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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Capela do Pobre Diabo


Nomenclatura de origem popular. À altura de 1882 um cidadão português de nome Antônio José da Costa, possuidor de uma quitanda na rua da Instalação, mais ou menos onde esteve a Alfaiataria Ramalho, mandou fazer uma taboleta que representava tipo andrajoso. Por baixo havia a legenda Ao Pobre Diabo. A esposa daquele cidadão, brasileira e mulata, por morte do marido mandou construir a capela de Santo Antônio, no Bairro da Cachoeirinha, a mesma que ainda lá está. Seu Antônio possuía casas modestas, e algumas resistem ao tempo no local que ficou conhecido por Pobre Diabo, mas a história começa a complicar-se depois que seu Antônio mudou da rua da Instalação para a Cachoeirinha, já dono do seu cabedal. 

Estabeleceu-se na Praça de Floriano Peixoto com uma casa de diversões, a que pomposamente denominou High-Life(1), e cujo anúncio ainda se pode ver nos jornais da época, de sua propriedade ou de sociedade. Após a morte, a casa de diversões dava espetáculos carnavalescos, bailes ruidosos. Seu Antônio consorciou-se no dia 28 de outubro de 1897 com a senhora dona Cordolina Rosa de Viterbo, que se achava in articulo mortis. Escapando da morte pela porta, assaz perigosa do casamento, dona Rosa, a mulata, sobreviveu ao seu Antônio e ela mesma montou uma casa de comércio liricamente chamada A Pobre Diaba, posto que não o fosse...

Citemos alguns documentos importantes a respeito de dona Rosa de Viterbo e da Capela: o jornal do Amazonas, de 12 de agosto de 1897, publicava o seguinte: “A muito conhecida e laboriosa sra. d. Cordolina Rosa de Viterbo tendo feito erigir à sua custa no Bairro da Cachoeirinha, Praça Floriano Peixoto, desta capital uma pequena e elegante capela, sob a invocação do glorioso Santo Antônio, estava disposta a mandar benzê-la no dia 15 de agosto deste ano, a fim de mais realçar as festas desta data memorável para o Estado do Pará, de onde é natural a referida senhora, atendendo, porém, a que os nossos irmãos brasileiros estão presentemente expondo a sua vida pela pátria, onde o fanatismo faz milhares de vidas(2), resolve adiar a benção da capela para outro dia que será previamente anunciado”. 

Donde se conclui que a igrejinha data de 1897. Tem mais: o mesmo jornal de 14 de junho de 1909 falava a respeito da capela: ”Terminou ontem a festividade de Santo Antônio, na capela do Pobre Diabo, na Cachoeirinha. A missa solene celebrada pela manhã, compareceram S. Excias. os Srs. Bittencourth e Dr. Sá Peixoto, governador e vice-governador do Estado, além de grande número de famílias e cavalheiros.

||||| VC SABIA ?  |||||

Na administração do Prof. Arthur Reis, dedicada grandemente ao setor cultural do Estado, a Assembléia Legislativa aprovou a Lei Estadual de nº 08, de 28 de junho de 1965, autorizando o governo a considerar a Igreja de Santo Antônio, localizada na antiga Praça do “Pobre Diabo”, como monumento histórico. Publicada no Diário Oficial de 30 de junho do mesmo ano, a igrejinha acha-se desde então, tombada sob a proteção do poder público. 

Pela sua importância mereceu, em 1997, projeto de restauração nos padrões técnicos mais elevados, elaborado por professores contratados e restauradores da SEC.


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