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terça-feira, 13 de maio de 2014

Brinquedos Infantis da Manaus Antiga


Esta não é a minha seara, por assim dizer. Devo pedir licença aos estudiosos da matéria para invadir este mundo de encantamentos, mas como em todos nós vibra sempre uma criança, posso crer que não vou incomodar ressuscitando alguns brinquedos que fizeram e, por aí afora, ainda devem fazer a alegria de muitas crianças.

Não é coisa tão antiga, porque usada no meu tempo de menino e ainda pude ver no bairro da Cachoeirinha, em Manaus, em julho de 1986 quando tomei a termo as notas que redundaram nesta série Memória.


Carro de Pneu 

Constitui-se de um pneu de automóvel, usado e sem câmara, bastante oleado por dentro com graxa ou óleo queimado, e dois cabos de vassoura (madeira roliça) com os quais a criança pode empurrar o pneu, levando os cabos de vassoura em posição inclinada, na altura do peito. Para frear deve-se fechar os cabos de vassoura bruscamente, no sentido interior do pneu, encostando-os, ao mesmo tempo, nas laterais inferiores internas e superiores externas do pneu. As varas de madeira, quando em função, formam um V , no sentido da direção do pneu. 

O resto é a alegria e criatividade, porque o carro buzina, faz barulho quando freia, patina no asfalto, canta pneu na arrancada, tudo conforme o desejo do brincante e de acordo com a sua voz. 


Futebol de botão de caroço de tucumã 

Tucumã é fruta regional bastante saborosa, rica em vitaminas e pode ser servida nas mesas de lanche e café da manhã, inclusive como sanduíche de pão bem quentinho e na manteiga. 

Os caroços são raspados e partidos ao meio, ou serrados para esbandear de forma bem certinha. Os tamanhos podem ser diferentes, como no caso daqueles que vão servir de "beques", que são cortados em 1/3, para constituírem botões mais altos. Deve-se fazer jogadores mais baixos, de circunferência maior, para jogarem no ataque do time. 

Devem ser lixados com lixa de madeira, ou mesmo no asfalto, para eliminar todos os resíduos da casca externa do caroço, já cortado, para ficar o mais liso possível. Depois usa-se passar lixa fina e encerar com cera de carnaúba, graxa para sapatos, preta ou marrom , seguida de polimento com vela ou novamente a cera de carnaúba. 

Composto o time, cuida-se de forma especial do goleiro que pode ser feito de caixa de fósforos vazia, recheada de chumbo derretido, ou mesmo areia ou barro molhado, como preferem alguns especialistas neste brinquedo. Depois se deve revesti-lo com as cores do time escolhido, ou com o nome do jogador. 

A bola utilizada é de cortiça, redonda, cortada lentamente com lâmina tipo gillete, a partir de uma rolha normal, de garrafa de vinho, sem buracos. Deve ser lixada com lixa bem fina, lentamente e com todo o cuidado. 

Para movimentar os jogadores deve-se usar pente de cabelo, tipo "flamengo", ou outro com a mesma flexibilidade. As traves que são armadas no campo de jogo, são feitas de madeira comum ou arame retorcido, com rede tecida em linha, barbante ou de pano de filó, no formato tradicional do campo de futebol. 


Trator ou carro de latas 

Já vi muito carro andando por aí. Eu mesmo fiz os meus, na alegria dos meus primeiros anos. Usam-se latas de leite em pó, bem tampadas, cheias de areia branca e algumas pedras pequenas. As latas são furadas no fundo e na tampa, com um só furo, por onde se passa o arame grosso no qual se liga o outro de lata igual, com o mesmo tamanho e peso aproximado que, ao final, emenda-se em outro arame fino, (com duas pernas separadas) com o qual pode-se puxar o carro que normalmente é de três latas, atreladas. 


Baladeira 

Para fazer esta brincadeira que também parece arma, cortam-se duas peças de câmara pneumática, tipo média, com mais ou menos 3 cm de largura e 25 cm de comprimento. Devem ser unidas a uma peça de couro, de 4 a 5 cm de largura e 6 a 8 cm de comprimento com 1 corte em cada extremidade no qual se introduza fita de câmara, dobrando-a para ultrapassa-la e unindo-a com barbante forte e nó de porco, passando a constituir peça única. A parte de couro deve ser engraxada , pelo lado externo da peça, tendo-se o devido cuidado para não dentar a fita de câmara quando cortá-la. Nas extremidades da peça deve ser colocado barbante de boa qualidade, em fita dupla, com mais ou menos 15 centímetros de comprimento para prender nos dedos da mão do atirador. Devem ser utilizados os dedos indicador e vizinho, em laçadas simples. Pode ser usado com forquilha de preferência retirada dos galhos de goiabeira que verga mais não quebra. A forquilha forma um desenho semelhante ao da letra ypisilon, em madeira cortada de galho de árvore, com perna média, de mais ou menos 20 cm, para o atirador ter onde segurar com firmeza. 

Coloca-se a pedra, pequena, redonda de preferência, que passa a funcionar como bala. Deve ser usada como brinquedo, mas inadvertidamente pode transformar-se em arma. Deve-se deixar o cordão bem no meio do dedo. Coloca-se o laço no máximo até a marca da primeira falange de cada dedo. Para atirar ou balar, transforma-se o dedo em formato de forquilha, como se fosse um ypisilon. 


Bola de meia 

Futebol é paixão de verdade. No meio da rua, nas quadras, nos campos, nas salas da casa, nos corredores do colégio, em qualquer lugar pode-se fazer um campinho ou mesmo jogar uma bola, fazer embaixadas, chutar na parede, tabelar com o colega ou bater de pé em pé, e até narrar o jogo como se fazia no rádio antigamente com toda a riqueza de detalhes.É que a produção industrial ainda não tinha variado tanto em forma e custos para fazer bolas de todo o tipo e tamanho e com preços acessíveis. 

A bola de meia surgia da meia usada do homem, sem furo, de preferência de algodão. Para fazê-la deve-se encher a meia de papel, de preferência de jornal velho amassado, dando forma de bola, enfiado até o fim, de modo a ficar até próximo o calcanhar da meia. Depois se dá um nó simples com a própria meia, uma forma de laçada, virando-se a outra ponta da meia do avesso até cobrir a parte que está cheia de papel, cobrindo-a inteiramente fazendo-se depois uma costura simples para arremate. Depois, é só colocar a bola no campo e viver a emoção que o futebol permite, com o sonho de ser campeão. 

Ilustrações: Carlos Guimarães Maciel Jr.

Texto: Robério Braga




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