / 4-6-1942.


Com relação a nossa padroeira “A devoção a Nossa Senhora da Conceição data do início da igreja católica e a tradição foi trazida para o Amazonas no século XVII pelos carmelitas, que construíram a primeira igreja da região no local onde hoje está situada a Matriz. Talvez por isso, ela  tenha se transformado na padroeira do Estado”, conta o pároco da Matriz, José Albuquerque.


Este foi um dos maiores eventos da igreja católica de Manaus, realizado entre 31 de Maio e 4 de Julho de 1942, com a participação do alto clero nacional e da região norte – a praça que fora batizada de Praça Antônio Bittencourt, passou a ser conhecida, até hoje, como Praça do Congresso.

Naquele ano (1942), por coincidência de data, as autoridades aproveitaram o evento e a construção do monumento, para homenagear o descobridor do nosso querido e glorioso Rio Negro – numa das placas consta o seguinte “Em preito de gratidão a Dom Francisco de Orellana e aos seus companheiros – no quarto centenário do descobrimento do Rio Negro – as administrações do Estado do Amazonas e da Prefeitura de Manaus mandaram construir  este monumento - 3-6-1542/3-6-1942”.

Fonte: BLOG DO ROCHA
Fotos (cores): Rocha






PAPA JOÃO PAULO II VISITA MANAUS


Fiéis de Manaus relembram a visita de João Paulo II ao Amazonas.

João Paulo II e João XXIII serão canonizados neste domingo (27).

Arcebispo considera os papas 'modelos de vida cristã'.

O papa João Paulo II será canonizado neste domingo (27) durante cerimônia no Vaticano. Em Manaus, fiéis da igreja católica celebram a canonização e relembram a visita que o Papa fez ao estado do Amazonas na década de 80. A comemoração contará com uma procissão seguida de Missa e arraial festivo, no Conjunto João Paulo II, no bairro Nova Cidade, na Zona Norte da capital.

A radialista Polyanna Vilaça foi carregada pela Papa quando tinha apenas 3 anos. Ela acredita que a família foi abençoada e diz que fica emocionada com a canonização. "Pelo que meus pais sempre me dizem foi uma emoção grande. Primeiro para eles, que entregaram aos braços do papa, quando chegou nessa escada me carregou no colo e abençoou meus pais. Saber disso hoje é uma emoção muito grande, ainda mais sabendo que ele vai ser santificado, vai receber sua canonização", disse.

Além de João Paulo II, o papa João XXIII também será canonizado.  O arcebispo de Manaus, Dom Sérgio Castriani, diz que ambos são exemplos. "Pessoas que são exemplos de vida, modelo de vida cristã, mas que ao mesmo tempo podem ser evocadas como intercessores na certeza que vivem na glória do Pai", disse.

Em Manaus, João Paulo ficou hospedado por quase dois dias na Residência Arquiepiscopal, no Centro. Aldenor Lima preparou pratos servidos ao papa. "Ele disse para o finado Dom Milton que tinha gostado muito do peixe daqui", revela o empresário que até hoje quadra o prato e os talheres usados.


Comemoração

Fiéis de Manaus se preparam para festejar a canonização neste domingo (27). A comemoração contará com uma procissão seguida de Missa e arraial festivo, no Conjunto João Paulo II, no bairro Nova Cidade, na Zona Norte da capital. A celebração será presidida pelo bispo auxiliar Dom Mário Antônio.

O evento é promovido pela Arquidiocese de Manaus por meio da Área Missionária Família de Nazaré. De acordo com o Padre Erivelton, membro da equipe organizadora da celebração, a concentração dos fiéis será às 17h, na Rua D. Jackson Damasceno. Às 17h30, uma procissão deverá percorrer as principais vias do Conjunto João Paulo II. Além disso, um arraial deve finalizar os festejos pela noite.




Em 1980 foi erguido monumento em homenagem à visita a Manaus de Sua Santidade Papa João Paulo II, que celebrou uma missa campal na Bola da Suframa. Venha Conhecer!


FOTOS TIRADAS POR MIM (Clauter Carvalho) QUANDO O PAPA JOÃO PAILO II ESTAVA INDO PARA O AEROPORTO INTERNACIONAL EDUARDO GOMES. ESTAS FOTOS FORAM TIRADAS ONDE HOJE FICA A BOLA DO ELDORADO.



Imagem da transmissão ao vivo da missa que o Papa realizou na Igreja da Matriz.




quarta-feira, 23 de abril de 2014

PALÁCIO RIO NEGRO


Manaus, começo do séc. XX, todos seus requintes modernos - luz elétrica, bonde, cultura contemporânea - borbulham com o ativo (e altamente rentável!) comércio da borracha. Waldemar Scholz, um dos muitos membros da elite do látex, ostenta sua nova moradia: na Rua Municipal, próximo ao Igarapé de Manaus, num local "chic" da cidade, ergue-se a luxuosa mansão, concebida, talvez, num sonho de uma noite de verão equatorial... 

Abrem-se os pesados portões de ferro, trazidos provavelmente da Inglaterra ou de sua Alemanha natal: o modelo estilo Art Nouveau mostra que Scholz era um homem que conhecia e escolhia o que de melhor existia na época. Caminhamos alguns passos pelo jardim, salpicado com estatuetas de bronze e luminárias de ferro fundido. A fachada do prédio, imponente e, sem dúvida, original, assenta-se, sólida, em nossa frente. 

Vemos aqui uma mistura interessante dos mais variados estilos, trazidos da Europa de começo-de-século. A fachada, originalmente pintada de cinza claro e com seus inúmeros recuos e avanços suas curvas e ângulos retos, se movimenta com um virtuosismo que, a primeira vista, transparece como extravagante. A impressão que temos é de estar diante de uma obra confeitada, um castelo de sonhos, de contos de fada. Este tipo de arquitetura foi muito comum na época nos novos centros de acelerado desenvolvimento econômico, tais como Manaus no período da borracha. A sociedade nouveau-riche que se firmava, junto com sua nova fonte de riqueza criava também uma nova estética cuja expressão primeira seria sempre a arquitetura; as residências particulares, como também as instituições governamentais, comerciais e culturais caracterizavam-se pelo ecletismo, pela mistura, às vezes um, tanto quanto desgovernada das mais diversas influências. Kitsch? Sem dúvida! Um "Kitsch" hoje, porém, merecedor de respeito e estudado. 

Mas, nosso passeio não termina logo na fachada. Subindo as escadarias externas e entrando pelo saguão, nos deparamos mais uma vez com um imponente - nem um pouco discreto - visual. Os assoalhos de acapú e pau amarelo envernizados, contrastam com as paredes pintadas e com os diversos móveis e objetos (muitos deles de origem oriental) estrategicamente colocados no ambiente. A sólida escadaria nos leva até o segundo andar, aqui cada aposento é pintado de uma cor diferente, oscilando do pastel até o berrante: azul claro, azul carregado, lilás, rosa, amarelo, marrom e até mesmo o branco são elegantemente decorados com azulejos e ladrilhos, frizos e lustres da melhores escolas Art Nouveau da Europa. 

A parte posterior do prédio é, tanto no térreo, como no andar superior, avarandada com chão de ladrilhos e estrutura de ferro fundido. Aqui, Waldemar Scholz admirava a exuberante vista de seu jardim e o Igarapé de Manaus. Suas "gardenparties" seriam, certamente, as mais "badaladas" de Manaus! 

Seu sonho, entretanto, durou pouco. A borracha, levada para plantações cultivadas no Sudeste Asiático pelos ingleses, começava a abalar a economia deste produto aqui na Amazônia. Scholz viu-se forçado a hipotecar sua mansão para saldar dívidas comerciais. Finalmente, em 1914, a Guerra corta por completo o comércio e termina, assim, com o sonho do alemão. 

O imóvel é vendido ao Estado. O então governador, Pedro d'Alcantara Bacellar transforma o Palacete Scholz em Palácio Rio Negro e instala ali seu governo. 

O palácio está incluído como patrimônio histórico estadual e foi restaurado e adequado em 1997 para a função de Centro Cultural definitivamente implantado em agosto do mesmo ano. 

||||| VC SABIA ?  |||||

Quem era Waldemar Scholz?

Pouco se sabe a respeito de Waldemar Scholz antes de sua chegada ao Brasil. O que há de concreto é que atraído pela valorização da borracha, este homem culto e “de sobejantes energias” aportou em Manaus no fim do século passado. Trazendo consigo inúmeras recomendações, já em 1903 ele se estabelecia à Rua dos Remédios com um armazém e escritório de compra e beneficiamento de borracha para exportação. 

Scholz era muito ativo na pequena colônia alemã, tendo ajudado, inclusive, a fundar o Clube Alemão. Em 1913 ocupava o cargo de Cônsul da Áustria e fazia parte da Diretoria da Associação Comercial do Amazonas. 

Com a crise econômica atingindo-o em cheio, ele recorre ao abastado negociante, proprietário e seringalista do Purus, Luiz da Silva Gomes, para um empréstimo de quatrocentos contos de réis, oferecento como garantia a hipoteca de seu palacete. 

A guerra e a subseqüente paralização da linha comercial Hamburgo-Manaus agrava ainda mais a situação de Scholz. Seu “Palácio dos Sonhos” é inicialmente alugado e depois vendido (pela irrisória quantia de duzentos contos) ao Governo do Estado, durante a gestão de Pedro D'Alcantara Bacellar. 

Afinal, em 1916 Waldemar Scholz retorna definitivamente à sua terra natal. Segundo relatos seus, deixava aqui saudades e não descartava nunca a possibilidade de voltar.


Fontes:

1. AMAZONAS: Contencioso Fazendário do Estado do Amazonas, fls. 26, 27
2. AMAZONAS: Ficha de Registro de Tombamento do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Amazonas, "Palácio Rio Negro".
3. BITTENCOURT, Agnello: Dicionário Amazonense de Biografias. Rio de Janeiro, Editora Artenova, 1973.

Capela do Pobre Diabo


Nomenclatura de origem popular. À altura de 1882 um cidadão português de nome Antônio José da Costa, possuidor de uma quitanda na rua da Instalação, mais ou menos onde esteve a Alfaiataria Ramalho, mandou fazer uma taboleta que representava tipo andrajoso. Por baixo havia a legenda Ao Pobre Diabo. A esposa daquele cidadão, brasileira e mulata, por morte do marido mandou construir a capela de Santo Antônio, no Bairro da Cachoeirinha, a mesma que ainda lá está. Seu Antônio possuía casas modestas, e algumas resistem ao tempo no local que ficou conhecido por Pobre Diabo, mas a história começa a complicar-se depois que seu Antônio mudou da rua da Instalação para a Cachoeirinha, já dono do seu cabedal. 

Estabeleceu-se na Praça de Floriano Peixoto com uma casa de diversões, a que pomposamente denominou High-Life(1), e cujo anúncio ainda se pode ver nos jornais da época, de sua propriedade ou de sociedade. Após a morte, a casa de diversões dava espetáculos carnavalescos, bailes ruidosos. Seu Antônio consorciou-se no dia 28 de outubro de 1897 com a senhora dona Cordolina Rosa de Viterbo, que se achava in articulo mortis. Escapando da morte pela porta, assaz perigosa do casamento, dona Rosa, a mulata, sobreviveu ao seu Antônio e ela mesma montou uma casa de comércio liricamente chamada A Pobre Diaba, posto que não o fosse...

Citemos alguns documentos importantes a respeito de dona Rosa de Viterbo e da Capela: o jornal do Amazonas, de 12 de agosto de 1897, publicava o seguinte: “A muito conhecida e laboriosa sra. d. Cordolina Rosa de Viterbo tendo feito erigir à sua custa no Bairro da Cachoeirinha, Praça Floriano Peixoto, desta capital uma pequena e elegante capela, sob a invocação do glorioso Santo Antônio, estava disposta a mandar benzê-la no dia 15 de agosto deste ano, a fim de mais realçar as festas desta data memorável para o Estado do Pará, de onde é natural a referida senhora, atendendo, porém, a que os nossos irmãos brasileiros estão presentemente expondo a sua vida pela pátria, onde o fanatismo faz milhares de vidas(2), resolve adiar a benção da capela para outro dia que será previamente anunciado”. 

Donde se conclui que a igrejinha data de 1897. Tem mais: o mesmo jornal de 14 de junho de 1909 falava a respeito da capela: ”Terminou ontem a festividade de Santo Antônio, na capela do Pobre Diabo, na Cachoeirinha. A missa solene celebrada pela manhã, compareceram S. Excias. os Srs. Bittencourth e Dr. Sá Peixoto, governador e vice-governador do Estado, além de grande número de famílias e cavalheiros.

||||| VC SABIA ?  |||||

Na administração do Prof. Arthur Reis, dedicada grandemente ao setor cultural do Estado, a Assembléia Legislativa aprovou a Lei Estadual de nº 08, de 28 de junho de 1965, autorizando o governo a considerar a Igreja de Santo Antônio, localizada na antiga Praça do “Pobre Diabo”, como monumento histórico. Publicada no Diário Oficial de 30 de junho do mesmo ano, a igrejinha acha-se desde então, tombada sob a proteção do poder público. 

Pela sua importância mereceu, em 1997, projeto de restauração nos padrões técnicos mais elevados, elaborado por professores contratados e restauradores da SEC.


São Lázaro

História do Bairro de São Lázaro - Manaus

Bairro,sem dúvida o mais amplo instrumento de aquisição de valores culturais,sociais e tecnológicos.É a partir do bairro que as pessoas se unem,é onde surge a cidadania em confluência com a história.

São Lázaro,antigo Morro de São Lázaro do Barro Vermelho,nome um tanto extenso,mas também um tanto interessante.O São Lázaro é um bairro de muitos contrastes.Por meio desta postagem,pretendo revelar aspectos do bairro já citado.O principal objetivo aqui é fazer com que a história deste bairro tão querido não caia no esquecimento total.Isso é só um pequeno recorte comparado a verdadeira história deste bairro.




(A Igreja "primitiva" de São Lázaro,anos 50)


O bairro de São Lázaro localiza-se na zona Sul de Manaus,zona essa que concentra os bairros mais antigos da cidade.O bairro limita-se com o Crespo,Betânia,Distrito Industrial e Morro da Liberdade.

Como a maioria dos bairros de Manaus,o bairro de São Lázaro nasceu em meio às ocupações improvisadas,geradas por demandas de habitações na cidade,resultado dos intensos fluxos de migrações internas e externas,ocorridas em certos momentos complicados da história da cidade.



(Igreja de São Lázaro em dias atuais)


A povoação do espaço onde hoje se encontra o bairro São Lázaro tem início por volta de 1950,quando um grande fluxo de famílias vindas do interior do Amazonas se instalam no local.Entre esses moradores,muitos eram nordestinos órfãos do Segundo Ciclo da Borracha (1939-1945).Os primeiros moradores construíram casas de madeira e taipa,e a principal atividade econômica da qual viviam era da venda de capim para as fábricas de colchões,da coleta de caju e da produção de farinha e beiju.

Nessa época,o único meio de transporte pelo bairro eram as carroças puxadas por burros.A partir de 1958,a comunidade começa a ser organizar,pelas mãos de um garoto de 14 anos,Carlos Viana,e de uma senhora conhecida como Dona Mariquinha.Ambos buscavam melhores condições de vida para os moradores do bairro,à época denominado de "Barro Vermelho",devido os terrenos estarem localizados em solo de coloração avermelhada.

No dia 3 de maio de 1958,a comunidade convida o padre Paulino Lammeier,da paróquia de Santa Luzia,para celebrar a primeira missa no local,num altar improvisado,armado sob um tronco de marizeiro,onde mais tarde foi construído o Seminário Cristo Sacerdote.



(Padre Paulino e Paroquianos.Fonte: Blog do Coronel Roberto)


Após a primeira missa ter sido rezada,com a imagem de São Lázaro cedida pelo pai de Carlos Viana,o lugar passou a se chamar Morro de São Lázaro do Barro Vermelho.Em 9 de maio de 1958,são fundadas as associações religiosas Apostolado de Oração,Congregação Mariana e Filhas de Maria,marcando o caráter religioso predominante no bairro.

Em 31 de janeiro de 1959,iniciou-se a construção da primeira capela do bairro e,em 11 de fevereiro,dia de São Lázaro,é realizada a primeira procissão em homenagem ao Santo,percorrendo as poucas ruas que formavam a comunidade.



(Santo São Lázaro de Betânia)


Na década de 60,o bairro ainda era formado,em sua maioria,por casas de palha e o abastecimento de água era feito pelas cacimbas.No dia 5 de setembro de 1963 foi inaugurado o primeiro estabelecimento de ensino do bairro: o Grupo Escolar Antóvila Mourão Vieira,inaugurado pessoalmente pelo governador da época,Plínio Ramos Coelho.



(Grupo Escolar Senador Antóvilla Mourão Vieira,2006)


Em 1964,atendendo ao pedido do então arcebispo de Manaus,Dom João de Souza Lima,as irmãs doroteias iniciam um trabalho de evangelização e promoção social no bairro,utilizando como sede o grupo recém - inaugurado.

Durante a década de 70,o bairro sofreu uma expansão urbana,atraindo novos moradores,principalmente pessoas oriundas do interior do Estado em busca de empregos oferecidos pelo Distrito Industrial.Durante a década de 70 Manaus sofria,depois do ciclo da borracha,um segundo surto econômico: a Zona Franca.

É durante esse período de surto econômico que a comunidade passa a receber mais infraestrutura,como pavimentação de ruas,ampliação da rede de energia elétrica e a chegada da distribuição de água.Também vão ocorrer a ampliação e a construção de escolas para atender a necessidade sempre crescente de novos alunos,considerando-se o aumento da população do bairro nesse período.O bairro conta atualmente com quatro escolas,sendo duas estaduais: Mourão Vieira e a Brigadeiro Camarão (estudo nela,yeah!),e dua municipais: São Lázaro e Graziela Ribeiro.

CATEDRAL METROPOLITANA DE MANAUS


A história da Igreja Católica no município de Manaus, remonta à viagem do capitão de Infantaria Pedro da Costa Favela, em 1668.  Nesta oportunidade foi estabelecido o primeiro núcleo urbano na foz do rio Tarumã,  em cujo local foi eregido uma cruz. Era o início de um entreposto para a escravização de nossos índios. Fazia parte da comitiva, o padre Theodosio da Veiga, da Ordem dos Mercês, pelo meio do qual foi eregida a primeira capela em solo manauara. Já em 1695, no entorno da Fortaleza de São José da Barra do Rio Negro, era a vez dos padres carmelitas construírem a Matriz de Manaus, naturalmente dedicada ao louvor a Nossa Senhora da Conceição.

A obra foi Construída no Largo da Trincheira, hoje Praça 15 de Novembro e demolida em 1781 e reerguida outra no mesmo local, embora não tenha sido concluída.  Novamente foi demolida por ordem do governador Manuel da Gama Lobo de Almada, que reedificou outra maior no mesmo lugar.

A Tragédia do Incêndio

Um incêndio corrido no dia 2 de junho, reduziu a  igreja a cinzas. Devido a isso  foi nomeada uma comissão central, com agentes nas vilas e freguesias do interior para levantarem recursos para a nova construção.

A nova igreja

O surgimento da nova Igreja, foi iniciado em 10 de julho de 1858, tendo sua pedra fundamental lançada às sete horas da manhã do dia 23 de julho de 1858. Nesta época, era Presidente da Província, Francisco José Furtado.

A atual edificação é em estilo grego, com grande parte do material importado da Europa, principalmente de Portugal; é o caso dos seis sinos de fundição portuguesa da capela-mor do batistério e dos três altares, tudo em pedra de lioz vinda de Lisboa. As telhas vieram de Nova Rainha (hoje Parintins).

A benção oficial da nova Igreja, ocorreu  na tarde do dia 14 de agosto de 1877, tendo como pároco José Manoel dos Santos Pereira, que em seu discurso dizia:

 " Comparando-se o que foi e o que é a pequenez de antigas capelas com a magnificência desta nova Matriz, não podemos como os velhos de Israel, recordando a beleza do antigo templo, de volta do cativeiro da Babilônia para sua pátria, chorar a beleza da antiga queimada Matriz"...

Manaus, nesse período, tinha aproximadamente 30 mil  habitantes, com três bairros: São Vicente, Remédios e Espírito Santo, com uma atividade comercial pouco intensa. 

Em 27 de abril de 1892 ocorreu o desmembramento da Província Eclesiástica do Grão-Pará, da Diocese de Belém no que foi constituído a Diocese do Amazonas. Outro fato importante a ser lembrado foi a nomeação do primeiro Bispo do Amazonas, o Cônego Dom José Lourenço de Costa Aguiar, em 16 de janeiro de 1894. 

A sagração da  Igreja como catedral ocorre em 1946, tendo como bispo diocesano, Dom João da Matta Andrade e Amaral. 

Fontes: 

Catedral Metropolitana de Manaus, 1958, de Mário Ypiranga Monteiro.
Catedral Restaurada, 2003, de Robério Braga.
Restauro da Catedral Metropolitana de Manaus, 2002, de Elizabete Chaves e Ana Paula Rabelo.


PORTO DE MANAUS


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Início da organização do porto
Com o desenvolvimento econômico produzido pela borracha, tornou-se necessária a ampliação das instalações portuárias existentes, que se resumiam no prédio da Recebedoria (atual prédio de Operação), e o trapiche “15 de Novembro”, construído em 1890.
Em 13 de outubro de 1869, D. Pedro II sancionou a Lei de nº. 1.746, que autorizava os presidentes das províncias a controlar a construção, nos diferentes portos do Império de docas e armazéns para carga e descarga de mercadorias. Trinta anos depois, em 5 de setembro de 1899. O Governo Federal publicou edital de concorrência para execução de obras de melhoramento do Porto de Manaus.
O prazo para a entrega das propostas foi prorrogado até abril de 1900. A vencedora da concorrência foi a firma paulista B. Rymkiewcz & Cº, que assinou o contrato em 25 de agosto de 1900. O contrato estabeleceu o prazo de 60 anos, a contar da data de inauguração das obras para a exploração do Porto. A firma tinha como obrigações:
Regularizar a margem do rio, construir um cais, rampa de acesso, obras permanentes e flutuantes para a atracação de qualquer navio em qualquer época do ano, e serviços de carga, descarga e armazenagem com relação a pequena e grande navegação.
Desde o período em que se conheceu o resultado da concorrência até 1902, a firma B. Rymkiewcz & Cº, quase nada cumpriu das cláusulas do contrato firmado com o Governo Federal. Com a denominação de “Empresa de Melhoramentos do Porto”. a mesma firma assinou o contrato com o Governo Estadual para construir e explorar, sem prejuízo da execução do contrato com o Governo Federal, uma parte provisória com vastos armazéns e espaçosas acomodações para carga, além de transferir para seu encargo o trapiche estadual “ 15 de Novembro “e respectiva ponte. Em 1902, a firma B. Rymkiewcz e a Empresa de Melhoramentos do Porto transferem seus contratos para a empresa inglesa “Manaos Harbour Limited”. 



Início das obras do Porto de Manaus
Oficialmente as obras de melhoramento do Porto de Manaus tiveram início em 7 de outubro de 1902, em solenidade que contou com a presença do governador do estado Dr. Silvério Nery.
As obras foram realizadas por etapas:
- Em 1903, foi construída a Casa de Máquinas ( hoje sede do Museu do Porto ), o armazém nº 7 e um cais provisório.
- Em 1904, foram construídos os armazéns nº 9 e 10, a torre metálica para a caixa- d’água, as linhas férreas destinadas aos serviços dos armazéns do Porto, o cais do Roadway e instalações dos primeiros geradores de eletricidade.
- Em 1905, foram calçadas as áreas em torno dos armazéns nº 9 e 10.
Construiu-se um pequeno muro de arrimo na base dos mesmos armazéns e um plano inclinado em frente ao armazém nº 7.
- Em 1906, foi erguido o prédio da Alfândega e Guardamoria, o segundo trecho do cais de alvenaria, o prolongamento da plataforma de madeira, o armazém nº 0 e a ponte flutuante do Roadway.
- Em 1907, o prédio do Escritório Geral e as galerias de esgotos.
As obras arrastaram-se morosamente por longos anos, sendo concluídas por volta de 1919.



Alfândega e Guardamoria
Uma das cláusulas do contrato assinado entre Governo Federal e a firma vencedora da concorrência para a construção do Porto, estipulou como “obrigatório à construção e doação do edifício necessário e apropriado para a administração da Alfândega”. 
A planta e orçamento, realizados pelo engenheiro arquiteto Edmund Fisher, ficaram prontos em 1903, mas somente em 1906. O prédio foi construído.
Anexa a Alfândega está a Guardamoria, construída no mesmo período e com o mesmo estilo arquitetônico, destinada ao policiamento fiscal nos portos e a bordo dos navios. Este prédio possui uma torre com farol construído em aço e, na época, sua iluminação de arco voltaico produzia uma luz de grande intensidade.



Escritório da Manaos Harbour Limited
Edifício projetado para funcionar como escritório geral da empresa no pavimento inferior e moradia dos diretores no pavimento superior.
O projeto do prédio é da autoria dos arquitetos H.M. Fletcher e G. Pinkerton. A construção foi concluída em 1907.



Organização do Porto
O Governo Federal abriu concorrência para execução das obras de melhoramento do Porto de Manaus no dia 05 de setembro de 1899, 30 anos depois de sancionado a Lei nº 1746 de 13 de outubro de 1869 pelo Imperador D. Pedro II, que autorizava os presidentes das Províncias a contratarem a construção nos diferentes Portos do Império, de docas e armazéns para carga e descarga de mercadorias.
Ocorre que em meados de 1890, o Governo Estadual inaugurava o seu trapiche “15 de Novembro”, complexo que abrangia o prédio da Recebedoria (atual setor de Operação), com rampa e saída direta para o trapiche. Por essas instalações portuárias estaduais despachavam-se as mercadorias na época.
O contrato assinado com a firma B. Rymkiewecz & Cº, vencedora da concorrência com o Governo Federal, onde obrigava a executar os seguintes serviços: construção do cais e rampa de acesso, regularização da margem do rio, dragagem e a construção de flutuantes para a atracação de qualquer navio em qualquer época do ano.
Como já existiam no local as precárias instalações estaduais que exploravam os serviços de carga e descarga, a firma assinou um outro contrato com o Governo Estadual (a firma que assinava o contrato era “Empresa de Melhoramento do Porto”, mas os donos eram os mesmos), para executar os seguintes serviços: construir e por em exploração antes da vazante do rio uma ponte provisória com vastos armazéns, isto, sem prejuízo da execução da concessão do Governo Federal. A empresa ainda tornaria a seu cargo para “explorar e ampliar o Trapiche 15 de Novembro e rua ponte com direito de cobrar todas as taxas, além de assinar posterior acordo para ter exclusividade de movimentação de borracha pelo referido trapiche”.
Em 1902 os dois contratos foram passados à firma Manaos Harbour Limited, firma criada em Londres que além da família Booths tinha como sócio B. Rymkiewecz & Lavandery.
Este problema da existência de dois contratos onde os serviços eram praticamente os mesmos, o que se percebe é que a empresa era a mesma, porém com os nomes diferentes e recebiam taxas de embarque e desembarque que se realizava no trapiche estadual e subvenção do Governo Federal para as construções.



A abertura dos portos por D. João VI
A Convenção Anglo Portuguesa de 22 de outubro de 1807 decidiu a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil e estabeleceu que, dada a proibição de os navios ingleses freqüentarem os portos lusitanos, fechados pelo Bloqueio Continental, “mandaria o governo português abrir-lhes um porto na Ilha de Santa Catarina, ou em outro ponto qualquer da costa brasileira, pelo qual seriam importados em navios britânicos, mercadorias portuguesas e inglesas, pagando os mesmos direitos então vigentes em Portugal, durante este acordo até novo ajuste”, como ensina o historiador Hélio Vianna.
Na verdade, as “nações amigas” restringiam-se basicamente a Inglaterra, porque o resto da Europa estava bloqueada pela esquadra britânica e os Estados Unidos ainda não faziam significativa concorrência comercial. Como as próprias terras portuguesas estavam ocupadas por franceses e espanhóis, alguns historiadores consideram o acordo como a substituição do monopólio luso pelo inglês nos portos brasileiros. Ele ainda duraria vários anos, em razão dos vários tratados assinados entre os dois países até a Independência do Brasil.
A Carta Régia de 28 de janeiro de 1808 é considerada por Hélio Vianna como “a base de nossa autonomia econômica e, conseqüentemente, política”, pois permitiu o incremento comercial de produtos brasileiros diretamente com o estrangeiro e, portanto, o desenvolvimento da então sede do reino luso. A Carta foi enviada pelo príncipe regente D. João VI ao Conde da Ponte, governador da Bahia e que havia comentado com o príncipe, quando de sua chegada, dos inconvenientes da suspensão do comércio marítimo.



A carta
Conde da Ponte, do meu Conselho, Governador e Capitão-General da Capitania da Bahia Amigo. Eu, o Príncipe-Regente, vos envio muito saudar, como aquele que amo.
Atendendo a representação que fizeste subir à minha Real presença, sobre se achar interrompido e suspenso o comércio desta Capitania, com grave prejuízo de meus vassalos e da minha Real Fazenda, em razão das críticas e públicas circunstâncias da Europa; e querendo dar sobre este importante objeto alguma providência pronta e capaz de melhorar o progresso de tais danos: Sou servido ordenar interina e provisoriamente, enquanto não consolido um esquema geral, que efetivamente regula semelhantes matérias, o seguinte:
Primo; que sejam admissíveis nas Alfândegas do Brasil, todos e quaisquer gêneros, fazendas e mercadorias, transportadas ou em navios estrangeiros que se conservam em paz e harmonia com minha Real Coroa, ou em navios dos meus vassalos, pagando por entrada 24 por cento, a saber, 20 de direitos grossos e quatro do donativo já estabelecido, regulando-se a cobrança desses direitos pelas pautas ou aforamentos, porque até o presente se regulam cada uma das ditas Alfândegas, ficando os vinhos, águas ardentes e azeites doces, que se denominam molhados, pagando o dobro dos direitos que até agora nelas satisfaziam.
Secundo: que não só os meus vassalos, mas também os sobretidos estrangeiros possam exportar para os portos que bem lhes parecer, a benefício do comércio e da agricultura, que tanto desejo promover, todos e quaisquer gêneros coloniais, à exceção do pau-brasil e outros notoriamente estancados, pagando por sua saída os mesmos direitos já estabelecidos nas respectivas Capitanias, ficando, entretanto como em suspenso e sem vigor todas as leis, cartas-régias ou outras ordens, que até, aqui proíbam neste Estado do Brasil o recíproco comércio e navegação entre meus vassalos e estrangeiros. 
O que tudo assim, fareis executar com o zelo e atividade que de vós espero. Escrita na Bahia, aos 28 de janeiro de 1808. Príncipe.


Roadway
“O Serviço de embarque e desembarque de passageiros, é excelente. Os vapores de qualquer calado atracam ao grande caes fluctuante, onde os passageiros desembarcam com suas bagagens, seguindo pela ponte denominada Roadway, que dá acesso ao caes de alvenaria. Esta ponte é uma obra admirável, construída sobre uma fileira de cilindros fluctuantes estanques, divididos em secções ligadas por meio de dobradiças de aço de grande resistência. O lado de terra se acha ligado à superfície do caes de alvenaria e a outra extremidade ao caes fluctuante onde se acham montados grandes armazéns, de maneira que a ponte Roadway acompanha pelo lado do rio o acréscimo ou decréscimo das águas, nas grandes enchentes fica a ponte quase no nível do caes de alvenaria, ao passo que nas grandes vazantes do rio, se transforma em um perfeito plano inclinado. Pelo centro da ponte é feito o serviço rápido de carga e descarga das mercadorias conduzidas pelos vapores de grande e pequena cabotagem”.


“Grande número de wagonetes recebem os volumes na plataforma do caes fluctuante, os quaes seguindo pela linha férrea, entram pela linha que corre pelo centro da ponte, sobem e descem enfileirados, movidos por energia electrica e penetram assim nos armazéns distribuidores de terra, onde são descarregados para serem entregues aos seus proprietários”.
Do relatório do Eng. Olympio Leite, para o Diccionário Histórico e Etnographico do Brasil para o Centenário da Independência.
Em 1978 a ponte foi atingida pelo navio HELENA, que a partiu ao meio sendo substituída.