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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

BOI CORRE CAMPO




A HISTÓRIA

Alguns jovens brincavam no Garrote Tira Teima, do Senhor Chico Beicinho, localizado na Rua Urucará, canto com a Rua Itacoatiara, onde se localizava a Escola Santa Rita da saudosa professora Maria Rufino. Um dia o Senhor Chico Beicinho resolveu encerrar as atividades do garrote, no ano de 1942. Os meninos ficaram desolados, sem saber o que fazer. No dia seguinte, sob a sombra de um frondoso jatobazeiro, a “grande árvore real”, cujo fruto empresta seu nome a um valente guerreiro do romance “Iracema”, de José de Alencar, nas proximidades do Velódromo, enquanto aguardavam a hora de escolherem os times para a “pelada” diária, o Tó sugeriu a fundação de um boi-bumbá. A idéia foi escolhida com simpatia e na hora do banho refrescante nas águas límpidas no igarapé do Quarenta, entre um mergulho e outro, o Pelica perguntou: “E o Boi, vai sair ou não?”

A indagação, feita em tom de desafio, fez com que parassem a brincadeira de manjalé e passassem a discutir quando e onde iriam reunir. O sol já havia se escondido quando concluíram que a reunião seria no dia 1º de maio de 1942, na casa do Ceará.


Na noite do dia marcado, enquanto a Agência Nacional de Notícias informava para todo o País o acidente ocorrido com o Presidente Getúlio Vargas, o grupo de jovens se encontrava reunido na casa 1140 da Rua Ajuricaba, no Bairro da Cachoeirinha, para fundar oficialmente o bumbá. Sentados em tamboretes, sob a luz bruxuleante de um lampião a querosene jacaré, estavam presentes: Astrogildo Santos – Tó; Wandi Guaromiro Santos – Miro; Dionísio Gomes – Tucuxí; Mauro Santos – Pelica; e Antônio Altino da Silva – Ceará. Estes jovens não imaginavam que estavam criando uma das maiores expressões do folclore amazonense, uma vez que naquela época os bumbás mais famosos eram o Caprichoso, da Praça 14 de Janeiro, e o Mina de Ouro, do Boulevard Amazonas, com base no terreiro de Santa Bárbara no Seringal Mirim.



Naquela memorável noite ficou decidido, o boi ia sair mesmo. Só faltava o nome, pois ninguém queria repetir o nome dos bois já existentes. Pois, nos arredores, além do Violento, do Garantido, tinha também o Pai do Campo e o Flor do Campo. Depois de muita discussão, o Miro sugeriu que o nome do boi fosse Corre Campo. A ideia foi aceita e Corre Campo surgiu para mandar nos terreiros do Bairro.


O primeiro curral de ensaios foi construído na Rua Ajuricaba, canto com a Rua Borba. Depois se transferiu para a Rua Ipixuna, canto com a Borba, em frente a Padaria Santo Antônio. Nessa área deram os primeiros passos, aprenderam a ser fortes e valentes para vencer dificuldades e ultrapassar obstáculos. Com o desaparecimento do Caprichoso, o Corre Campo passou a dividir com o Mina de Ouro, seu primeiro rival, a admiração e os aplausos do público manauara. Nas décadas seguintes a rivalidade foi com o Tira Prosa e o Gitano. Hoje, divide o cenário dos Bumbás de Manaus com o Brilhante e o Garanhão. 
  

Felizmente o Corre Campo vem resistindo, ao contrário de muitos bumbás que ficaram pelo caminho. É como fogo de monturo. Quando pensam que acabou, ele ressurge mais forte e mais valente na defesa da sua tradição. O GIGANTE SAGRADO DO FOLCLORE AMAZONENSE continua inabalável e cultuando a tradição do Boi Bumbá indiferente ás inovações espúrias. É como a palmeira do tucumã, sobrevive às queimadas e continua dando frutos, embelezando a paisagem violentada.

Acesse o site do Corre Campo clicando na imagem acima

Fonte: Diretoria do Boi Bumbá Corre Campo

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