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sexta-feira, 9 de maio de 2014

O Avião Amazonense


Tomara que não pensem que se tratava de invencionice, ou coisa parecida. É que nos dias que correm pouco se sabe e se vai armazenando do passado, ainda que mais recente passado, porque o que se vislumbra é sempre o futuro promissor a partir das máquinas e equipamentos sofisticados, da técnica e da arte de conhecer o mundo sentado diante de um computador viajando pela internet.

O Amazonas teve o seu próprio avião, fabricado aqui mesmo, por mais de dois anos, nos fundos do Palácio Rio Negro, a casa do comerciante alemão que virou sede do governo e atualmente é centro cultural a serviço da música, dança, artes plásticas e do teatro. E vou colher a informação original no artigo de Danilo Du Silvan, lançado no O Jornal de 30 de maio de 1966.

Era o ano de 1928. Estava no governo do Estado o mineiro Ephigênio Ferreira de Salles. Nas águas do rio Negro, a partir do Armazen 20 da Manáos Harbour Limited, o hidroavião amazonense ganhou o mar negro numa manhã de sol quente. Construído nas oficinas cedidas pelo governador, pelas mãos do mecânico e motorista Silvino José dos Santos com o auxílio de Cromwell Ferreira de Carvalho. O avião respondia ao entusiasmo que sobre nós lançou a passagem do avião Santa Maria que aquatizou em Manaus em 1926 - do marquês de Penedo -, que chegava de uma longa viagem por vários pontos do país.

Tudo começou com o modelo de papelão e foi realizado com chapas metálicas, lonas e madeiras do Amazonas como cedro e andiroba; e a hélice de tração feita de pau -d´ arco, obedecendo as mesmas linhas do hidro-avião Santa Maria que, igualmente, seguia as linhas do Jaú com o qual o aviador brasileiro Ribeiro de Barros atravessara o Atlântico.

Posto na água, diante de um público que acorreu especialmente para ver o invento, o avião deslocava-se na baia do rio Negro mas o motor não conseguia impulsioná-lo para o vôo. Diante do fato e com as explicações que o construtor lhe dera, o governador fez votar na Assembléia Legislativa dotação orçamentária especial que financiasse uma viagem ao Rio de Janeiro e lá pudessem ser feitos estudos de compatibilização do aparelho com o motor que deveria dispor para conseguir voar. Eram reparos mecânicos que exigiam a análise de especialistas em matéria não dominada inteiramente pelo idealista que o construíra. A verba de dez contos de réis nunca chegou a ser liberada pelo erário e Silvino ficou em Manaus, construiu outra hélice, fez novos flutuadores mas sem conseguir resolver o problema do motor, foi perdendo o entusiasmo.

O hidro-avião batizado de Amazonas-Brasil não chegou a levantar vôo, mas demonstra o entusiasmo e a capacidade inventiva da nossa gente. Sua hélice encontra-se no Museu Crisantho Jobim, do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas.

Seu principal auxiliar Cromwell Ferreira de Carvalho nascido em 23 de maio de 1910, era filho de João de Deus Carvalho e Maria Ferreira de Carvalho e foi nomeado originalmente para o cargo de Guarda Civil de 2a classe, em 6 de novembro de 1931 e trabalhou na Inspetoria do Trafego. Brevetou-se depois pelo Aero Clube do Amazonas em 11 de julho de 1945, obtendo o registro 4820, tal a paixão que o dominou, mas anos depois foi motorista do governador Álvaro Maia.

Silvino faleceu em Manaus em 18 de junho de 1958, deixando viúva a senhora Maria Rodrigues Souza Santos, que residia na rua Quintino Bocaiúva 535

Foto: Acervo Mário Ypiranga Monteiro 

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