Flandres Futebol Clube
No batente da porta da casa nº 220, da Rua Xavier de Mendonça, onde Carlos Zamith residia, foi fundado em 1943, o time que passou a chamar-se de Flandres Futebol Clube. O nome foi escolhido pelo saudoso Híspere Araújo, o Peroba, que morava numa casa em frente. Eu mesmo pedi a ele, na época estudante do Ginásio Amazonense e uns três ou quatro anos mais velho que os do grupo, que arranjasse um nome para o nosso time.
Alguns dias depois, o Peroba trouxe-nos a notícia: “taqui o nome para o time de vocês” – FLANDRES. De repente, em tom espantoso, um olhou para o outro desconfiado e o Peroba foi logo esclarecendo: “é o nome de uma cidade na Inglaterra”. Acatado o nome, comprei um jogo de camisas na secção de Modas do J.G. Araújo, situada na Rua Marechal Deodoro – verde e branco e listras verticais, calções brancos e só.
A estréia do Flandres foi no campo do Rapapé, no início da Rua Leonardo Malcher, local de boas disputas quando o rio vazava. Animados com os primeiros resultados combinamos um jogo contra o Brasil, da Bandeira Branca. A rivalidade era grande entre as duas ruas. O Flandres foi reforçado com o ponteiro Murilo, que morava na Xavier de Mendonça. Vencemos por 4 a 1, lá mesmo no Rapapé.
Na primeira lavagem do equipamento, pela péssima qualidade do tecido, as camisas ficaram desbotadas e, para melhorar o visual, pedi para minha avó Isabel tingi-las de verde.
Nossos jogos continuavam sendo no Rapapé, onde vez por outra enfrentávamos uma equipe da Leonardo Malcher formada com bons valores, inclusive com o saudoso zagueiro Gatinho.
Mas o Flandres durou apenas um ano. Assim que as camisas foram se acabando pelo uso, o time também desapareceu por completo. Muitos de seus defensores foram para outros clubes do bairro. Murilo, após a nossa vitória frente ao Brasil, da Bandeira Branca, foi levado pelos irmãos Rebelo para o El-dorado que disputava o campeonato da primeira divisão. Azamor também ingressou no El-dorado; Alberto Cidonha e Fernandinho, jogaram no Fast e Jefferson no Independência no tempo de Iano, Carapanã, Osak, Cláudio Coelho, Idelfonso Teixeira, jogadores que estavam em final de carreira.
Eu, que jogava de zagueiro, cintura dura, sempre usando chuteiras amarelas de couro duro fabricadas pelo Nicolau Montemurro e positivamente o pior do time do Flandres, só jogava porque era o dono da bola, das camisas e ainda financiava, depois dos jogos, o refresco de xarope de Guaraná Sorbilis. Não passei do time de aspirantes do Oberon; do Tuxáua da Bandeira Branca; do juvenil do Independência, na época treinado pelo antigo jogador Ofir Corrêa ou ainda de reserva do time de aspirantes do Eldorado, embora tenha participado, em 1948, do time titular do Brasil, da Bandeira Branca, no Campeonato da Liga Auxilium, do Colégio Dom Bosco, organizado pelo professor João Liberal.
Fonte: Baú Velho / Posted by: Carlos Zamith
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