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terça-feira, 29 de julho de 2014

Cine Palace

Cine Palace



No início de 1965, a empresa de cinemas A. Bernardino & Cia. Ltda., então dirigida por Aurélio Antunes, Adriano Bernardino Filho (Adrianinho) e Mário Bernardino, adquire um terreno no boulevard Amazonas (atual Álvaro Maia) esquina com a rua Ferreira Pena. Visando ampliar sua cadeia cinematográfica, nele constrói uma sala de exibição, denominada de Palace, com capacidade para 400 espectadores.

A inauguração oficial ocorreu em 18 de novembro do mesmo ano. Na manhã, o governador Arthur Cezar Ferreira Reis (1906-1993), acompanhado da esposa, Graziela Reis, da imprensa, de autoridades e dos proprietários do cinema, cortou a fita simbólica. Em seguida, discursou o advogado da empresa, Dr. Joaquim Ferreira Marinho (1912-1972).

Em breves palavras, entrega ao povo de Manaus um novo cinema e aproveita para revelar a motivação da data de sua inauguração: “Nesse dia, se estivesse vivo, estaria completando 64 anos de existência o Sr. Adriano Bernardino, sócio-fundador da firma que muito fez pelo seu progresso e bem estar” (O Jornal, 19 nov. 1965).

Prosseguindo o cerimonial, a esposa do governador descerrou a placa de bronze afixada no salão de espera, homenageando o fundador Adriano Bernardino (1901-1961). Arthur Reis, aproveitando a solenidade, em breve discurso, afirmou que o Amazonas precisava de obras de vulto como a que acabava de entregar ao povo amazonense, não somente por particulares, mas também de parte do governo estadual.

Encerrando a festividade, foi exibido o curta-metragem Roma em Madri,antecedido dos complementos A Marinha descobre o Brasil; Aprendizes do mar; e AM-1, história de uma rodovia, produzidos por J. Borges Filmes Ltda.,além de um complemento nacional de Herbert Richers. Para o visitante mais jovem, complemento nacional nada mais era que uma espécie de documentário mostrando ações do governo.



Convite da inauguração publicado em jornal


Para o povo, a inauguração ocorre às 20h, ao preço de Cr$ 500,00 (quinhentos cruzeiros), com distribuição para o público feminino da revistaGrande Hotel, exibindo A Queda do Império Romano, superprodução da Paramount, com os astros Sophia Loren, Stephen Boyd e James Mason. Conforme os diários, após a inauguração desta sala, a direção da A. Bernardino estava cogitando em construir outro cinema, projetado para o bairro de São Jorge. Este projeto, infelizmente, não se concretizou. 

No palco do Cine Palace também eram realizados shows, como o realizado em 6 de novembro de 1966, quando houve a apresentação única do cantor francês Jacques Sasson. Os cantores nacionais, Wanderléia, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Eduardo Araújo, Os Vips, Golden Boys, e outros da intitulada Jovem Guarda, também encantaram o público neste cinema.



Jornal do Commercio, 21 dez. 1966


No entanto, em 20 de dezembro de 1966, cerca do meio-dia, forte chuva provocou o desabamento do telhado do Cine Palace. O desastre assustou, destruindo cadeiras da platéia e provocando uma imensa nuvem de poeira. Felizmente, naquela hora, o prédio encontrava-se vazio. Em seu interior, apenas os funcionários da limpeza, que trataram de escapar ao ouvir os primeiros estalos da destruição. Por esses motivos, não houve registro de vítimas fatais.

Cessado o susto, o prédio do Cine Palace permaneceu fechado para reformas. Reabre em julho de 1967; ano da consolidação da Zona Franca de Manaus. A partir daí, com as benesses oferecidas pela Zona Franca, Manaus passa a se desenvolver mais rapidamente, assistindo a implantação das primeiras fábricas que, em nossos dias, compõem o Distrito Industrial. 


Dois anos depois, em 1969, a TV surge na Cidade, causando o afastamento de grande parte dos frequentadores de casas de espetáculos. Houve sessão do Palace, para exemplificar, que ocorria para cerca de doze espectadores; cuja bilheteria não pagava os custos de locação do filme, especialmente de produções nacionais. Dos seis cinemas desta companhia, oPalace e o Ideal eram os que apresentavam menor renda, além de não possuírem bastante popularidade.



Cinema em São Jorge


A matéria assinada por William Mattos para o matutino de Umberto Calderaro (A Crítica, 21 maio 1971), confirma isso. A cidade pergunta: cinema ainda é a melhor diversão? (...) Fase crítica também atravessa os cinemas da Empresa Bernardino. Algumas de suas casas exibidoras (Palace e Ideal) não arrecadam nem o suficiente para custear as despesas de uma sessão. Se até o fim do ano a situação não melhorar, declarou o gerente Adriano, “nós seremos forçados a fechar aqueles dois cinemas”.

Para sobreviver, a empresa Bernardino busca em películas de cantores da juventude, como: Roberto Carlos em ritmo de aventura; O Seresteiro de Acapulco, com Elvis Presley; Voltarei a seus braços, com Gianni Morandi, e Dio Come Ti Amo, com Gigliola Cinquetti, recuperar os prejuízos. Aos domingos, as fitas de bangue-bangue italiano também garantiam lucro certo e casa cheia.

São mostras deste período: 10.000 dólares para Django; Por um punhado de dólares; Trinity ainda é o meu nome; 7 dólares ensanguentadosetc. Outro motivo para a queda de frequência é causado pelo INC, que controlava com mão de ferro a venda de ingressos, agora padronizados. Além de obrigar aos dirigentes locais a exibir produções nacionais, algumas mutiladas pela Censura Federal.

Ainda em 1971, em outubro, a arriscada situação dos cinemas de Manaus foi analisada pela Câmara Municipal e pela Assembléia Legislativa. Ambas, pediam o fechamento dos cinemas da cidade, devido às péssimas condições de funcionamento. A Prefeitura instituiu uma comissão fiscalizadora, destinada a vistoriar os cinemas e, de todos eles, o Palace e o Ipirangaforam considerados os melhores. Possuíam ótimos projetores, boa ventilação, salões amplos e, apesar de não disporem de cadeiras estofadas, ao menos eram mantidas asseadas, diverso do que ocorria em outros cinemas.



Jornal do Commercio. 17 dez 1965


Adriano Bernardino Filho, em depoimento aoJornal do Comércio (18 dez. 1971), confessa vir cogitando do fechamento dos cines Palace eIdeal em janeiro seguinte.  Em razão da limitada frequência e, além disso, da empresa não mais suportar o funcionamento. As despesas que acarretavam, sufocavam a empresa. Informava também, que estava em negociação com uma firma paulista para a venda dos imóveis. Das duas salas citadas, apenas o cinema Ideal, de São Raimundo, foi fechado e vendido no final de janeiro.

O Palace sobreviveu por mais um ano, apesar dos prejuízos enfrentados. Em mais uma tentativa de melhorar a imagem deste cinema, Bernardino patrocinou a vinda a Manaus de Regina Duarte. À época, a atriz estrelava a novela Minha doce namorada (TV Globo). Regina fez uma apresentação no palco deste cinema na noite de 24 de março de 1972.

Mesmo com tanto material, a frequência não foi respeitável. No dia seguinte, a atriz apresentou-se no extinto Acácia Clube, situado na Av. Joaquim Nabuco, no centro da cidade.

Em 29 de junho do mesmo ano, novo relatório da comissão fiscalizadora chega às mãos do prefeito Paulo Nery, já em final de mandato. Sobre o cinePalace, esse relatório expunha que, na fenda existente no teto, produto do desabamento de 1966, foi consertada apenas com uma grossa camada de cimento. E, consequentemente, o mesmo não oferecia segurança aos frequentadores.

Em fevereiro de 1973, já na gestão do prefeito Frank Lima (1972-1975), a equipe fiscalizadora da Sedeco, chefiada pelo médico veterinário Carlos Durand, vistoriou cinco cinemas em Manaus e concluiu que, de todas as salas, a que apresentava melhores condições de higiene e conforto ao público era o Palace.

Lamentavelmente, a carreira do cinema do boulevard Álvaro Maia estava chegando ao fim. Em virtude da frequência em declínio e dos graves prejuízos, o prédio foi vendido em 7 de maio do mesmo ano. Nessa ocasião, exibiu seu derradeiro filme – O grande xerife, estrelado por Mazzaropi; como já era de praxe, contadas as pessoas que ocuparam a platéia.

O edifício onde funcionou o Cine Palace foi modificado para servir de supermercado, pertencente às Casas do Óleo ou, simplesmente, C.O. Também não prosperou, pois deixou de funcionar em dezembro de 2001. 

HOJE
Abaixo, local onde funcionou o Cine Palace.


Atualmente o edifício acha-se fechado e em completo abandono.



Fonte Crtl C + Crtl V : Blog do Coronel Roberto

Cine Manáos


Cine Manáos

Para matar a saudade: (à esq.) a igreja do Dom Bosco (demolida),
o colégio e faculdade e, à direta, o Cine Manáos (prédio branco, o menor).

Este cinema foi uma iniciativa dos padres salesianos, que dirigiam o Colégio Dom Bosco. Funcionou em prédio existente ao lado deste colégio (veja ilustração). Deve ter iniciado para atender os jovens frequentadores do “catecismo” ofertado pelos padres nas tardes de domingo. 

Um dos frequentadores, o artista plástico Moacir Andrade, conta que a direção do cinema cabia ao padre Agostinho Caballero Martin. Esse argentino que conquistou os jovens de sua época, tanto os soube conduzir que deixou sua indelével marca na educação regional.

Recorda este nosso artista, que padre Agostinho acompanhava a projeção dos filmes e, sempre que surgia uma cena mais tórrida, ele ordenava ao operador que a cobrisse. Obviamente sob os apupos dos seus pupilos.

Depois o Manáos virou comercial, como bem demonstram os anúncios publicados em O Jornal, da cidade.








VÍDEOS DA MANAUS DE ONTEM




Vídeos acima postados por GISELLA VIEIRA BRAGA | Manaus de Antigamente


segunda-feira, 28 de julho de 2014

Cine Guarany


Cine Guarany



O CINE GUARANY  foi inaugurado como Cassino Teatro Julieta em 21 de maio de 1907. Antes de ser Cine Guarany era originalmente conhecido como Cine Alcazar (com estilo arquitetônico inspirado no Oriente) e muito tempo depois chamado de Cine Guarany. Localizava-se na confluência da Rua Leovegildo Coelho (hoje Floriano peixoto) que dá prosseguimento para a atual avenida Getúlio Vargas, com a Av. 7 de Setembro.  




No início de 1938, o Alcazar foi arrendado e totalmente reformado pela empresa Cinema Avenida Ltda. A mudança começou pela substituição do nome: de Cinema -Teatro Alcazar para Cine -Teatro Guarany (título muito em voga na época, devido ao forte sentimento nacionalista alcançado pelo sucesso do romance indigenista de José de Alencar, O Guarany). Outra mudança se dará nas cores do prédio e de seus vitrais: em lugar de vermelho e verde de Alcazar, agora as cores da bandeira nacional.
 
No sábado, 6 de agosto, o matutino da Empresa Archer Pinto assim informava a abertura da “nova” casa de diversões da cidade:

A fim de evitar tumultos à porta, os bilhetes foram vendidos em outro cinema da empresa, o Avenida (localizado na Av. Eduardo Ribeiro, onde hoje funciona uma loja Bemol), ao preço de 2$000 (dois mil réis) para a platéia, e 1$500 (mil e quinhentos réis) para as galerias. Abrindo as sessões, foi exibido o Fox-Jornal n.º 20X74, contendo o jogo de futebol entre Brasil x Tchecoslováquia, trazido especialmente para a inauguração do novo cinema.

Inaugura-se hoje, sob acentuada curiosidade pública, o Cinema Guarany, de propriedade da Empresa Cinema Avenida Ltda., o qual está destinado, pelas características de conforto e segurança que oferece, a ser um centro de diversões preferido pela população.

Além de filmes, espetáculos teatrais de grupos locais, também eram levados em seu pequeno palco: A Filha do Saltimbanco, peça em quatro atos, encenada pelo corpo cênico do Luso, comenta A Tarde (18.03.1948). O Guarany detinha o privilégio de ser o único cinema de Manaus a manter abertas as portas laterais (corrediças) para ventilação durante as sessões noturnas, por onde se saía para fumar no jardim.

Não se pode falar do cine Guarany sem citar o nome de Vasco José de Faria (1892-1969), seu gerente, que com o passar dos anos ganhou a simpatia de frequentadores, em especial, das crianças que o chamavam carinhosamente de vovô Vasco. Nascido na cidade do Porto (POR), Vasco chegou a Manaus aos 13 anos de idade. Em março de 1916, Vasco aparece como funcionário do Teatro Amazonas. Na década de 1920, é contratado pela Empresa Fontenelle para fazer a programação do Polytheama e do Odeon. 

Em 20 de julho de 1938, Vasco Faria firma com a Empresa Cinema Avenida, um “contrato de locação de serviços”, (apesar de já vir colaborando com a mesma desde 1936). No início de agosto seria admitido como “auxiliar interessado” (espécie de sócio minoritário) por seu conterrâneo Adriano Bernardino, para gerenciar o novo cinema Guarany, onde “com igual carinho puxava pela orelha o garoto que “ia furando” como “punha para dentro” aquele que lhe dizia com olhos de “chiclete” mastigado, na última projeção de uma fita em série que vinha acompanhando, que não tinha dinheiro para a entrada...”. 
Nos aniversários do cinema, Vasco distribuía balões e bombons para a garotada e sorteava brindes aos freqüentadores. Em 1968 foi lhe dado o título de “Cidadão de Manaus”, mas a sua modéstia impediu-o de comparecer a Câmara Municipal para ser homenageado. Este amigo da criançada permaneceu à frente do cine Guarany até a sua morte, em 15 de agosto de 1969, no Hospital da Beneficente Portuguesa.

Quando em 1939 o Guarany completou o primeiro ano de funcionamento, a empresa proprietária decide comemorar em todos os anos, em 6 de agosto, o aniversário de fundação. A comemoração iniciava no dia 1º de agosto, com queima de fogos e execução da ópera “O Guarany”, de Carlos Gomes. A fachada desta casa de espetáculos era então enfeitada com bandeirolas multicoloridas e, postados na entrada, vistosos painéis ricamente decorados contendo os cartazes dos filmes a serem exibidos durante a semana. O tráfego de veículos em Manaus nas décadas de 40, 50 e até 60 do século passado era tranquilo. Poucos automóveis em circulação nas ruas, ainda assim, os agentes de trânsito estavam sempre atentos, auxiliando para que a festa do Guarany transcorresse sem problema.


Espanhol de nascimento, Domingos veio para Manaus em 1911, onde montou uma pequena lavanderia. Em 1936, foi convidado por Antonio Lamarão para zelador do cine Avenida. Com a inauguração do Guarany em 1938, foi transferido para este, onde, além de zelador, acumulava as funções de porteiro e vigia. Para isso, residia em companhia de uma filha adotiva em pequeno aposento situado na parte posterior do prédio (em fevereiro de 1973, aos 88 anos, “seu” Domingos ainda continuava no mesmo local). 

Na semana de aniversário, em todas as sessões havia sorteio de prêmios entre os espectadores ofertados por empresas locais: J. G. Araújo, Antonio M. Henriques, Casa Canavarro, Drogaria Universal, entre outras. Para a realização desses sorteios, Vasco contratava radialistas como Belmiro Vianez (1915-2005) e Ivens Lima (atualmente residindo em São Paulo). 

Na ocasião dos festejos, havia um espectador especial presente: Orlando Marques Braga (1905-c1980), deficiente mental, popularmente conhecido como “Xerife” ou “Tom Mix”, curtidor dos filmes de faroeste, quando então se vestia à caráter, ou seja, com chapéu, cartucheiras (sem revólveres) e estrela no peito. Em fevereiro de 1984, o “Xerife” então com 79 anos de idade, vivia na Fundação Dr. Thomas. Outro personagem bastante conhecido dos frequentadores do Guarany era o deficiente visual conhecido por Jaú, que se postava junto à bilheteria, pedindo esmolas.

Para entretenimento geral, a empresa Bernardino oferecia, nos dias que antecediam ao festejo do Guarany, sessão de cinema ao ar-livre. Ocorria às 18h30, em uma tela improvisada suspensa entre dois postes de ferro localizados no Pavilhão São Jorge. Também conhecido por República do Pinaou Café do Pina (inaugurado em 3.5.1951), estava arrendado ao português José de Brito Pina (1912-1982). Os filmes projetados geralmente eram documentários da Organização Rank ou desenhos animados do Tom &Jerry.

No 17º aniversário do cine Guarany, em agosto de 1955, é instalada a tela panorâmica e as cores do prédio foram substituídas pelo rosa e cinza. Esta pintura permanece até a metade da década de 1960, quando o prédio volta a ter as cores originais. Em 1958, o 20º aniversário foi marcado pela ausência de Vasco Faria, em férias na Europa, todavia, não apagou o brilho da festa. 
Como era do calendário, a festa de aniversário do cine Guarany ocorreu a 6 de agosto de 1964. No ano seguinte, os jornais deixaram de informar a sua realização. Dizem que foi impedida pela Ditadura Militar, que assumiu o País em 31 de março de 1964. 

No entanto, em agosto de 1973, a empresa Bernardino, cujo controle acionário fora adquirido pelo grupo Phillipe Daou, realizou a festa de aniversário do Guarany. Infelizmente, essa foi a última comemoração de aniversário do cine Guarany. 
Instaladas a Zona Franca de Manaus, em 1967, e, dois anos depois, a primeira estação de televisão, TV Ajuricaba, os cinemas da cidade sentiram o esvaziamento de público. Também motivado pela exibição de filmes de qualidade discutível, como as produções do chamado Cinema Novo, de Glauber Rocha (1939-1981), Terra em TranseDeus e o Diabo na Terra do Sol; Rogério Sganzerla (1946-2004) O Bandido da Luz Vermelha e Mulher de Todos; Joaquim Pedro de Andrade (1932-1989), Garrincha, Alegria do Povo; e Nelson Pereira dos Santos (1928-), Rio, 40 Graus, etc. 

O matutino O Jornal (14.5.1972) enumera os problemas enfrentados pelas casas cinematográficas de Manaus:
Diante do fechamento definitivo de quase todos os cinemas da cidade, a partir de julho de 1973, permanecem em funcionamento apenas o Guarany e o Ipiranga, arrendados para o Grupo Daou/Bernardino, que realizou pequenos reparos nessas duas salas. Após a breve “reforma”, contudo, o Guarany se transformou num pardieiro onde a desordem imperava, segundo noticiavam os jornais, ilustrando bem essa situação:
No Guarany, por exemplo, não se sabe se por motivos de falhas de equipamento ou de pessoal, as projeções estão péssimas. Normalmente num só filme mais de cinco cortes ocorrem isto para não se falar nos escurecimentos da tela, que já se tornaram tradicionais, coisa que só pode ocorrer se o sistema automático que guia os carvões estiver com defeito e, em última instância se o operador de máquina não estiver acompanhando atentamente a projeção.

A Notícia – 26.8.1975 - Guarany virou ninho de carapanãs:
Transformado em verdadeiro esconderijo de morcegos, ratos e carapanãs, o Cine Guarany, se encontra em estado deplorável, sem oferecer o mínimo conforto ao público, que lhe dá preferência diariamente.

A Crítica – 26.8.1976 - O Cine Guarany, contando com um gerente igualmente grosseiro (a menos que tenha sido substituído recentemente), já se tornou notório ponto de encontro de homossexuais. Ninguém pode ir ali com a família, pois o ambiente é o mais obsceno possível, contando com a condescendência dos proprietários que, no fim das contas, só querem mesmo saber do dinheiro das entradas por um serviço que prestam muito mal.

Em novembro, o Prefeito Jorge Teixeira de Oliveira (1975-1979), conhecido por “Teixeirão”, ao promover a ampliação do corredor viário, transfere o Pavilhão São Jorge de frente ao cine Guarany, para o outro lado da praça Heliodoro Balbi (ou da Polícia), quase na esquina das ruas Marcílio Dias e José Paranaguá.

Exibindo filme impróprio para menores, o cine Guarany entrou a década de 1980 dando os seus últimos suspiros. Em maio de 1983, os jornais anunciam sua venda e posterior demolição, destacando que o mesmo funcionaria até 10 de junho. Tal não se verificou, porque a empresa Bernardino conseguiu prorrogar por mais alguns meses o contrato de arrendamento. 

Começava a partir daí, a luta inglória pela preservação do cinema mais antigo e popular de Manaus, ainda em atividade. Políticos, jornalistas, estudantes e frequentadores em geral, todos de alguma forma manifestaram-se contra a venda e possível demolição do prédio. O movimento pró-Guarany, ganhou força com a criação em junho de 1983, da Comissão de Defesa do Cine Guarany, com reuniões na sede do Sindicato dos Jornalistas do Amazonas. A Assembleia Legislativa, também pediu o tombamento do cinema, fundado em sua importância histórica e cultural para a cidade de Manaus.

Na noite de 6 de janeiro de 1984, na Galeria Afrânio Castro localizada no térreo da Academia Amazonense de Letras, com a exposição de fotos dos antigos cinemas e a exibição do filme Harmonia dos Contrastes (1966), de Ivens Lima, foi realizado o lançamento do livro Hoje tem Guarany!, dos professores da Universidade do Amazonas (atual UFAM), Narciso Lobo e Selda Vale. Na apresentação, os autores assim definiram a obra: 
O livro conta a história do cine Guarany desde a fundação. A renda do lançamento foi revertida em prol do movimento da conservação e tombamento do prédio. O poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), em artigo no Jornal do Brasil (31.1.1984) Manaus e a história de um cinema, também entrou na luta.
Escrita a quatro mãos, esta publicação é assumidamente sentimental. Angústia, raiva e satisfação acompanharam este trabalho. Foi uma curtição, mas com o olho nos fatos. Incompleto, talvez, com lacunas, certamente, e com a marca de dois estilos diferentes. É o primeiro rebento de uma relação de amor triangular: nós o cinema e Manaus.

Infelizmente tanto grito não foi ouvido, o cine Guarany ainda continuaria por mais sete meses, exibindo filmes de karatê e sexo explícito. Nos dias que antecederam ao seu fechamento, os jornais publicaram o seguinte aviso: “A ilha dos mil prazeres será o último filme desse cinema que funcionará até 6ª feira. Aos distintos espectadores que freqüentam esta casa de espetáculo muito obrigado. Empresa de Cinemas Bernardino Ltda.”

Confirmando o melancólico anúncio, o Guarany funcionou até 31 de agosto de 1984. O último filme: A ilha dos mil prazeres. Na platéia, pouco mais de 20 espectadores, contando-se os funcionários. Ao término sessão, o gerente Antonio Pereira da Cunha (1931-), alcunhado de Português, iniciou a desmontagem das cadeiras que foram levadas para o depósito da empresa Bernardino. 

O cine Guarany chegara mesmo ao fim. Vendido pela família Araújo, o prédio começou a ser demolido no dia 24 de setembro. Em editorial, A Política do patrimônio, o matutino A Notícia (25.9.1984), questionou a demolição do cinema da av. Floriano Peixoto. Nada mais havia a tratar, veio abaixo em 10 de outubro.


HOJE
Abaixo, local onde funcionou o Cine Guarany.



Retirados os escombros, no lugar do velho e saudoso cine Guarany, a cidade assistiu a construção de “moderna”, porém, monstruosa caixa de concreto que abriga atualmente uma agência do Banco Itaú.

ABAIXO, DIVERSAS FOTOS DO EXTINTO CINE GUARANY









Centro Cultural Palácio Rio Negro

Centro Cultural Palácio Rio Negro


 O Centro Cultural Palácio Rio Negro, espaço cultural e histórico de Manaus, foi construído no início do século XX, em estilo eclético, para ser residência particular do comerciante da borracha,  alemão Waldemar Scholz. Em 1917, foi adquirido pelo governo  para tornar-se sede do Poder Executivo e residência do governador, permanente como palácio de despachos até abril de 1995.

Em 1997, o Governo do Estado, em virtude de sua beleza arquitetônica e valor histórico, o transformou em Centro Cultural Palácio Rio Negro, com espaços abertos a recitais de música erudita e instrumental, exposições, lançamentos de livros, dança e teatro, além de outras atividades culturais. Contando com a consultoria especializada de técnicos do Centro Cultural Banco do Brasil - CBBB, a Secretaria de Cultura traçou o novo formato do Palácio Rio Negro, climatizado e adequado a todo tipo de exposição.

O mobiliário do Centro Cultural Palácio Rio Negro pertencia originalmente ao Palácio do Governo, destacando-se a mesa de jacarandá escura, estilo inglês; a estatueta de bronze, de autoria do engenheiro Benei; a estátua de bronze, figura feminina, intitulada L'Inpiration, de Henry Plé e AS cadeiras tipo espreguiçadeira em madeira trabalhada com motivos florais.

A partir de novembro 2000, o Palácio passou a servir de polo para outros espaços culturais, agregando ao seu redor o Museu-Biblioteca da Imagem e do Som do Amazonas, o Museu de Numismática Bernardo Ramos, a Pinacoteca do Estado, o Cine-Teatro Guarany e o Espaço de Referência Cultural do Amazonas,  todos funcionando com regularidade e de forma integrada.



A obra centenária é uma ótima opção para quem quer conhecer da história da região, e conhecer um mundo cultural inteiramente rico. Durante as visitações, as pessoas são acompanhadas por instrutores bilíngues podem conhecer as salas que homenageiam os antigos governadores amazonenses, as exposições existentes e ainda têm acesso ao Mirante, onde podem ter uma vista privilegiada de Manaus, enxergando a beleza das árvores em meio ao progresso da cidade, o Parque Senador Jefferson Pérez e o próprio Rio Negro também estão no alcance de quem resolver subir à Torre.

As Seguintes salas estão no tour de visitação:

Sala Governador Silvério Nery
O espaço de 24m² também é conhecido como sala VIP. A sala é utilizada quando o governador atuante recebe visitas oficiais de autoridades.

Sala Governador Antônio Bittencourt
O local de 37m² é reservado a exposições temporárias de artes plásticas, fotografias, pinturas, esculturas, desenhos e instalações.

Salão Nobre Governador Pedro de Alcântara Bacellar
Com uma área de 62m², o Salão Nobre se transformou em uma sala multimídia destinada a espetáculos de música, palestras e reuniões oficiais, podendo ser adequada de acordo com a proposta do evento.

Sala Governador Ephigênio Salles
Com a pequena disposição de 16m², a saleta também é destinada a exposições temporárias de fotografias, pinturas e esculturas.

Sala Governador Eduardo Ribeiro
A área de 46m² é destinada a uma exposição permanente composta pela mobília da época de estilo manuelino. É também usada como gabinete despachos do Chefe Executivo Estadual.


Sala Governador Jonathas Pedrosa
A sala de 24m² mantém uma exposição permanente de fotos dos governadores do Estado do Amazonas.

Sala Governador Álvaro Maia
Conhecida também como Sala Memória, com um espaço de 40m², abriga uma mostra permanente com mobiliário antigo em estilos manuelinos, português e inglês.

Sala Governador Leopoldo Neves
Em 21m², uma exposição de mobília imperial com peças de estilo oriental compõem a decoração enquanto o palácio foi sede do Governo e residência oficial dos chefes de estado.

Sala Governador Plínio Coelho
Nos poucos 18m² de área, a exposição “O Poder Executivo nas Constituições do Estado” retrata as constituições criadas ao longo da história e suas conseqüências no poder executivo do Amazonas.

Sala Governador José Lindoso
Com 21m² à disposição da exposição permanente “Símbolos do Estado do Amazonas”, o espaço destaca os emblemas estaduais em painéis de leitura de forma didática.

O Palácio Rio Negro também pode ser disponibilizado para eventos. O Salão Nobre, as Varandas inferiores e superiores e os jardins estão na lista dos locais disponíveis para serem locados.


A história de um palácio

O Palacete Scholz, como inicialmente foi chamado, foi construído em 1903 para servir de residência particular do comerciante alemão de borracha, Karl Waldemar Scholz. Os negócios do Sr. Scholz foram interrompidos a partir de 1911, devido à concorrência de produção gomífera na Ásia e também com a interrupção das linhas de navegação entre Manaus e Hamburgo, causada pela 1ª Guerra Mundial. Na tentativa de salvar sanar dívidas, ele hipotecou o palacete em 400 contos de réis ao seringalista Luiz da Silva Gomes. Posteriormente, Luiz arrematou o palácio em leilão.

Primeiramente, o palácio foi alugado ao Estado durante o governo do Dr. Pedro de Alcântara Bacellar. Mas só foi em 1918 que ele passou a ser chamado de Palácio Rio Negro, quando o governador o adquiriu por 200 contos de réis. Mais tarde, de 1918 a 1959 o local serviu de Sede do Governo e de residência dos governadores. Em 1980, foi tombado como patrimônio histórico, sendo reformado e restaurado. Em 1997, devido à sua beleza e relevância arquitetônica, foi transformado em Centro Cultural pelo Governo do Amazonas.


Horário de funcionamento: 
Terça a Sexta, 10h às 17h; Sábado e Domingo, 14h às 18h.

Endereço: 
Av. Sete de Setembro, s/n Centro. 
Tel: (92) 3232-4450


ABAIXO, MAIS FOTOS DO INTERIOR DO
PALÁCIO RIO NEGRO





















SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA APARECIDA

PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA DOS TOCOS

HOJE...


SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA APARECIDA

A velha igreja de São Sebastião ficou cheia de uma porção de padres brancos, louros', olhos azuis, batas brancas e um imenso crucifixo pendurado num dos lados da cintura.

A Segunda Grande Guerra estava em plena ascensão de sua dramática e sangrenta escalada. Corria o ano da graça de 1943. era julho, muitos soldados americanos que para cá vieram a serviço militar em convênio com o Brasil, desfilavam pela cidade de Manaus mastigando chicletes montados em de campanha pintados de verde garrafa e os bondes já acertavam passageiros em mangas de camisas ou vestidos com «-amKas "americanas", moda trazida para Manaus pelos soldados ianques.

No bairro dos Tocos, que antes tivera muitos nomes, alguns padres das Missões Redentoristas dos Estados Unidos, trabalhavam com o objetivo de instalarem uma nova paróquia que ficaria sob a sua jurisdição. Era um bairro difícil, com gente constituída de famílias muito antigas e de hábitos profundamente arraigados e tradicionais para aceitar algo novo. Aquilo era para aquela gente alguma coisa a ser sub¬metida a apreciação e análise de pessoas mais velhas e mais experientes, uma espécie de conselho dos velhos, contanto que evitasse choque ou atritos com o povo. Oue vinham fazer pendurado na ilharga, naquele bairro pacato e completamente esquecido de todo o mundo? Seriam espiões?


Qual a sua verdadeira missão?

Eram as perguntas que mais despertavam curiosidade à população do antigo bairro das Cometas, Saco do Alferes, etc...

Na Rua Comendador Alexandre Amorim haviam duas casas muito antigas que foram propriedades da família Miranda Corrêa, dona da Fábrica de Cerveja e Gelo Miranda Corrêa situada no Plano Inclinado, cuias casas foram doadas para a Irmandade dos Padres Redetoristas. Numa delas A primeira capela em honra de Nossa Senhora da Con¬ceição Aparecida que futuramente daria o nome ao bairro, nasceu naquele chalet. nas duas primeiras salas da frente.

Finalmente, no histórico dia 30 de janeiro de 1944, foi fundada solene e oficialmente com uma missa rezada pelo então Bispo Dom João da Mata Andrade e Amaral, homem entusiasta e grtande incentivador das obras missionárias a paróquia de N. S. da Conceição Aparecida as quais, a paróquia "Benjamim" da Diocese de Manaus foi entregue com procifiência. não poupando esforço.

A partir daí os abnegados Redentoristas com o objetivo superior de executar o seu vasto programa de ação apostólica nesta imensa região iniciaram o verdadeiro trabalho de catequese no bairro.

Depois de um trabalho pioneiro de instalação, vencendo inúmeras dificuldades naturalmente com a ajuda efetiva e afetiva de uma plêiade de jovens dedicados e entusiastas do bairro, todas as famílias da paróquia foram especialmente convidadas para assistirem o memorável acontecimento espiritual. Era 17 de outubro de 1944, o bairro ia finalmente ganhar a sua matriz, a matriz de N. S. da Conceição Aparecida, cuja fundação naquela data solenemente marcada com uma missa especial, cuja cerimônia fora celebrada e presidida por sua Excelência Reverendíssima Dom João da Mata Andrade e Amaral, Bispo Diocesano e o Apostolado da Oração, na pequena praça do bairro.

Graças ao esforço hercúleo, permanente, da juventude e do desprendimento   dessa figura magnífica que foi o padre João Mc Cormick, Primeiro Vigário Geral da Paróquia, que após um ano de luta contínua, ininterrupta e cansativa criou a Secçào Masculina do Apostolado da Oração que foi organizada, contando de início com um reduzido número de associados. Esse pequeno grupo entretanto pela sua inquebrantável vontade e dedicação à causa religiosa, trans¬formou sensivelmente a vida católica de todo aquele pequeno mundo, trazendo para o seio da sociedade religiosa através de um magnífico trabalho missionário, a juventude dos mais longínquos recantos daquela pobre, mas ordeira sociedade.

No dia 5 de dezembro de 1945, os pioneiros dessa Associação receberam as primeiras insígnias do Apostolado. Convidado para presidente em caráter provisório em 5 de janeiro do mesmo ano, o senhor Barboza Freire, com o dinamismo que lhe era peculiar. desempenhou-se satisfatoriamente na árdua missão de que fora investido até 3 de março de 1946. data em que se verificaram as eleições e posse dos corpos dirigentes, no biênio de 1946-1947, ficando assim constituída a primeira e efetiva diretoria. Presidente: José Afonso; Tesoureiro, Alberto Rodrigues. Obedecendo aos Estatutos do Apostolado da Oração, em maio do mesmo ano foram designados os primeiros zeladores em número de onze. Nessa época o Apostolado era plêiade composta de quase cinqüenta associados de moços cheios de boa vontade, cooperando de todos os meios e modos para o completo êxito dessa obra gigantesca e sagrada.

Da mesma maneira, a fundação da Pia União das Filhas de Maria da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, teve lugar no dia 10 de setembro de 1944.

Foi o seu fundador o nosso muito amado irmão pastor Dom João da Mata Andrade e Amaral, sendo escolhido para diretor dessa Associação de donzelas cristãs, que se colocavam debaixo do estandarte da Virgem e Santa Inês, o Reveren-dissimo padre Bernardo Van Hoomissen.

Pioneiramente receberam a fita azul oito jovens donzelas e \erdc seis. As fitas verdes eram usadas pelas que pretendiam ser Filhas de Maria.

A solenidade foi. verdadeiramente emocionante pela beleza dos cânticos entoados pelo magnífico coro em louvor a Virgem Santíssima. O Senhor Bispo, com o seu verbo can-dente e inspirado, ardente de fé católica, e espírito de liderança apostólica, arrancou fortes manifestações de ardor cristão da massa que se comprimia durante a grandiosa solenidade — foi uma apoteose.

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição Aparecida no bairro do mesmo nome era muito pequena, para ser exato, era instalada em duas salas da casa residencial dos padres, na antiga casa onde morou o dr. Aldemir de Miranda, ex-presidente da Caixa Econômica Federal do Amazonas, atrás da área onde está construído um pequeno bar. Qualquer ato religioso que se procedesse ali enchia as duas dependências, e as missas principalmente, eram sempre assistidas pela maioria das pessoas do lado de fora.

O número de fiéis que assistiam às pregações religiosas cresciam a tal ponto que depois de um certo tempo eram totalmente rezadas ao ar livre pela falta absoluta de espaço dentro da capela.

Ao assumir as funções de vigário da paróquia, o padre João Mc Kormick elegeu o firme propósito e pensamento de construir uma igreja com área suficiente para caber todos os fiéis da paróquia e mais um crescimento para o futuro.

Assim, em dezembro de 1945, iniciou os estudos para a construção de um novo templo que satisfizesse plenamente as necessidades do bairro. Finalmente em janeiro de 1946, teve início o projeto de construção da nova igreja que seria cons¬truída na frente da residência do padres, sem prejuízo para erecão de um maior templo no futuro, uma nova e definitiva basílica em honra da santa padroeira.

Para essa empreitada foi recrutado o encargo técnico do padre Frederico, duble de padre, engenheiro e médico de toda a paróquia.

Padre Frederico Stratman, com o auxílio efetivo dos homens de boa vontade da paróquia, deu início a construção da capela que concluiu depois de um trabalho ininterrupto de três meses, cuja obra completamente acabada foi entregue ao público em 20 de abril de 1946, ocasião em que fora celebrada a primeira Thissa em suas dependências pela passagem da páscoa. Essa capela tinha a forma retangular, era totalmente construída no alinhamento da rua, sua porta principal ficava no centro do edifício, exatamente em perpendicular com o eixo da Rua Xavier de Mendonça. Possuía duas pequenas torres retangulares que encimava mais ou menos uns oitenta cen-tímetros acima da parede frontal.

O altar-mor, também ficava coincidindo com a porta principal no fundo da nave. A igreja tinha uma singularidade, era mais larga e tinha pouco fundo devido a construção do colégio que se iniciava atrás.

Nessa igreja durante muitos anos aconteceram todos os atos litúrgicos da paróquia: missas, novenas, terços, rosários, catecismos, orações, batizados, casamentos, etc... Até que deram início aos estudos para construção da nova basílica, cujo autor do projeto foi o desenhista de arquitetura Moacir Andrade, engenheiro responsável José Florêncio e cuja construção fora feita pela empresa Sociedade de Obras Limitada de propriedade do senhor Joaquim José Cunha e imitações de mármore interiores pelo senhor José Gaspar.

Vale ressaltar aqui que entre muitas pessoas que se dedicaram de corpo e alma ao trabalho cooperativo dos padres redentoristas, o pai das professoras Lucinda e Lili Azevedo destacou-se doando um valioso prédio às missões redentoristas na Rua Joaquim Nabuco, entre a Lima Bacuri e a José Paranaguá, e o prof. Rebelo, homem que apesar da idade e da pouca saúde que tinha, não deixava de prestar a sua contribuição valiosa às associações que ajudou a fundar e que pertencia orgulhosamente.

Foi, entretanto durante os primeiros anos de vida da paróquia em torno da primitiva igreja que se estabeleceu o grande laço afetivo entre a irmandade dos padres redentoristas e o povo do Bairro de Aparecida dos Tocos, quando a igreja era apenas duas pequenas saletas na casa onde se instalaram os padres ao chegarem em Manaus. Aí mantinham um pequeno laboratório médico e odontológico, cujos profissionais responsáveis eram os oaontólogos Luiz Melo e Manuel Trindade. A parte de medicina ficava sob a responsabilidade do padre Frederico que atendia as pessoas em horários rigidamente estabelecidos.

Duas moças da Pia União das Filhas de Maria destacaram-se no trabalho missionário de atender os doentes que procuravam os serviços ambulatoriais: as senhoritas Waldemarina Pinheiro e Redenção Araújo, ;além de Noêmia Cinque, mais tarde irmã Adoradora do Preciosíssimo Sangue. Elas eram as abençoadas enfermeiras, os anjos da guarda, da ternura, que recolhiam a qualquer hora do dia ou da noite as pessoas que necessitassem dos seus serviços.

Waldemarina Pinheiro hoje é alta funcionária da Caixa Econômica Federal do Amazonas e Redenção Araújo seguiu o seu destino de aliviar os sofrimentos do próximo, é assistente social  da  Eletronorte  em   Manaus,  onde presta o seu ínestimável serviço no campo da assistência moral e social aos seus muitos colegas de trabalho.

Paralelamente à assistência médica e odontológica, havia imbém um bem montado curso de inglês para a juventude, íinistrado pelos próprios padres americanos que assim üercitavam o seu português. Muitos jovens hoje em dia, são ítérpretes profissionais com seus cursos de línguas iniciados o pequeno colégio dos padres redentoristas, instalados numa as dependências da antiga e desaparecida igreja.

Aliás, esse foi o primeiro curso de inglês regular de lanaus que se tem notícia.

Alguns anos depois, isto é em 1962, foi fundada a CARITAS, Brasileira Regional de Manaus e instalada numa das dependências do prédio da antiga igreja, mudando-se depois para uma das salas do subsolo onde funcionava o ambulatório, no edifício do Colégio N. S. Aparecida, construído atrás da igreja antiga. Ali havia um pequeno escritório depósito de mercadorias diversas que eram enviadas pelo povo americano, denominados de Alimentos para a Paz, através de um plano internacional de auxílio mútuo. Esse scritórío foi durante muito tempo chefiado pela senhorita Lucimar dos Anjos Feitoza, que foi a Secretária Executiva da organização e que durante muito tempo dirigiu com proficiência. assiduidade e probidade moral os seus serviços sociais, distribuindo para a população pobre dos bairros e dos municípios do interior do Amazonas, os alimentos que vinham os Estados Unidos.

Além desses trabalhos assistenciais às famílias carentes, a Caritas também assistia na construção de casas, fossas e outros meios. Foi o seu primeiro diretor o padre Thomé Morissey, incansável sacerdote que muito deu de sí em prol do melhor desempenho dessa instituição.

A Sociedade Recreativa Católica de Aparecida, cujo grande incentivador e criador foi o padre João Mc Kormick, teve decidida atuação no campo social do bairro, não só congregando a juventude para a devoção ao santo amor de Jesus, mas também reunindo-a através de diversos en-tretenimentos sadios que marcaram época nos anais da paróquia.

Quem não se lembra dos famosos arraiais, dos bingos gritados pelo Brígido Nogueira; do microfone do Zeca Afonso, anunciando todas as 19:00 horas dc cada dia durante o arraial o seu exercício de locutor e de dezenas de moças bonitas trabalhando como abelhas zelosas nas muitas barracas de prendas e guloseimas espalhadas ao longo da Rua Xavier de Mendonça nas inolvidáveis noites de setembro depois das novenas solenes em honra de N. S. Aparecida; das "prisões" que elas faziam com seus círculos de arame todo enfeitado de flores. A gente dava dez tostões e ganhava a liberdade, as vezes ganhava prisões afetivas para o resto da vida, pois muitas dessas prisões deram em casamentos.

Quem não se recorda das imensas fatias de bolos con-fcitados vendidos aos moços por pouco mais ou nada: do bar que ficava na pracinha da Xavier e era servido por garçonetes lindíssimas que atraiam toda rapaziada de Manaus causando ciúmes a dos Tocos muitas vezes dando em verdadeiros "rolos".

Eram tantas as moças bonitas que se reuniam naquelas festas populares que se fôssemos nomeá-las dariam muitas folhas de papel. Os concursos de bonecas vivas, de rainhas do arraial e outros divertimentos que reuniam almas e corações numa perfeita confraternização, aquele povo ordeiro do Bairro de N. S. Aparecida dos Tocos.

Quando terminava o arraial, depois do dia 15 de setembro, a Sociedade Recreativa promovia um piquenique no banho das Pedreiras, de propriedade das Missões Redentoristas, na Estrada do V-8. Ali iam todas as pessoas que trabalhavam no arraial com suas famílias, seus amigos mais chegados, parentes etc...


Eram momentos de puro congraçamento. o lugar muito iincio, um belíssimo igarapé dc águas Duras e transparentes correndo sinuosamente por entre a floresta densa, um ver¬dadeiro túnel formado de árvores gigantescas. Havia uma ponte de madeira que ligava as duas margens. A casa dos padres ficava na margem oposta, onde as pessoas reuniam-se para fazer refeições na hora do almoço, ocasião em que haviam verdadeiras manifestações de arte. Uns cantando, outros tocando violão, outros dançando, enfim era uma hora de plena harmonia social.

Padre João Mc. Kormick; padre Bernardo Van Hoominsen; padre Frederico Atratman; padre Normando Mur-kcrman,; padp? Thomas Murphy; padre Eugênio Dates, irmão Stanislau Dunn; irmão Cornélio e outros que estão eternamente ligados a história da paróquia, pelo trabalho que realizaram ao longo de sua permanência no bairro dos  Tocos em Manaus, onde fizeram de cada habitante, um amigo e um irmão agradecido.

Uma das fortes razões porque a igreja fot a construída mais larga do que mais comprida, era a área dos fundos estar destinada a construção do colégio que depois foi administrado pelas irmãs Adoradoras do Preciosíssimo Sangue, vindas dos Estados Unidos num trabalho promocional de alta envergadura ainda pelo bispo Dom João da Mata Andrade e Amaral, cujas primeiras freiras chegaram aqui em 1949 e foram hospedadas nas residências das professoras Lili e Lucinda Azevedo na Rua Comendador Alexandre Amorim, n°. 392 e Dirce Ramos na Rua Monsenhor Coutinho n°. 61, até que foi construído o convento na Avenida Constantino Nery. Antes porém, as irmãs compraram aquele vasto terreno que era de propriedade da firma I. J. Benzecry, onde an¬tigamente havia uma fábrica de beneficiamento de castanha. Reformado o prédio sob projeto do dr. Abílio Nery, foi adaptado para dormitório, refeitório, salas de aula e outras dependências de importância num convento, até ser cons-juído o novo pavilhão, cuja firma construtora responsável, foi a Sociedade de Obras Ltda., empresa de construções civis de largos serviços prestados a coinunidade de Manaus, in¬clusive todos os colégios religiosos femininos, cujo presidente era o construtor Joaquim José Cunha.

A maior parte das irmãs que constituíram o primeiro escalão do convento das Adoradoras do Preciosíssimo Sangue, saiu das famílias da paróquia de Aparecida, através de um trabalho missionário muito bem dirigido às vocações sacerdotais, capitaneado pela irmã Julita, superiora da congregação, moças de profunda convicção religiosa, todas cias pertencentes a congregação da Pia União das Filhas de Maria.

As irmãs Adoradoas do Preciosíssimo Sangue prestaram inestimável serviço a paróquia, ministrando aulas de catecismo às crianças, de todo o bairro e administrando o colégio e a igreja, ministrando aulas às pequenas escolas dos bairros pobres mantidos pela paróquia, trabalhando no ambulatório etc...


Além de prestar estreita colaboração às famílias carentes, espalharam-se em vários municípios do interior do Amazonas onde foram exercitar o seu trabalho missionário.

Paralelamente aos trabalhos religiosos prestados a comunidade, os padres dirigiam várias promoções de caráter educativo entre as quais um curso de mecânica c outro de eletricidade, ministrado pelo padre Frederico e mestres de largo tirocínio profissional moradores no próprio bairro, prestando assim, largo benefício à juventude, e formando técnicos de alto gabarito.

O curso de corte e costura, flores e ornatos, por exemplo, destacou-se dos demais de maneira extraordinária pelo grande número de pessoas interessadas que procuravam matrículas nas salas de aulas, criando inclusive problemas de espaço.

O curso que durou muitos anos produzindo exemplares costureiras e floristas, teve a sábia direção das Filhas de Maria, Regina Costa Lima e Amazonina Costa Lima que muitos e benéficos serviços prestaram ao longo de mais de uma década à mocidade feminina de Aparecida.


A escola de corte e costura flores e ornatos funcionou num grande galpão todo de madeira coberto de folhas de alumínio, ao lado do edifício do antigo Colégio Brasileiro, hoje Colégio Pedro I, pela Rua Comendador Alexandre Amorim.

Além dessas promoções de finalidade altamente ins¬trutiva, haviam ainda as festas recreativas no pátio interno do colégio e a participação de todos os alunos e pessoas con¬vidadas em todas as comemorações festivas da paróquia.

Entretanto é de justiça frisar que sem a efetiva participação das famílias residentes no bairro que muito deram de si para que aquele esforço fosse essa realidade, jamais os padres redentoristas ou outra qualquer irmandade alcançariam a vitória que realmente alcançaram, fazendo desse recanto de Manaus um dos mais bonitos, simcáricos e ordeiros da capital. Por isso não é demais, rememorar nomes de pessoas dedicadas como Petronilla do Valle Britto, João Fernandes de Britto, Paulo dos Anjos Feitosa, Maria do Carmo de Britto Feitosa. Georgina do Valle Britto. Graciema Britto de Andrade. Brígido Torres Nogueira, Maria da Glória Queiroz Nogueira, José Aionso, Marta Afonso. Francisco Rebelo de Souza, Gertrudes Rebelo de Souza, Eduardo Marques, Raimunda Marques. Pedro Silvestre Lourdes Silvestre. Antônio Martins Sanches. João Barboza Freire. Eliza Freire, José Antônio Ventura. Lili Azevedo. Lucinda Azevedo. Dirce Ramos. Antônio Lisboa. Edina Freire, João Francisco Toledo, Almecinda Lima dos Santos. Redenção Araújo. Francisca Corrêa, Erotildes Silvestre. José Antônio de Moraes Teixeira, Maria Reis Teixeira. José Oliveira. Lygia Pacheco Oliveira, Mariinha Teixeira, Amazonina Costa Lima, Regina Costa Lima. família Palheta, Delcídia Carvalho, Benigna Garcia, Rosa dos Anjos Feitosa, Cleomar dos Anjos Feitosa, Dagmar dos Anjos Feitosa. Lucimar dos Anjos Feitosa, Angélica Arruda, Odaisa Braga Martins. Albino Fortes, Neusa Fortes, Alberto de Jesus Greijal, Izabel Greijal, Antonia Lopes dos


Santos e muitos outros que encheriam páginas.





VEJAM ABAIXO, OUTRAS FOTOS RARAS DO INÍCIO DE VIDA
DO NOSSO SANTUÁRIO