Exatamente no dia 1º de fevereiro de 1933 inaugurava em Manaus a Drogaria Rosas, na rua Marechal Deodoro nº 206, onde foi por algum tempo depois a Lobrás, desaparecida do local em virtude de um incêndio e no atual prédio, encontra-se uma loja de confecções.
O FIM DE UMA TRADIÇÃO
José A. Oliveira o 1º. gerente Fernando Costa – ultimo gerente
A tradicional Drogaria Rosas encerrou suas atividades em 27 de abril de 1989, após 56 anos de existência.
COMO SURGIU
Foi uma ideia do Comendador Joaquim Gonçalves de Araújo (JG), nascido em Portugal na Povoa do Varzim (14-02-1860+21-03-1940) e que aqui chegou ainda muito jovem com vontade de trabalhar e vencer. E fez as duas coisas.
Trabalhou, construiu um imenso patrimônio, ofereceu emprego aos amazonenses e a seus conterrâneos que aqui vinham em busca de trabalho.
Um dia, o também português José Alves de Oliveira,(foto) que por igual veio muito jovem para Manaus, empregou-se na Drogaria Universal (Rua Marechal Deodoro onde está a Sapataria Clarck) como auxiliar da firma que ainda tinha a denominação de Paulo Levy. Aos poucos, Zé Preto, como era conhecido o José Alves de Oliveira, foi galgando outros cargos até chegar ao de chefe do setor de aviamentos.
Um dia, também, o Zé Preto teve um entrevero com um dos dirigentes da Drogaria Universal e por isso vestiu o paletó, botou o chapéu na cabeça e foi embora. Deixava a casa onde trabalhou durante 26 anos e sem direito a nada pois naquele tempo não funcionava a pleno o Instituto que se chamada de Inamps.
Ficou pouco tempo desempregado. O velho JG mandou chama-lo e fez a proposta: “veja o que é preciso para montar uma drogaria”. Era a meta do bondoso velhinho que procurava sempre aumentar o seu patrimônio.
Estava tudo pronto. No dia 31 de janeiro de 1933, um domingo pela manhã, alguns operários estavam colocando a placa de fundo azul e letras em branco e duas cruzes em vermelho nas pontas, com o nome “Drogaria Rosas” atravessando a rua.
No dia seguinte, 1º. de fevereiro, numa segunda-feira, na Rua Marechal Deodoro no. 206 (onde hoje existe a Jumbo III e uma casa de calçados da Veleiros), era inaugurada a mais nova casa comercial da firma J.G. Araújo.
Freqüência em grande número, pois foi um montado um esquema que deu certo: qualquer produto custava 200 reis mais barato daquele praticado pela “adversária” Drogaria Universal.
Haviam alguns poucos funcionários da inauguração. Além do gerente, José Alves de Oliveira, o Zé Preto, faziam parte Antônio Ferraz que morava no Boulevard Amazonas, o Mário Santos e o Carlos Tomé.
Dois anos após a inauguração, O gerente Zé Preto adoeceu e foi obrigado a viajar para Portugal (foto) em busca de melhoras. Para seu lugar foi escolhido outro lusitano, Francisco Garcia que exercia atividades na Drogaria do Carvalhais e que ficou quase 20 anos como gerente, uma vez que Zé Preto, embora voltando a Manaus, não mais pôde trabalhar, vindo a falecer no dia 16 de janeiro de 1936, na casa no. 157, da Rua Dez de julho.
Na época de Francisco Garcia, a Drogaria Rosas contava com uma dupla de balconistas das mais eficientes e querida da freguesia: Fernando Magro e Raimundo Limonada, apelido dado pelos próprios colegas pelo fato de ser ele o único aplicador de injeções e de recomendar remédios aos seus clientes e sempre acertava em cheio. Eles comandavam o movimento de atendimentos.
Outros servidores foram contratados para substituir os que iam saindo ou pela ampliação dos negócios: Fernando Costa que passou a ser chamado de Fernando Gordo, Antônio Centeio, Norberto, Joaquim Loureiro, Alfredo Monteiro, Ruiter Simões que se juntaram ao Fernando Magro e ou Raimundo Limonada, este um dos bons remadores do Ruder Clube.
Outros gerentes passaram pela Drogaria: depois de Zé Preto e Francisco Garcia, veio Serafim Loureiro, Jorge Baird, Joaquim Araújo (neto do bondoso JG) e por último Fernando Rodrigues da Costa, um antigo torcedor do Rio Negro, no futebol.
Está no batente, há 49 anos como funcionário, pois começou em 1939 e há 20 anos está na gerência. Aposentou-se, mas fez novo contrato com a firma e agora, com 65 anos de idade, parou.
MUDANÇA
No dia 1º. de julho de 1957, a Drogaria Rosas saiu da casa 206 da Rua Marechal Deodoro para ocupar o prédio, que antes fora a Casa Mandarim e um pouco antes, na parte baixa a Alfaiataria Poli .
Dos atuais servidores da Drogaria Rosas, apenas Fernando Costa e Maria Denise são remanescente do antigo prédio. Outras estão por lá há algum tempo, como Nely, Nazaré, Marilia e Lourdes, as quais ainda não sabem o rumo que vão domar juntamente com outros 22 funcionários.
Maria Denise lembra que quando ingressou na Drogaria, ainda na Marechal Deodoro, era jovem e trabalhou com o Fernando e o Raimundo Limonada. É casada e tem cinco filhos. Foram 34 anos de serviço à frente de um balcão, Está aposentada e tinha novo contrato, mas acredita que ainda pode voltar a trabalhar no mesmo ramo porque precisa melhorar o seu orçamento mensal.
OUTRAS QUE FECHARAM
A Drogaria Rosas durou 24 anos na rua Marechal Deodoro, 206 e 32 anos na Quintino Bocaiúva.
É o fim de mais uma tradicional casa comercial de nossa cidade. É a quarta grande Drogaria a desaparecer: primeira a Universal, depois a Fink, mas tarde a Comercial, além das farmácias que também fecharam suas portas, como Studart, Costa, Lopes, Bastos, Pasteur, Osvaldo Cruz, Glória, Moderna, Barreira, Normal, -ex-Borba e até a pequena e desfalcada Farmácia Ferreira, no Alto de Nazaré.
Recentemente, outra tradicional drogaria de Manaus, fechou suas portas, a Drogaria Nossa Senhora de Nazaré.
Fonte: BAÚ VELHO