RECEBA NOSSAS ATUALIZAÇÕES DIRETAMENTE NO SEU E-MAIL | Para isso, informe seu e-mail digitando-o no campo abaixo e em seguida clique em SUBMIT.
PARA VISUALIZAR AS FOTOS EM TAMANHO ORIGINAL,
CLIQUE SOBRE NELAS !!!

terça-feira, 8 de abril de 2014

AVENIDA SETE DE SETEMBRO


Avenida Sete de Setembro
  
História local de uma quadra, pequeno trecho de uma Avenida. Suas casas, seus habitantes por cinco gerações. A mudança de feição e a certeza insofismável da ciclicidade da vida.

Esquina da Avenida Getúlio Vargas com a Sete de Setembro (do lado esquerdo), encravado no Cine-Teatro Polyteama, o Bar do Vasconcelos, arena e palco de efervecência política e "pancadaria" dos discentes do vizinho Gymnasio Amazonense D. Pedro II e ele, Vasconcelos, com educação e fidalguia, ímpar, reverteu esse quadro, transformando o Bar em Sorveteria. Ponto de encontro, não somente dos Professores e alunos, mas também, das famílias amazonenses.

Tempos depois o Bar-Sorveteria passou para o Adriano (Adriano Ruiz, descendente de espanhóis), assim permanecendo até ser adquirido pela empresa que também comprou o Cine-Teatro. Atualmente, tanto o Bar-Sorveteria quanto o Cinema deram lugar ao CORTEZ, Câmbio e Turismo.

O Cine-Teatro Polyteama, cuja bilheteria e porta de entrada se localizava na Getúlio Vargas e as de saída, grandes e largas, para dar vazão aos usuários, para a sete de setembro. Pertencente a Empresa J. Fontenelle, de propriedade do odontólogo Jonas Fontenelle, homem versado nas letras, e famoso como poeta, que além deste espaço, mantinha o Cine Odeon (localizado em área nobre Av. Eduardo Ribeiro para atender a elite) e o Cine Popular (no final da Av. Joaquim Nabuco, próximo a Praça Santos Dumont, voltado para os menos abastados).

Subindo a Rua Municipal ainda pelo lado esquerdo (atual 7 de setembro), localizava-se o Colégio Júlia Barjonas, famosa por seus métodos educacionais e que na década de 1950 passou a ser habitada por um dos membros da tradicional família Cohen, que mantinha próximo ao portão, um exuberante "pé" de Bela-da-Noite, que perfumava a rua toda. Vizinha a esta, a residência do Dr. Waldemar Pedrosa, advogado emérito, Procurador Geral da República e posteriormente Senador pelo Amazonas. Ambas as residências deram espaço para o hoje, Edifício Antônio Simões. Mas, antes de virar Edifício, a antiga casa do Dr. Waldemar Pedrosa, serviu de residência do Professor do Instituto de Educação do Amazonas, Alberto Corrêa e posteriormente, pertencendo a um outro proprietário, foi transformada em Restaurante Mexicano, alvo da curiosidade dos vizinhos, pelas pinturas típicas das paredes, música regional mexicana, tocada em alto volume e gastronomia exótica.

Na seqüência, a imponente construção em estilo colonial, a residência do Governador do Estado, Dr. Jonathas Pedrosa, pai de seu ilustre vizinho, Waldemar Pedrosa. Construção de dois pisos, edificada na porção mais elevada e central do terreno, também de dois planos, fazendo frente para a Sete e portão dos "fundos", para a Rua Lauro Cavalcante.

Após o falecimento do proprietário, o ex-governador, a casa se manteve fechada por um longo período e revitalizada, passou a abrigar um hotel de uma francesa, depois o Colégio Santo Antônio (administrado pelo Professor Alfredo Garcia), após, a sede do Luso Sporting Clube e, em finais da década de 1930, início de 1940, foi transformado no Colégio São Francisco de Assis, cuja Diretora, Dona Barbosinha (genitora do competente médico, Dr. Menandro Tapajós), foi responsável pela formação de centenas de estudantes. Aposentada, Dona Barbosinha, assumiu o Colégio, sua afilhada Leonor, que algum tempo depois contraiu núpcias com o Professor Fueth Paulo Mourão, que exerceu o magistério nas mais tradicionais Instituições de Ensino de Manaus (notadamente, IEA, D. Pedro II, Dom Bosco e Maria Auxiliadora, além de também ter pertencido a Seccional do Ministério de Educação no Amazonas).

Sob a direção de Fueth e Leonor, o Colégio São Francisco de Assis, oferecia os serviços de Internato, Semi-internato e Externato. Da primeira categoria, era usuária a ex-Secretária de Educação e Cultura do Amazonas, Professora Emina Mustafá além de outras figuras ilustres da cidade. Desta fase, nascidos aí, os gêmeos Paulo e Dora, Assis, Malu e Mazé. (esta última jornalista destacada e mãe do bailarino internacional, Marcelo Mourão), as noites intermináveis de piano a quatro mãos, no casarão da frente (Paulinho e eu, que saudade! Assis dividindo o teclado comigo ao som de... "um pato / vinha cantando alegremente / quem, quem !... crianças que vi crescer!) e o sonho de Fueth, de construir um prédio de dois andares, em forma de L, homenagem a Leonor. O prédio antigo foi demolido, parte do L foi erguido e o Professor Fueth partiu. O colégio entrou em colapso, fez convênio com a Secretaria de Educação e passou a funcionar como anexo do Pedro II. Depois, alugado, abrigou o Colégio Einsten e depois o INSS. Atualmente um novo "espigão" ocupa o espaço.

Ao lado do São Francisco, a Vila Xavier (em homenagem ao médico e proprietário da Vila, Dr. Xavier de Albuquerque). Por aí passaram: Aldagisa Fleury com o marido (na 1ª casa), depois Alegria e Flora Cohen. A família Castro (da Usina de Sal, porque no casarão da frente, do outro lado da avenida, morava o Castro do Guaraná-Brasil e depois Pajé), a Góes, a Vieira (do qual era membro o cirurgião plástico Cláudio Vieira), o Padre Ruas com a mãe (D. Emília), as irmãs Ruiz (Mercedez e Vitória) e...,até mesmo o Cartório Hélio.

Na casa ao lado, na Av. 7de Setembro, a Professora de primeiras letas, D. Lydia Facundo do Valle (irmã da D.Yayá, proprietária do Cine Avenida, na Eduardo Ribeiro). Na terceira casa, pertencente ao complexo da vila, na parte externa, residia o Sr. Alcebíades Langbeck e D. Neném.

Atualmente, a casa das irmãs Cohen, serve de residência a Carlos Quinzen Rodrigues e o térreo, abriga uma das lojas de sua família (Foto Nascimento). A da Dona Lydia, agora é ocupada pela Madame Joly, de perfumaria. A casa do casal Langbeck, posteriormente habitada por Carlos Aglair e seus descendentes, Evandro Socorro, Auxiliadora e Geraldo, dos quais, "Socorrito" (a teatróloga Beckinha), foi a que me deu mais trabalho. Hoje abriga o "Lima Color", num prédio de 3 andares.

Já não mais pertencendo ao "Complexo da Vila", construção erguida por Joaquim de Figueiredo (literato, na época, funcionário do Banco Ultramarino), posteriormente adquirida por D. Libânia Carreira e seu cônjuge Jorge, que mantinha sua residência no primeiro piso e no térreo, uma doceria. Chamada pelos vizinhos de D. Libanita, ministrava aulas de culinária, para as senhoras da sociedade. No momento atual serve de residência a Nelcy Benjamim, que no piso térreo, mantém uma casa de confecções, especializada em Skate.

Seguindo pela Sete de Setembro, em direção a Av. Joaquim Nabuco, originalmente, trecho do terreno baldio, da Vila Xavier até o prédio da esquina, era utilizado como depósito de lenha do Sombra; Bar na esquina do lado direito da Sete, foi edificada uma construção de dois blocos. Num, funcionando como Escola de Datilografia (Royalt) e a outra, mais recuada, a residência do Dr. Ademar Thury e sua esposa D. Ilma. Tempos depois, a residência deu lugar a uma outra Loja da Foto Nascimento e a Residência, que durante um período abrigou a Lima Color, encontra-se abandonada, alvo dos grafiteiros.

O atual Sombra Palace Hotel, ocupa área, onde originalmente existia um casarão assobradado, sendo que no piso térreo funcionavam diversas lojas e no primeiro andar a residência do genro do Sr.Torres mais conhecido como Sombra. A família era composta pelo patriarca José Loureiro, sua esposa Julia e seus filhos Zeca e Toninho.

Da janela do outro lado da Avenida, imagens foram se sucedendo, modificando a paisagem, por onde passaram figuras ilustres (nobres políticos, personalidades locais, nacionais como Martha Rocha, Miss Brasil e Getúlio Vargas, Presidente do País, e internacionais, como Craveiro Lopes, Presidente de Portugal) e a Banda da Polícia Militar, que saindo do Quartel à Praça Heliodoro Balbi desfilava tocando até o Palácio Rio Negro, Sede do Governo, onde uma vez por semana a Bandeira Nacional era hasteada, ao término, no seu retorno, desfilava entoando marchas militares. Alegria da garotada!

E o Cine Guarany tombou, transformando-se em escombros. Originalmente, Cine Olympia, depois Cine Teatro Alcazar, de estilo arquitetônico inspirado no Oriente (Mouro/Mourisco) e somente, muito tempo depois, Cine Teatro Guarany. Localizado na confluência da Rua Leovegildo Coelho (Intendente Municipal) que dá prosseguimento para a atual avenida Getúlio Vargas, com a Rua Municipal (hoje Av. 7 de Setembro). 

Sob a última denominação (Cine Teatro Guarany, cujo último proprietário, Adriano Bernardino, tendo na gerência, o Vovô Vasco, da garotada dos agora na faixa de 50 anos, dia 6 de agosto de todos os anos, as 6h da manhã era saudado com salvas de fogos de artifício, e entoada a ópera "O Guarany" ( do maestro Carlos Gomes), com "Cinema ao Ar Livre" (com tela, bem alta, montada no Pina, espaço de efervecência cultural e política, que dividia a rua em duas mãos), Matinal às 9h para o público infanto-juvenil e Matinê das 13h, para o juvenil, bem como o das 16h para os mais velhos, além da sessão de gala às 20h para o público adulto. O "Cinema ao Ar-Livre", reunindo centenas de aficcionados (pelo Cinema e pelas películas), começava às 19h, indo até às 19h e 30min. Aí eram apresentados, via de regra, desenhos animados do tipo "Tom e Jerry" e "Lady e o Vagabundo", possivelmente responsáveis pelos inúmeros romances e enlaces matrimoniais que se dissolveram ao longo do tempo ou se perpetuaram até nossos dias. 

Na Matinal e Matinê das 13h, eram distribuídas centenas de brindes, miniaturas de sabonetes e pasta de dente, até revistas infantis, passando por balões e bombons – rapidamente substituídos por chicletes, devidamente mascados e pregados nos cabelos compridos das menininhas (maldade "curtida" intensamente pelos meninos da época). Agora, o espaço é ocupado pelo Banco Itaú, a revelia dos movimentos intentados pelos distintos segmentos sociais: intelectuais de todas as áreas do conhecimento humano, estudantes e o seu público final, os párias: prostitutas, homossexuais, desocupados, mendigos... Estes últimos, de acordo com a vertente de caracterização do Patrimônio Cultural, não oficial, movidos pela afeição, quando de sua derrubada, sem desprender nenhum fragmento, aplaudiam. Quando no entanto, o primeiro grande bloco se soltou, salientes, encetaram a marcha fúnebre do desespero e da impotência, pela perda do referencial cultural. 

A seguir do Guarany, pelo lado direito, foco deste texto, existiu, primeiramente um Restaurante Campestre de propriedade do imigrante português, Jaime Fernandes e de sua esposa Javiera Fernandes, que ofereciam pratos da comida regional (de seus países de origem) e local (do Amazonas). A par do Restaurante, mantinham, ainda, uma loja de móveis de 2ª mão, ou seja, usados de qualidade e extremo bom-gosto, onde se encontravam, objetos valiosos, adquiridos por preços acessíveis ao grande público. Posteriormente, esta área, de propriedade da família do Comendador J.G.Araújo (Joaquim Gonçalves Araújo), desmembrada, um pequeno espaço que foi alugado para um funcionário da Polícia Civil, Sr. Jaime Rodrigues, cuja esposa, mais conhecida como "D.Zita" implantou a venda de "quitutes" regionais, incluindo o famoso "tacacá" paraense. No corpo principal, foi instalada uma loja de tecidos, pelos irmãos Rebello. Agora, as duas construções apresentam em seu frontão o nome de "Sport Line Nell", fabricante e venda de material (roupas e equipamentos) esportivo e escolar. 

Na seqüência, um terreno, tendo, na porção voltada para a rua, um galpão utilizado como depósito da Loja Rebello e na porção mediana para a final do terreno, numa construção regional, de madeira, assentada sobre "pilotis", cedida para a Viúva Raimunda dos Santos. Atualmente, deu lugar ao "Ponto dos Sucos" e a uma loja de material de construção-hidraúlica e elétrica. Logo em seguida, numa das casas geminadas, atualmente habitada pela Sra. Mirna Quinzen Rodrigues, na parte superior, no térreo, se encontra outra loja da família, a "Foto Nascimento". Esta casa construída originalmente por um dos irmãos Levy (Benjamin) e foi posteriormente vendida para Dom Frederico Jaña, de origem peruana, rico proprietário de terras, algumas das quais, as fazendas: São José e Santo Antônio do Amatari (atual). 

Com o passar dos anos esta casa foi adquirida pelo advogado Virgílio de Barros, avô da jornalista Baby Rizzato que, algum tempo depois, transferiu-se para o Rio de Janeiro e a vendeu para Antônio Rebelo, que pouco tempo depois mudou-se também para o Rio de Janeiro, alugando o imóvel para terceiros. O piso superior, para a família Norões – Lemos (o Professor de Geografia, Sebastião Norões e da irmã do Professor, a tia Glorinha da garotada e seu cônjuge, Torquato Lemos, fiel escudeiro do Governador Arthur César Ferreira Reis). O piso térreo por sua vez, foi alugado ao emérito professor de português, poeta – Farias de Carvalho (Carlos Farias Ouro de Carvalho), que declamava suas poesias, principalmente "Baú Velho", enquanto eu, dedilhava ao piano, na sala dos professores do Colégio Pedro II (Ginásio, Estadual...), um noturno qualquer de Chopin. Poema este constante de livro seu, publicado pelo Clube da Madrugada e devidamente "cremado" numa de suas intermináveis desavenças com sua esposa Dadi (Odair Pimenta de Carvalho). Ainda habitando o "porão" do Norões, numa outra "briga" e conseqüente "pazes" na "sala verde" como sua primogênita (Graça Pimenta – Maria das Graças Pimenta de Carvalho) a denominava, a "Sala de Visitas" da minha casa, foi declamada a obra prima da Farias de Carvalho, de joelhos, "Noturno, quase canção, quase começo de inverno", dedicada para a mulher e filhos ("... nós dois, nós cinco, sem noção de tempo algum passando..."). "Noção" presente e muito sentida. Farias se muda e o piso térreo é alugado pela D.Zéfa, Mestre Pedro e seus filhos, uma das quais, foi professora de reforço da minha caçula. 

A casa geminada, construída pelo outro irmão Levy (Jacó), de mudança para sua terra natal, Paris, serviu de Escola particular, abrigando alguns alunos do interior, mas não teve vida longa e foi vendida para o industrial Alfredo Alves Pereira de Castro, para presentear sua esposa, Arminda Esteves de Castro, sobre a qual voltaremos a falar na Série Memória intitulada Avenida Sete de Setembro III. 

Ao lado desta, num terreno de grandes dimensões encontrava-se instalada uma "Estância" (no sentido português), que apesar de abrigar pessoas de poder aquisitivo de baixa renda eram extremamente bem-educadas e sociáveis. Entre as moradoras, D. Isabel, quituteira, inigualável, que além de manter uma "banquinha" para a comercialização de suas iguarias, quando acontecia uma festa, numa das casas das redondezas ou alhures, era a responsável pela elaboração da comida oferecida. 

Hoje em dia, encontram-se instalados, neste espaço, o prédio do empresário, já falecido, Walter Esteves de Castro, e outro do empresário também, falecido José Grosso. Agora, O 1º prédio permanece fechado e o 2º, com maior disponibilidade de andares, alugado, abriga o SERASA e a Agência do Banco Real. 

Colado a este, originalmente um muro, seguido de um terreno, que servia de local de despejo para o Bar da esquina, o Bar do Sombra, que tornou-se propriedade do genro do proprietário anterior, o qual, com sua morte, foi remodelado, passando a abrigar, na parte superior (1º piso), os apartamentos de dois de seus herdeiros, Zeca e Toninho, além de outros que foram alugados. No térreo, embaixo do apartamento maior, o do Zeca, funcionou por muito tempo, a Lavatex, uma das primeiras lavanderias instaladas em Manaus, além de várias outras lojas; de caldo-de-cana, de música (a Discolândia, que depois atravessou a rua e se instalou onde hoje está o Hotel Sombra), dentre outras. Na esquina, o FRICARNE. Atualmente, tanto em cima, no piso superior, quanto no térreo, servem a outras finalidades. Só o FRICARNE, continua a ser um açougue alugado pela família Bayma. Mesmo sabendo que o tempo é inexorável, continuo a ver/sentir as mudanças ocorridas neste trecho, de uma das artérias públicas, mais movimentadas da cidade, palco de grandes e profundas transformações. 

Encravada no meio da quadra no lado direito da Avenida 7 de Setembro, no nº 1202, entre as avenidas Getúlio Vargas e Joaquim Nabuco, um oásis de sonhos e recordações. "Ó pequenos, vocês nem deixam eu acordar direito? Puxem-se daqui para fora, voltem para as vossas casas..." e cabisbaixos Graça Pimenta e Fran (Francisco Renato – filhos do poeta e professor Farias de Carvalho),ainda segurando na mão o pão que deveriam ter comido no café da manhã, sorrateiramente, se esgueiravam, encolhidinhos e em silêncio, ficavam sentados no batente da sala de visitas, "roendo" seus pães, esperando que a matriarca portuguesa fosse tomar seu banho matinal e posterior desjejum, para que seus coleguinhas de folguedo e moradores da casa, abrissem-lhes a porta, pois a seguir, seriam eles os porteiros que facilitariam a entrada da garotada da rua, enquanto os da casa tomavam o seu café. Evandro(Langbeck), o mais assíduo, que mal se equilibrava sobre as perninhas, de calção e chinelo, era trazido pela própria mãe(Aglair), ao seio amigo onde meus filhos(Alfredo Augusto, Maria Arminda e das Graças) choravam a perda de seus bichinhos de estimação. Depois, vinha o Sebastiãozinho(Sebastião Norões Lemos), que na hora do almoço, ia embora, atendendo o chamado de sua mãe(Glorinha), pelo que a garotada chamava de "telefone interfundal", um grito dado, na altura do primeiro quarto, onde existiam três "postigos"(aberturas na parede para ventilação), que facilitavam a propagação do som. Os outros três, muitas vezes, surdos aos chamados, permaneciam junto aos meus três e por aqui almoçavam. 

Humilde e calado, Mangabeira(Dr.Carlos José Mangabeira Silva), colega de meu filho no colégio Dom Bosco, com as mãos abarrotadas de revistinhas infantis, para trocar emprestado com as da garotada da casa. Depois chegava Henel Levy(filho da professora Dinaray), também do colégio Dom Bosco e Renato Augusto Pinto Braga (Arquiteto), para trocar selos e revistinhas com Mangabeira e Alfredo. Marcílio (filho do desembargador Marcílio Dias de Vasconcellos), outro aficcionado pelas revistinhas. Sua irmã Euza (Juíza Euza Maria de Vasconcellos) já foi da segunda leva, já mais velhinha, nessa época era apenas uma companheira da D. Dulcéia (Professora particular e do Grupo Escolar José Paranaguá) e dos meus dois filhos mais velhos, de seu irmão e do Henel Levy. Paulo e Assis Mourão, também chegavam após se desincubirem das suas tarefas de manutenção do Colégio( São Francisco de Assis). Chegava, também, Alfredo Assante, meu afilhado João Roberto e seu primo Paulo Pinto. Iam todos para o quintal da fábrica de guaraná Pagé de Castro&Cia (até hoje existente, em outro espaço e com outro dono) e se juntavam a Élcio, Simão, Moysés, Mário, Graciene, Graciete e Graciema Assayag (as três últimas para brincar de boneca com minha caçula Graça), que vinham pelo muro. Outros que também chegavam Mariene e Enésio Eugênio (filhos do àépoca Sargento do Exército Enésio). 

O mascote do grupo, Luiz Carlos Góes (morador da vila defronte), de apenas quatro anos, apelidado de Cri-cri, era o terror da garotada, com sua curiosidade insaciável, que um dia em função de uma resposta "atravessada", sobre a localização do Japão cavou um enorme buraco no quintal, para onde todos iam, soltar papagaio, jogar bolinha, voley, futebol e na época da safra, tirar mangas (manga rosa) do Sr. Mendes (Foto Mendes, na Joaquim Nabuco, vizinho ao casarão dos Assayag). 

Aos sábados, após a digestão e o retorno dos que iam almoçar em suas próprias casas, desfrutavam do banho no grande tanque (depósito d'água para lavar garrafas de guaraná, vinagre, cachaça e vinho) da fábrica, onde, sem o conhecimento de seu proprietário, minha segunda filha(sobrinha e afilhada do industrial), criava peixinhos. Era uma folia. E tudo isso com o meu assentimento e sem que a Saúde Pública soubesse. 

Lá pelas quatro horas da tarde,encerrava-se o banho, sob os meus gritos de comando, por cima do muro da varanda de frente, lavava-se o tanque, esgotava-se (mantendo-o sempre com água por causa dos peixinhos), colocavam-no para encher e as correrias iam trocar de roupa em suas casas ou aqui mesmo, enquanto que outros iam embora. 

Em romaria, cercada pelos pequenos, ia comprar na praia do Mercado (Municipal Adolpho Lisboa), os ingredientes do "cozido à portuguesa", de domingo, devidamente "amazonizado" pela velha matriarca, que já lhe havia acrescentado a banana pacovão, batata doce, o jurumum e o insubstituível pirão, elaborado com o caldo do cozido, recheado de carne verde gorda, muito toucinho e chouriço defumado. 

No domingo após a missa das 7, no Dom Bosco e tempos depois, na matriz (Catedral de N.S. da Conceição, padroeira do Amazonas), reuniam-se no velho casarão, para prestigiar o "cozido da Vovó Arminda", regado a vinho com guaraná ou vinho com água e açúcar, íamos todos a matinê da uma (13h), do Cine Guarany, Polyteama ou Éden. 

Numa segunda fase, épocas dos namoricos passaram pelo casarão, Euza Maria(Juíza), Sandra Alexandre(Professora da ETFAM) e suas primas Suely e Ilsa Maria Honório(atual Vallois Coelho), Luiza(Dep. Maneca) e Célia Cabral, Maria José Lima e Silva, Lucia Thereza Cavalcante Lemos(cuja consequência do namorico com Élcio Judá de Oliveira Assayag, foi o casamento mantido até hoje), José Duarte Alecrim, Álvaro Gazzinco(colegas de turma do Alfredo no Dom Bosco, que sofreram o primeiro acidente de carro, na kombi do Alecrim, na Estrada da Ponta Negra), Miguel e seu primo Rodrigo Medina(o 1º do Dom Bosco e o 2º do IEA), Marly e Sonia Ruiz, Edna Sarquis, Josimar Coelho, João Ricardo Lima, José Carlos( o Búfalo), Tunica(Antonia Lobo) e sua irmã Ana Maria, Ísis Maués, Péricles Brandt, Armando Brasil, Alfredo, Amadeu Pinto(médico e carnavalesco), Antenor Amazonas, Anita Sabbá, Circe Melo, Serafim Corrêa, do Colégio Brasileiro. Passaram também Maria Adelaide Mahomé de Souza, Maria do Socorro Abreu Langbeck(Beckinha), Gebes Medeiros, Anibal Melo e Frederico Arruda em dias de aniversário, mais José Renato Dudu Bagre, Anna Tereza Pena Ribeiro, Maria de Fátima Loureiro da Silva(filha do Zeca do Sombra Palace Hotel) e tantos mais. Crianças crescidas, preocupações redobradas. Pimenta do reino moída no moinho de guaraná da fábrica, devidamente jogada do alto do Teatro Amazonas no meio de uma peça ou convenção da UNE(União Nacional dos Estudantes), de saldo, Alfredo, Álvaro Gazzinco e Miguel Medina, detidos e levados para a delegacia onde o Dr. Gebes Medeiros, avisa-me pelo telefone que estava mandando uma viatura deixar os três no casarão, enquanto minha filha Arminda, Maria Adelaide e Roberto Gesta, vindo a pé, desesperados para dar a notícia. 

Outra detenção, na eleição da UESA(União dos Estudantes Secundaristas do Amazonas), envolvendo atrito entre: Alfredo, Álvaro e Alecrim(Dom Bosco),Amazonino Mendes(nosso Governador), Clinger Costa(PedroII). Sobressaltos e muita angústia com as confusões. 

Numa 3º fase, os meus dois filhos mais velhos já estudando em Curitiba e eu Professora do Estadual(Dom Pedro II), alunos e professores, juntos com minha caçula, faziam do casarão, uma extensão do Colégio. 

Em todas as fases, noites regadas a guaraná e piano. Vozes no coral das diferentes gerações. Confidências conselhos, auxílio nos trabalhos de pesquisa escolares, saudades de um tempo que não volta mais, principalmente daqueles que de um outro plano, observam a vida que continua a correr no casarão da sete: Henel,Gebes, Anibal, Marcílio, Paulo Mourão, Paulo Pinto e Alfredo, meu primogenito. 

Como a história é cíclica, o casarão agora é frequentado pelos alunos de minha 2º filha, pelas minhas netas, filhas da caçula Maria das Graças, suas colegas e a vida se repete. 






Um comentário:

  1. Gostaria de ver fotos do casarão que deu lugar ao Edf. Antônio Simões ,

    ResponderExcluir