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quinta-feira, 10 de abril de 2014

PRAÇA DA MATRIZ


A praça da matriz que em 1953 foi inundada pela enchente que causou muitos estragos na cidade de Manaus, no século XXI continua inundada só que de profissionais do sexo, aviões (como são conhecidos os que passam drogas), senhores "distintos" cansados da monotonia de casa, promotores de cartões de créditos, fotógrafos entre outros vendendo algo ou alugando a si mesmo, verdadeira cidade dentro da capital.
Ao longo da história, a Igreja da Matriz Nossa Senhora da Conceição e a Praça qual leva o seu nome passaram por profundas transformações decorrentes dos diversos momentos históricos na qual estavam inseridas. Hoje tanto a Praça da Matriz quanto a Igreja ali situada possuem registrada em seus elementos decorativos os mais relevantes acontecimentos da história de Manaus, indo desde a fundação da cidade, passando pelo período republicano, da Zona Franca e, chegando à atualidade que nos motivou saber como tão importante patrimônio histórico-cultural aproximou o Sagrado do Profano, como a conservadora Igreja Católica vem lidando com o profano em suas portas, como reagem à população e de que forma estão agindo os poderes públicos? Para tanto escrevemos esse ensaio buscando levantar a discussão de formas para mudar essa situação, como e quando fazer? A cidade está às vésperas da tão esperada copa do Mundo, mas vamos lembrar que não é só ter um estádio milionário para receber os jogos, é necessário ter transporte de qualidade, atendimento com qualidade, pontos turísticos possíveis de visitação e pessoas preparadas para atender os que chegam e sinto muito meus queridos manauaras estamos longe disso.
  A Praça e os olhares preocupados
            Para tal análise buscamos em vários outros escritores, jornalistas e a comunidade em geral que expressaram a preocupação com a Praça da Matriz ou ainda com os lugares públicos da cidade de Manaus.
    Segundo o Professo Paulo Marreiro no Amazonas, o processo de revisão historiográfica tem adquirido dimensões importantes, a ponto de sugerir e definir a emergência de novas perspectivas, como a história do cotidiano dos estivadores; das mulheres; dos operários; das prostitutas, enfim, "outras histórias" na qual baseio esta pesquisa, sabemos que com o período denominado de áureo da borracha a população de cerca de 29.000 habitantes em 1872 passou para 61.000 em 1900[1].
 A agitação ligada à circulação de passageiros e de mercadorias no porto evidenciava o seu dinamismo. Com a reestruturação urbana e com a pujança da economia gomífera passaram a viver na capital não só as elites agroexportadoras, mas grandes negociantes, técnicos, profissionais diversos e uma gama de trabalhadores que exerciam suas atividades na cidade que se expandia.
 Marreiro narra essa situação: "Juntamente com a venda do prazer, o mundo da prostituição destilava práticas eróticas, sexuais e sociais mais refinadas, já que aí se praticavam formas de sociabilidade referenciadas pelos padrões da cultura européia. Homens de idades, classes, profissões, nacionalidades diversas participavam desse microcosmo, discutindo política, jogando cartas, bebendo, dançando, acompanhados pelas cocotes (...)", no entanto, este cenário não era predominante nas grandes capitais do período da economia na Belle Èpoque, pois encontramos outra realidade narrada pela autora Renata F. Marques "o mundo da prostituição não se resumia aos bordéis de luxo, onde as decisões políticas e econômicas importantes podiam ser tomadas. Havia um mundo da prostituição, aquele que habitava as sombras das ruas, das moradas precárias, dos cortiços e das vilas operárias", realidade esta objetivo deste ensaio, pois realidade narrada no inicio do século XX permanece enraizada no centro da capital do Amazonas, principalmente na Praça da Matriz nos dias atuais..
As transformações empreendidas no final do século XIX em Manaus objetivavam, além da remodelação e ampliação dos espaços públicos e implantação de inovações na dinâmica do espaço urbano, a consolidação de um outro tipo de sociabilidade, que estava identificado com o padrão que estabelecia a "vida moderna" e cosmopolita podendo estar ai situado o "lazer" masculino. No entanto, as mulheres que proporcionavam tal lazer eram descritas nos jornais da capital como: ""decaídas", "marafonas", "rameiras", "horizontais", "cocottes", "polacas", "cuínas", "bacantes" e "ratuínas".
A professora Deusa nos descreve que nos jornais de Manaus do final do século XIX e início do XX, eram apresentados reflexos dos confusos sentimentos que a prostituição despertava na mente de homens e mulheres relacionados aos conflitos das definições modernas de papéis sexuais. Assim como nos outros segmentos sociais, entre as prostitutas havia uma marcada hierarquia social. A célebre imagem da prostituta em luxuosos cabarés, mantida pelos ricos donos de seringais, só era real a um reduzido número de mulheres. Em Manaus a prostituição mais comum era aquela 'de rua', de maior visibilidade e vulnerabilidade, alvo constante de ataques por parte da imprensa local e das ações governamentais destinadas a coibi-la.
Como narra Milton Hatoum com tristeza sobre a praça da matriz e seu entorno (...) mergulha-nos de novo na confusão: cachos de fios eléctricos, trânsito nervoso, música alta… A Praça da Matriz, onde está a catedral, não é muito diferente, mas, a par da redução da criminalidade e da prostituição. A olho nu vê-se que muito do patrimônio está em estado periclitante. Consigo encontrar-lhe certa melancolia decadente, mas nem todos são tão generosos na sua avaliação.
A partir de uma leitura da pesquisa realizada por Viveiros de Castro na Praça da Matriz podemos compreender a visão de alguém que considera que o grande arco das possibilidades humanas da Praça da Matriz subdivide-se em padrões culturais conformando os indivíduos aos valores próprios de sua cultura.
Na sua descrição da Praça da Matriz fruto de Observação é de um:
"Ambiente em que algumas mulheres sentadas nos bancos fazendo ponto e, segundo os depoimentos coletados de algumas pessoas que ali estavam aquele lugar era um ambiente perigoso. Prostituição, roubos e furtos são comuns (..) Alargando mais o olhar percebe-se que os indivíduos acumulados ao redor de toda igreja agrupam-se de acordo com as atividades que exercem para garantir a sobrevivência, mostrando feições culturais diferenciadas, formando um grande arco de possibilidades humanas: os hippies, os fiéis, os desocupados, as prostitutas e os vendedores, estes, formando o grupo dominante e ocupando maior espaço. São vários mundos paralelos que dividem o espaço e dividem estórias"
Em um relato de Dona Solange que trabalha na Praça como vendedora visualizamos a mesma frustração que notamos na fala de Hatoum: "Quando mais jovem, freqüentava a praça para namorar – tinha flores, e um mini-zoo, relata – na qual chamava as pessoas ao passeio".
Naquele ambiente cosmopolita em meio a divergências gritantes uma unidade os inclui: a busca de uma vida melhor, a luta pela sobrevivência. O todo existente é formado por segmentos. Cada grupo vive a sua verdade e no panorama global configuram os indivíduos que seguem caminhos diferenciados. As atividades exercidas pelos indivíduos, sua forma de trilhar os caminhos da vida, de estabelecer comunicação, a relação com o outro e com o mundo espiritual deixa claro a variação cultural observada e cada uma dessas culturas é fruto de processos sócio-culturais, psicológicos, históricos e geográficos únicos.
Os personagens entrevistados apresentaram normas de conduta estimuladas pelas instituições às quais estão submetidos. O modo de vida, suas virtudes, a capacidade de lutar pela vida, suas histórias, alegrias e frustrações, suas culpas, sua religiosidade são apreendidos na ordem social da qual estão fazendo parte. "Tais comportamentos não podem ser instintivos no sentido de que os seres humanos possam nascer com esse conjunto de instintos responsáveis por suas ações. No entanto, isso não os regula inteiramente, pois seguem veredas distintas marcadas por seus objetivos, finalidades e pela forma como concebem o mundo (Benedict, 2006)".
Sendo assim, podemos entender porque algumas pessoas passam apressadamente pela praça e mostram-se indiferente a tudo que ocorre por lá, outro, no entanto, criticam publicamente como Jornal Repórter de 5 de Abril de 2008 o jornalista Anhanguera descreve o centro como:
"Portas do Inferno – A principal "porta de entrada" dos turistas em Manaus ainda é o secular "Roadway", o porto de Manaus, e logo adiante dele temos a principal praça e a histórica catedral católica da capital do Estado do Amazonas. Não parecem nada com a "sala de visitas" de uma cidade progressista, mas sim, com alguns dos piores aglomerados populacionais da África ou de países subdesenvolvidos, como Bangladesh depois da passagem de um tufão, ou um campo de refugiados. Ao chegar a Manaus, qualquer turista imagina haver chegado às portas dos infernos! (...) O Roadway e todos os seus espaços, além de parecerem labirintos, são imundos, desorganizados, bagunçados, freqüentados por prostitutas, assaltantes e cheira-cola, a barulheira é infernal e ninguém entende ninguém, os guardas não fornecem informações e por sinal, são extremamente brutos e arrogantes (...) Se o turista acertar sair do Roadway e meter a cabeça pra fora dos limites dos armazéns, pensará que desembarcou em Serra Pelada, tamanha a confusa mixórdia vigente na Praça da Matriz, com seus camelôs, peixeiros ao ar livre, crateras cheias de lama fétida".
Um pouco chulo os termos utilizados, mas mostrando a realidade vista por ele que ao mesmo tempo nos deixa irritado por ser ali um lugar histórico, importante para nossa capital, mas também um pouco envergonhado, pois a realidade narrada é o que pode ser encontrado pelos turistas em 2014.
O que podemos fazer?
Sociedade, governo, Igreja e as próprias profissionais do sexo devem debater tal questão, pois em entrevista ao Jornal Acritica de 16 de maio de 2011 a senhora Sebastiana dos Santos Barata, atualmente presidente da Associação "As Amazonas", entidade de defesa das prostitutas e ex-prostitutas do Amazonas, admite que hoje a atividade da prostituição está disseminada de forma desorganizada e perigosa no Centro. "Na verdade, hoje, em todos os lugares do Centro, tem mulheres de programa, nas paradas de ônibus, nas esquinas, portas de lojas, de forma concentrada ou não, elas estão em todos os locais, e isso não é bom", explica a ex-profissional do sexo, que fala com a experiência de quem já trabalhou naquela área da cidade.
Ao jornalista Julio Pedrosa, Dona Ana, como ela é conhecida, defende que Manaus adote o modelo de várias cidades do Brasil e de outros países, onde a prostituição tem endereço certo. "Acho que as prostitutas devem ter um local definido onde possam ficar concentradas de maneira segura e o mais natural possível, como era, por exemplo, na época da rua Itamaracá", assegura. O processo de crescimento urbano vai, segundo Sebastiana, levando a uma dispersão das profissionais do sexo no Centro e faz com que passem a ocupar locais que não são adequados. Para dona Ana, a Praça da Matriz é um desses locais. "Se sou católica, acho que aquele é lugar sagrado, e nem trabalhando de forma discreta aceitaria estar lá. Por isso, acho que deve haver um lugar específico que a população em geral identifique como sendo uma área de prostituição", afirmou.
São medidas concretas que podem solucionar o problema, mais o que vemos é um empurra de responsabilidades não somente quanto as profissionais do sexo, a reestruturação do centro é algo muito importante para a copa de 2014 e para o futuro da capital que hoje é vista como uma metrópole, no entanto, as brigas políticas são mais importantes do que resolver o problema, os camelos estão ai espalhados pelo centro de forma desordenada eles precisam trabalhar, mais toda capital tem um comercio popular e muitos freqüentadores verdadeiros pontos turísticos, poderíamos aqui listar várias capitais como São Paulo e seus grandes mercados, a capitais nordestinas com suas feiras ao ar livre, mais Manaus não aprendeu a cuidar do que é seu a situação mostrada pelas mídias amazonense sobre as feiras e mercados em Manaus é vergonhosa, precisamos de atitudes e não de políticos querendo obter vantagens eleitoreiras. Somente desta forma teremos ações não adianta só apontar os problemas como fazem devem se estudar soluções.
A Matriz e a História
            Segundo o historiador Mario Ypiranga foi durante o governo de Lobo d Almada, o Lugar da Barra conheceu os primeiros sinais de desenvolvimento urbano, com a abertura de ruas e praças, como a da Imperatriz, em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, nome pela qual era conhecida a Praça da Matriz. De acordo com Monteiro, a praça como logradouro público surge nesse período. O autor afirma que as ruas e becos recebiam o nome do morador em evidência ou do acontecimento mais marcante. (MONTEIRO, 1948, p.51)
Em 1789 nos é descrito o estado decadente dos principais edifícios públicos, como o da Igreja Matriz. Segundo Frei Caetano Brandão:
Que diria da Igreja! É um armazém desprezado, quase sem forma de templo, sem Sacristia, sem portas, em lugar delas um indigno cancelo, que não apanhava o meio do portal; todavia nesta ultima vez achei-a caiada, e com menos indecência; esquecia-me de dizer que nem chave tinha a boa cancela. (Idem, p.47).
O sacerdote Caetano Brandão chamava de igreja, estava em construção, no estilo jesuítico da época. Por estar com defeito em suas linhas arquitetônicas, Lobo d Almada mandou destruí-la, fazendo outra na Praça da Trincheira, atual Praça 9 de novembro (MONTEIRO, 1994, p. 9). Entretanto, no ano de 1850, esta igreja sofreu um incêndio. Somente em junho de 1855, foi aprovada a lei número 50, autorizando a despesa de quatro contos de réis anuais com a construção da nova matriz.
Em 1859, o alemão Ave-Lallemant verificou que a construção da igreja da Matriz estava paralisada. Já em 1860, o Major Sebastião José Basílio Pyrrho, Diretor da Repartição de Obras Publicas, declarava que havia construído 3.141 palmos cúbicos de parede. A Praça da Matriz também sofre algumas alterações como o seu aterramento e a construção de seu cais.
Em julho de 1871, os negociantes Antonio Joaquim da Costa & Irmãos se propuseram a realizar gratuitamente o aterro e o calçamento do espaço entre as duas rampas que existiam na praça, concluindo o serviço no ano seguinte.
Em 1877, o Presidente da Província, Domingos Monteiro, lamentava de alguns defeitos arquitetônicos causados pelos acréscimos e modificações que o prédio recebeu, além dos defeitos nos altares em pedra de Lioz de Lisboa. No entanto, Domingos Monteiro considerava a igreja um bom edifício e o principal da província. Com a falta de alguns objetos litúrgicos, a Igreja Matriz não pode ser inaugurada. Somente em 15 de agosto de 1878, passados vinte anos de sua construção, a Igreja pôde ser benta e inaugurada.
Segundo Mesquita, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi a primeira grande obra arquitetônica construída em Manaus e a mais importante do período provincial sendo privilegiada pela sua localização, já que se posiciona sobre uma pequena elevação em frente ao porto da cidade, proporcionando assim uma visualização melhor da paisagem.
Coisa que não acontece atualmente a visão que temos ao sair da Igreja Matriz é desoladora...
Foi no período da República, especificamente no Governo de Eduardo Ribeiro, que Manaus modificou-se profundamente, sob o aspecto urbanístico e cultural.
A Praça Quinze de Novembro, como era conhecida a Praça da Matriz nesse período, sofreu alguns melhoramentos, como o aterro do igarapé do Espírito Santo, que margeava uma das laterais da praça. Em 1894, o Governador Eduardo Ribeiro anunciava que estava concluído o embelezamento da praça.
Oficialmente, os jardins laterais da Igreja da Matriz foram iniciados em 1897. De acordo com Mesquita, em 1915, a área da praça era denominada Praça do Comércio e, em 1939, de Praça Osvaldo Cruz, quando já apresentava vários jardins. Nessa época, havia uma outra área ajardinada, denominada de Praça Santos Dumont, em cuja extremidade maior ficava um chafariz de ferro. À esquerda desse jardim, ficava um terceiro, tendo ao centro um monumento dedicado ao Barão de Santa Ana Nery.
À direita da Igreja da Matriz, havia um outro jardim, onde funcionava o Pavilhão Ajuricaba. No centro da Avenida Eduardo Ribeiro, está localizado o Relógio Municipal e, no ponto extremo da avenida, foi construído um obelisco de alvenaria, dedicado ao primeiro centenário da elevação de Manaus à categoria de cidade.
Na Praça da Matriz, o seu conjunto paisagístico foi quase todo substituído pelo asfalto, mantendo-se apenas o jardim em torno do chafariz escocês. A Praça Santos Dumont, área ajardinada entre o jardim principal e o armazém do porto, já não mais existe.
Na administração do Prefeito Jorge Teixeira, o ajardinamento onde ficava o monumento dedicado ao Barão de Santa Ana Nery foi destruído, assim como o monumento, restando somente o busto do Barão que, em 1991, encontrava-se instalado em uma das laterais dos jardins da Igreja da Matriz. A arborização da praça e as mangueiras ali existentes desapareceram na gestão do referido prefeito. O pavilhão Ajuricaba também foi destruído e o seu quiosque desmontado e transferido para a Praça Adalberto Valle, além da substituição das calçadas em volta da Igreja, todas em mármore de cantaria importada de Portugal, por lajotas de cimento. Atualmente, a Praça da Matriz encontra-se rodeada por grades, além de ter perdido boa parte de seus espaços para o terminal de coletivos e estacionamentos, hoje a Praça da Matriz de tradições no passado serve como estacionamento privativo, diminuindo ainda mais o valor histórico de tal espaço, que já convive com o comércio informal e por menores infratores, além das garotas de programa grande maioria de pessoas naquele espaço.
De acordo com Rodrigues (2003, p.15): além do valor cultural especifico, do ponto de vista do turismo cultural, os bens patrimoniais possuem outro valor, o de serem objetos indispensáveis, cujo consumo constitui a base de sustentação da própria atividade turística.
Assim, o turismo pode ser uma das opções para se proteger e utilizar o patrimônio histórico. Para que os patrimônios históricos de Manaus possam servir ao conhecimento do passado e testemunho de experiências vividas, coletiva ou individualmente, se faz necessárias ações conjuntas entre o poder público e a sociedade civil, para se definir políticas patrimoniais que reconheçam a importância desses espaços para a história da cidade.
A Matriz e os dias atuais o Sagrado e o Profano
Podemos observar, na Praça da Matriz, uma enorme poluição visual e sonora, onde as placas e outdoors com tamanhos, cores, formatos e brilhos diferentes, nos impedem de visualizar e apreciar os monumentos e esculturas ali existentes.
Os ornamentos da Praça da Matriz, construídos de ferro, bronze e mármore, estão perdendo o seu brilho, devido às ações do tempo e das pessoas que não se identificam com os mesmos, resultado do enfraquecimento da identidade manauense. Outra situação grave que se pode perceber, na Praça da Matriz, diz respeito ao mercado informal, uma vez que a existência de ambulantes torna o simples fato de olhar e observar o que existe na praça algo desagradável. Esse problema, de ordem social, vai se tornando cada vez mais difícil de solucionar com o passar do tempo.
Com relação ao terminal de coletivos existente em frente à Praça da Matriz, o mesmo tem provocado poluição sonora extrema, além da poluição atmosférica ou ambiental ocasionada pelo grande número de ônibus que circulam por ali. Além disso, as pessoas que chegam ao Porto de Manaus não podem apreciar a beleza arquitetônica da Igreja de nossa Senhora da Conceição.
Contudo, o fator que atrai mais atenção como narra o jornalista do Jornal Acritica Júlio Pedrosa em publicação 15 de Maio de 2011: "Presente na maioria das cidades, a prostituição feita nas ruas é um dos traços que caracterizam as zonas portuárias e centrais principalmente nas capitais. No Centro de Manaus, não é diferente. A atividade é desenvolvida à luz do dia e nos locais mais inusitados. Mas um em especial chama a atenção: a Praça da Matriz. Bem no entorno da imponente Catedral de Nossa Senhora da Conceição, a primeira igreja católica construída na cidade, centenas de profissionais do sexo dividem espaço e a clientela formada, na sua maioria, por homens mais velhos, que circulam de forma aleatória pelo lugar em busca de programas sexuais. (...) A situação choca quem passa pela primeira vez na área. Mas basta observar a calma com que os transeuntes passam para concluir que a convivência com a prostituição naquela local é pacífica".
Segunda a reportagem aproximadamente 100 mulheres frequentam aquele local todos os dias, e estão ali localizados porque encontram tranqüilidade a entrevistada afirma que além de gradeada conta com a presença constante da Guarda Civil Metropolitana. "Aqui é mais seguro, a gente se sente mais tranquila e dá até pra rezar e pedir proteção", diz ela, admitindo que vez por outra entra na igreja, Na rotina de trabalho, ela conta que os programas sempre são feitos nos motéis da vizinhança. Nunca no pátio da igreja, por uma questão de respeito. É como um código de ética seguido por todas. "A gente conversa e acerta o programa a praça funciona como uma vitrine. Os clientes passam, olham, sentam e escolhem. Aqui é tranquilo, não há brigas nem cafetinagem", garante.
Como a Igreja Católica se posiciona sobre este fato, segundo pesquisas históricas notamos que a moral sexual, regulada pela Igreja desde o processo de cristianização do Ocidente até depois do Renascimento, começou a sofrer um outro tipo de controle, baseado não mais no sentido religioso, mas em pressupostos originados na moral social, o que repercutiu na instituição do modelo heterossexual monogâmico de família burguesa. Carneiro (2000, p.21) chama a atenção para a força desse modelo, que por ser tão característico da civilização ocidental não chegou a ser contestado nem mesmo pelos autores mais críticos da herança cultural cristã, como Engels e Freud.
Nas leituras e observações podemos notar o quanto esse tema gera várias discussões e contradições a Igreja Católica se vê ferida no seu templo, pois ama como irmãos os que lá estão, mas não concorda com as atitudes praticadas, pois do lado de dentro da igreja, a missa transcorre de maneira tranquila e de portas abertas. "A Casa de Deus é para todo mundo, homens, mulheres, alcoólatras, prostitutas, viciados. Ela tem que acolher a todos que aqui vem em busca de uma luz para suas vidas", afirma o vigilante Pedro V., 53. Ex-alcoólatra, ele é membro há 17 anos do grupo Alcoólicos Anônimos (AA), que se reúne numa das salas do complexo denominado Aviaquário, que funciona ao lado da igreja. "Não temos problemas com as pessoas que frequentam a Matriz. Pra gente, qualquer um tem o direito de rezar e pedir proteção", afirmou.
Sabemos que fiéis evitam a Matriz Nossa Senhora da Conceição, a Igreja mesmo criou horários diferenciados, a mulheres não adentram a Praça da Matriz por receio de não serem confundidas com as profissionais do sexo, fato esse constatado em pesquisa de campo que realizei uma senhora de meia idade estava indignada no templo com uma abordagem de um homem no momento de sua oração perguntado quando era o programa, "um constrangimento e uma falta de respeito" alegou ela, homens também são constrangidos, pois qualquer um que suba as escadarias já leva a fama que foi contratar uma profissional do sexo, a Igreja Católica é ferida na sua força maior na sua liderança, na sede do Vaticano na Capital Amazonense. È inexplicável.

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