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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Uiraçu-falso


Abrigamos a segunda maior águia brasileira.

O uiraçu-falso é a segunda maior ave de rapina brasileira. Foto:Reprodução/Felipe Bittioli Gomes.

Biólogo que defendeu doutorado sobre a ave revela que o uiraçu-falso é mais raro que a harpia.

Chamar de falso esse uiraçu é uma injustiça com a segunda maior águia brasileira. O Morphnus guianensis, popularmente conhecido como uiraçu-falso, é, na verdade, uma bela e majestosa ave de rapina que habita a Mata Atlântica e a Amazônia. Porém, por ser parecida com a harpia, acabou carregando no nome um certo menosprezo. Mas uma ave, com quase 90 centímetros de comprimento e que pode chegar a 1,60 metro de envergadura, merece respeito. Estranho é que, com todo esse porte, o morphnus ainda seja tão desconhecido.

Existem poucas informações e muitas dúvidas sobre a espécie. Há questionamentos inclusive sobre se ele e a harpia pertencem mesmo a gêneros diferentes. Para conhecer melhor essa ave, o biólogo Felipe Bittioli Gomes estudou durante quatro anos textos, registros e fotografias. E mais do que isso, enfrentou longas noites e caminhadas na floresta amazônica para acompanhar ninhos e aves no ambiente natural.

Entre noites na floresta e o encontro com uma onça (Felipe diz ter ficado a menos de 4 metros de uma), o biólogo pode registrar um comportamento admirável da ave: os pais incentivando o primeiro vôo dos filhotes. Eles demoram cerca de 90 dias após o nascimento para conseguir bater as asas e mais algumas semanas para sair do ninho. Gomes registrou os pais atraírem o filho de um galho a outro com a presa até que o pequeno morphnus voasse até o ninho e recebesse a recompensa.

Durante a pesquisa, o biólogo acompanhou ninhos na terra firme em uma reserva do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, e também em áreas alagáveis, em Manacapuru. “Na terra firme, eram 50 quilômetros de estrada, 14 de ramal e mais dois quilômetros de caminhada”, lembra. “Em Manacapuru, antes era a balsa (agora existe uma ponte atravessando o Rio Negro), depois pegava um táxi, viajava mais uma hora de barco até um local, onde pegava uma canoa com a comunidade. Depois, tinha mais uma hora de caminhada dentro da mata”. Difícil, mas veio a recompensa acadêmica.

Ele já defendeu o doutorado e já tem dois artigos encaminhados sobre a ave. E foram muitas descobertas. Entre elas, a possibilidade de as populações de morphnus amazônicas e atlânticas se unirem através de corredores que atravessam o interior brasileiro. Foram feitos registros da ave no Cerrado de Minas Gerais e também na Serra da Bodoquena, no Mato Grosso do Sul. Esse contato entre duas populações da mesma espécie de dois biomas diferentes já existe entre as harpias.

Discretas e raras

Um dos motivos que levaram ao estudo do morphnus é justamente a falta de informações sobre a espécie. Acredita-se que ela seja bem mais rara do que a harpia. A experiência de dez anos do Projeto Gavião-Real contribui para esta hipótese. Dos 100 ninhos monitorados pelo programa, apenas 10 são de morphnus. Mas a dificuldade em encontrar ninhos talvez esteja relacionada também a discrição da espécie. “Já fiquei o dia inteiro olhando o ninho e não vi a ave. Ao contrário da harpia, que faz barulho quando voa, o morphnus é silencioso”, conta Felipe.

Este voo silencioso é justamente resultado de diferenças evolutivas que separaram as duas espécies. O uiraçu-falso é mais adaptado a voos dentro da mata, tem uma asa mais larga, uma cauda mais comprida. E é bem mais leve, chega a 3 quilos, enquanto o gavião-real atinge até 9 quilos. Outra diferença é a garra da harpia, do tamanho de uma mão humana, que não se pode comparar com a do primo menor.

Visualmente, é difícil diferenciar. A mais característica está na coroa. Enquanto a crista da harpia tem duas penas, a do morphnus tem apenas uma. Mas este detalhe nem sempre é fácil de ser observado. Mais marcante é a ausência do “colar” escuro no uiraçu-falso adulto. As diferenças são ainda mais difíceis de serem percebidas quando as aves são filhotes. E há diferenças também nas escolhas para construção de ninhos e de presas: o morphnus também usa as forquilhas principais das árvores, mas sempre na altura das copas. Já a harpia prefere árvores emergentes, para ficar acima da copa das árvores.

Enquanto o gavião-real prefere atacar preguiças, mais da metade de sua alimentação, o morphnus parece mais especializado em locais onde caça. Mais de 70% da alimentação são pequenos e médios mamíferos, predominantemente arbícolas e crepusculares ou noturnos. Felipe acredita que o predador ataca essas vítimas durante o dia, nos refúgios que eles utilizam.

Esta semana, Felipe apresentou os resultados do estudo em uma palestra do Museu da Amazônia. Uma hora de conversa foi pouco para apresentar essa majestosa ave de rapina, que nas florestas brasileiras só perde em porte para o gavião-real. Mas os quatro anos de estudo já ajudaram a revelar um pouco mais sobre ela e a mostrar que ainda existem muitos nobres a serem reconhecidos na nossa biodiversidade.

Fonte: Portal Amazônia

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

PADRE LUIZ RUAS

Em 31 de outubro de 1954, na Catedral de Manaus, Dom Alberto Ramos ordenou o padre Luiz Augusto de Lima Ruas. 



Padre Ruas iniciou a função sacerdotal no bairro de São Jorge, que se implantava na cidade. Sem local próprio para a celebração, o novo vigário celebrava missas e outras atividades religiosas em residências de paroquianos. É considerado o primeiro pároco de São Jorge. Também exerceu o ministério sacerdotal nas paróquias de Educandos, Colônia Oliveira Machado, dos Remédios, onde se despediu da atividade religiosa, Sagrado Coração de Jesus, na rua Ferreira Pena, e Nossa Senhora das Dores, na Redenção.

Fonte: Catador de Papéis

terça-feira, 28 de outubro de 2014

BONDES X ONIBUS


Para viabilizar a chegada de linha de bonde ao bairro da Cachoeirinha, o governador Eduardo Ribeiro decidiu construir uma ponte metálica na avenida Sete de Setembro, no ponto em que o igarapé do Mestre Chico deságua no rio Negro.

A nova ponte foi construída no período de 1892 a 1895, com todas as peças importadas da Inglaterra e sob a supervisão do engenheiro Frank Hirst Hebblethwaite.

A ponte recebeu vários nomes: Terceira Ponte, Ponte Metálica, Ponte da Cachoeirinha e Ponte Benjamin Constant, mas até hoje é conhecida pelos moradores como “Ponte de Ferro”.

O serviço de viação por bondes foi inaugurado em Manaus em 1896, ainda durante o governo Eduardo Ribeiro. 


Funcionando em caráter provisório, estava sob a responsabilidade do engenheiro Frank Hirst Hebblethwaite e contava com apenas duas linhas que tinham por fim interligar a área urbana com os subúrbios, ou seja, as áreas mais distantes com o centro da cidade.


A estação central estava localizada na Praça XV de Novembro, tendo como referência o Pavilhão Universal, localizado nas proximidades dos armazéns da Booth Line.


O serviço atendeu inicialmente aos limites compreendidos pela estrada Epaminondas, entre a Praça Uruguayana e a Praça Cinco de Setembro, e entre esta praça e o Igarapé do Baptista, no final da estrada Epaminondas, no bairro de Flores, nas proximidades de onde hoje está o estádio Vivaldo Lima, praticamente na zona rural da cidade.

A outra linha partia da Epaminondas pelo Boulevard Amazonas até o Cemitério São João Batista, no Alto do Mocó.


Mais tarde, uma nova linha foi inaugurada partindo da estrada Epaminondas, nas proximidades da Ponte dos Bilhares, e seguindo em direção ao bairro de São Raimundo pela estrada velha via ponte de ferro da Cachoeira Grande, que deu origem à famosa  “Rua da Cachoeira”, do bairro de São Jorge.

Em 1900, os serviços estavam sob a responsabilidade da Manáos Railway Company, empresa inglesa que recebeu consideráveis auxílios para sua instalação na capital, mas, desde o começo, os seus serviços foram considerados muito precários pela população.

Deste período é válido ressaltar uma solicitação curiosa: a imprensa noticiava com frequência que a população solicitava o prolongamento do horário dos bondes até o fim dos espetáculos quando houvesse programações no Teatro Amazonas.



Em 1909, a concessão dos transportes por bondes foi entregue à empresa The Manáos Tramways and Light Co. Ltda, com sede e usina de força central no Plano Inclinado, no bairro de Aparecida, que gerenciou simultaneamente os serviços de bonde e o sistema de energia elétrica do Estado.

A empresa, também de origem inglesa, destacou-se por traçar uma política com posicionamento rígido voltado para a eficiência dos serviços de bonde. 

Seus funcionários, todos estrangeiros, seguiam normas que favoreciam ao cumprimento de quadro de horário e freqüência no número de viagens. 

Trabalhavam uniformizados e atendiam com cortesia aos usuários dos bondinhos.



Em janeiro de 1913, uma nota publicada no jornal O Tempo demonstrou haver, realmente, uma proposta de qualidade nos serviços desenvolvidos pela Manáos Tramways. 

A mensagem trazia a seguinte informação: “A Manáos Tramways tem a honra de avisar ao respeitável público que nas noites da véspera e dia de São João, 23 e 24 de junho, haverá bondes para todas as linhas durante todas as noites e será aumentado o número dos mesmos para a linha de Flores”.

A expansão do perímetro urbano da cidade transformou o bairro da Cachoeirinha em passagem e ponto obrigatório dos serviços de bonde, fazendo com que o governo estadual arrendasse, em forma de contrato, este novo serviço para o engenheiro cubano Antônio de Lavandeyra (responsável pela construção das docas do Porto Flutuante de Manaus) pelo prazo de 70 anos.

No dia 9 de julho de 1918, entretanto, o contrato sofreu alterações, e o gerenciamento dos bondes da Cachoeirinha foi transferido para a The Manáos Tramways and Light Co. Ltda.

Para melhor servir os usuários, a empresa construiu um prédio situado na antiga Praça Benjamin Constant, na saída da ponte metálica, que servia de garagem dos bondes, laboratório de carpintaria e mecânica, almoxarifado e oficina de manutenção dos carros da companhia. 



O aumento da população, entretanto, forçou a ampliação do sistema elétrico da cidade e a criação de uma distribuidora de energia que servisse de apoio à usina central, fato concretizado em 1939, com a inauguração de uma sub-usina (hoje Amazonas Energia), na mesma praça.

Por volta da década de 40, disputando passageiros com os bondinhos pelas vias de Manaus, passaram a circular os primeiros ônibus – confeccionados em madeira e montados sobre chassis de caminhões – que faziam linha para todas as áreas urbanas e suburbanas da cidade. Foi a partir desse período que a situação dos “bondes elétricos” começou a ficar comprometida.



A exemplo dos barcos regionais, os ônibus de madeira possuiam nomes próprios pintados nas laterais: Eneida, Progresso, Brasil, Radiant, Monte Ararate, Hilariante, Torino, Hudson, Silvia, Girassol, Santa Helena, Nazaré, Santa Inês, Isabel, etc.

Em pouco tempo, várias kombis-lotação (chamados de “expressos”) juntavam-se aos ônibus de madeira na disputa por passageiros, tornando ainda mais complicada a existência dos bondes.

Em 1949, a economia de Manaus apresentava-se complemente desmantelada e o fornecimento de energia era racionado, o que prejudicava o funcionamento dos bondes. 



Pouco a pouco, a Manáos Tramways foi perdendo o interesse pelos serviços de viação e, em 1950, apresentou um relatório no qual alegava que os bondes eram os principais responsáveis por seus prejuízos.

Em 1951, o gerenciamento dos serviços elétricos e, por conseguinte, o transporte por bondes, passou a ser responsabilidade do Estado, por iniciativa do governador Álvaro Maia. 

No mesmo ano, o jornal A Crítica publicou uma notinha dizendo que “os serviços elétricos do Estado são presentemente, verdadeira calamidade, nem luz, nem bonde, nem força.”

Apesar das inúmeras dificuldades, os bondinhos permaneceram atuantes por mais de 60 anos. 

Eles só deixaram de trafegar em 1957, por decisão do governador Plínio Coelho, mas contra a vontade da população, que via neles um eficiente e barato meio de locomoção e uma alternativa a mais em termos de transporte coletivo.



O jornalista Mário Adolfo, meu sócio no vibrante CANDIRU, tem uma história recorrente a respeito dos bondes da cidade: ele conta que fabricou muito cerol de papagaio colocando pedaços de vidro nas linhas férreas para serem pulverizados pelos bondinhos.

Bom, quando os bondinhos deixaram de circular, em 1957, o Mário Adolfo estava com três anos.

Efetivamente, uma linha do bondinho passava pela rua Borba, diante da sua casa, mas custa crer que a Dona Inês Aryce de Castro fosse capaz de deixar um fedelho de três anos se aproximar daquela linha férrea, ainda por cima portando cacos de vidro nas mãos para supostamente fazer cerol.

E, apesar de tê-lo visto preparando cerol no final dos anos 60, quando éramos adolescentes, não creio que ele fosse capaz de desenvolver aquela complicada atividade quando estava com apenas três anos de idade.

O problema é que o Mário Adolfo não dá a mínima para as minhas contestações pertinentes e continua repetindo a mesma história sempre que nos encontramos para encher a caveira de birita.



Os principais roteiros de bondes na Cachoeirinha eram os seguintes:

Circular Cachoeirinha – Praça XV de Novembro, Sete de Setembro, Ponte Metálica, Waupés, Curva da Morte, Ipixuna, Borba, Manicoré, Carvalho Leal, Belém, Praça Chile (Cemitério São João Batista), Belém (em frente ao Parque Amazonense), Boulevard Amazonas, Silva Ramos, Epaminondas, Instalação e Praça XV de Novembro.

Cachoeirinha-Sete de Setembro – Praça XV de Novembro, Sete de Setembro, Ponte Metálica, Waupés, Curva da Morte, Ipixuna, Borba, Manicoré e Carvalho Leal até a Casa Amarela, no cruzamento das ruas Codajás e Carvalho Leal. Voltava fazendo o mesmo percurso.

Linha do Pobre Diabo – Praça XV de Novembro, Sete de Setembro, Ponte Metálica, Waupés, Curva da Morte, Ipixuna, Borba e Santa Isabel, até a igreja do Pobre Diabo. Voltava fazendo o mesmo percurso.

Parada Campelo – Praça XV de Novembro, Sete de Setembro, Waupés, Curva da Morte, Ipixuna, Borba, Manicoré e Carvalho Leal até a Casa Campelo, no cruzamento das ruas J. Carlos Antony e Carvalho Leal. Voltava fazendo o mesmo percurso.



O cruzamento das ruas Waupés e Ipixuna ganhou o nome de “Curva da Morte” por ser uma curva extremamente fechada e de péssima pavimentação, que não oferecia boa visibilidade aos motoristas.

O trecho da Waupés entre a Ipixuna e a Silves era entrecortado por vários igarapés, de forma que necessariamente os motoristas que vinham pela Waupés eram obrigados a dobrar à direita, na Ipixuna, para alcançarem o resto do bairro da Cachoeirinha. 

Dos vários acidentes lá acontecidos, um batizou definitivamente o nome da curva.

O fato teve como protagonista o motorista do empresário Abadon Azaro, um abastado comerciante local, que residia à rua da Instalação, no centro da cidade, e era proprietário da famosa Drogaria Comercial.

Como a maioria dos endinheirados da época, Abdon Azaro possuía um carro inglês de marca Buick.

Certa noite, o motorista escapou à vigilância do patrão e saiu no carro em alta velocidade em direção a Cachoeirinha, onde uma cabrocha o aguardava para os embates de Eros.

Quando entrou na curva a 80 km/h, o carro derrapou nos trilhos do bonde, capotou, e o chofer teve uma morte trágica porque o vidro da porta do carro decepou-lhe a cabeça.

Alguns anos depois, um caminhão da fábrica Fitejuta transportando vários funcionários e camburões de água para debelar um incêndio que ocorria no parque fabril da empresa, localizado na Carvalho Leal, entrou na curva em alta velocidade, também derrapou nos trilhos e capotou, matando um ocupante do caminhão e deixando outras dez pessoas em estado grave.

Mais tarde, o comerciante José Carvalho estava caminhando pelo meio-fio em direção ao seu estabelecimento (Casa Carvalho) quando foi atropelado pelo ônibus Radiant, que também havia entrado na curva em alta velocidade.

Felizmente, apesar das fraturas e das escoriações generalizada, seu Carvalho sobreviveu para contar a história e hoje a Banda do Carvalho, que se reúne na sexta-feira magra em frente ao seu bar, tem sua concentração localizada exatamente na “Curva da Morte”.



A Cachoeirinha foi o primeiro bairro de Manaus a ser servido por uma linha de ônibus, sendo o responsável pelo pioneirismo o motorista Adelmo Marques (aka “Dedé”), que inaugurou a linha com o ônibus “Periquito da Madame”.

O veículo era um caminhão com cobertura de madeira na carroceria e diversos bancos de madeira para dois passageiros dispostos em seu interior, um formato logo copiado por outros donos de caminhões.

O ônibus saía da Praça Oswaldo Cruz, seguia pela Sete de Setembro, entrava na Waupés, seguia até a “Curva da Morte”, pegava as ruas Ipixuna, Borba, Manicoré e Carvalho Leal até a Casa Amarela, retornando pelo mesmo trajeto.

Ele foi batizado com aquele sugestivo nome devido ao sucesso de uma marchinha carnavalesca, composta por Nestor de Holanda, Carvalhinho e Teixeira, que fez muito sucesso no carnaval de 1947: “O periquito da madame come milho, / come arroz, / come feijão, / mas quase sempre, / o periquito da madame, coitadinho, / sofre indigestão! / Eu trato bem / o periquito da madame, / tenho cuidado com a sua refeição. / Não compreendo por que é / que o tal bichinho, / coitadinho, / sofre indigestão!”. 




Aparentemente, qualquer pessoa que possuísse um caminhão podia convertê-lo em um ônibus e depois obter uma licença da prefeitura para trafegar em determinadas linhas.

De uma hora para outra, centenas de ônibus começaram a circular pela cidade.

O ônibus mais famoso de Manaus era o Radiant, pintado nas cores azul marinho e rosa, também feito de madeira.

Suas “porfias” com outros ônibus pelas ruas da Cachoeirinha deixavam os passageiros com o coração na boca.

O ônibus mais estranho era o Sputnik, no formato de um dirigível Zeppelin, pertencente ao seu Hudson, dono do posto de gasolina Constelação, localizado ao lado da Casa Amarela. 



Os zepelins eram confeccionados em Belém do Pará pela Viação Sul Americana. Tinham carroceria de madeira, ferro e flandres, pintados externamente na cor de alumínio. O interior era forrado em couro e os bancos, alcochoados. Em vez de cobradores, eram tripulados por ‘aeromoças’.

No início dos anos 60, foram vendidos para Manaus e São Luiz. Antes disso, porém, inspiraram uma marchinha carnavalesca muito famosa em Belém: “Mamãe eu quero, quero / andar de zepelim, / com tanta mulher boa / dando sopa, está pra mim”.

A maior frota de ônibus de madeira e, por extensão, a que mais provocava acidentes, era formada pelos ônibus vermelhos e brancos chamados Ana Cássia, cuja garagem ficava em Santa Luzia, de propriedade do empresário Cirilo Anunciação, o “Batará” .



O Hilariante, pintado nas cores verde e amarelo, foi o primeiro ônibus de ferro a circular na cidade, tendo sido fabricado em São Paulo pela empresa Marcopolo.

Apelidados de “rabo quente” porque possuíam uma descarga vertical superaquecida na parte traseira, os ônibus de ferro praticamente levaram à extinção a prática de “morcegar” os veículos, colocada em prática pela molecada desde que os primeiros ônibus começaram a circular.

Era quase impossível se aproximar da traseira do ônibus por causa do calor que irradiava da descarga.

A brincadeira de “morcegar ônibus” consistia em se pendurar feito um morcego no parachoque traseiro dos ônibus e circular por alguns quarteirões, para espanto e desespero dos transeuntes que achavam a brincadeira muito perigosa.










segunda-feira, 27 de outubro de 2014

PASSEANDO PELO PASSADO 1


Avenida Sete de Setembro ( loja 100 mil paletós).
Fonte: Carmélia Esteves de Castro Coleção: Jorge Herrán.



Bolsa Universal. 
Fonte: Carmélia esteves de Castro. 
Coleção: Jorge Herrán.



Bonde 53 da Manáos Tramway. 
Fonte: Carmélia Esteves de Castro Coleção: Jorge Herrán.



Chefatura de Polícia na Rua Marechal Deodoro (demolido).
Fonte: Álbum do Amazonas 1901-1902; Coleção: Jorge Herrán.



Cine Odeon Fonte: Carmélia Esteves de Castro;
Coleção: Jorge Herrán,



Costureira do Ateliê Palmira Fonte: César e Cia.
Coleção: Jorge Herrán.



Este igarapé foi aterrado para a construção da Av. Floriano Peixoto;
Fonte: Carmélia Esteves de Castro;
Coleção: Jorge Herrán.



Foto aérea do Teatro Amazonas. 
Fonte: Carmélia Esteves de Castro. 
Coleção: Jorge Herrán. 



Intendencia Municipal de Manáos. 
Fonte: Carmélia Esteves de Castro. 
Coleção: Jorge Herrán.



Porto de Manaus em construção.
Fonte: Photo Allemã. Coleção: Jorge Herrán.



Rua Henrique Martins. Fonte: Álbum do Amazonas 1901-1902;
Coleção: Jorge Herrán.



Rua Municipal (hoje Av. 7 de setembro).
Fonte: Carmélia Esteves de Castro;
Coleção: Jorge Herrán.



Usina de Viação Fonte: Postal de Alain Coix (França);
Coleção: Jorge Herrán. 



BONDES EM MANAUS


BONDES DE MANAUS


Três raras imagens dos bondes circulando por Manaus no início do século XX, durante o período de riqueza conhecido como "ciclo da borracha", em que era forte a presença inglesa (até hoje existe e é usado normalmente no porto da capital do Amazonas o cais flutuante do Roadway, por exemplo, destinado a enfrentar as diferenças de até 14 metros de altura no nível das águas do Rio Negro).

Então, a grande quantidade de dinheiro circulante permitiu luxos como a construção (em 1896) do imponente Teatro Amazonas e do Mercado Municipal Adolfo Lisboa, cópia do Les Halles de Paris, ambos com materiais importados da Europa.

A foto superior, que mostra o bonde 53 da Manaus Railway, foi publicada em 1983 na primeira edição da revista Amazônia Ilustrada, editada no Rio de Janeiro.

A segunda imagem, emoldurada e intitulada "O bonde e a carroça/The tram and the cart", foi publicada em julho de 1986 pelo "Guia/Manaus/Guide", publicação bilíngüe editada em Manaus e destinada aos turistas.

A terceira imagem, de um cartão postal do início do século XX, foi cedida pelo pesquisador norte-americano Allen Morrison, de New York.

Abaixo (em foto de Allen Morrison, de New York), um bonde elétrico circula pela Avenida Eduardo Ribeiro, em direção ao Mercado e ao cais, no início do século XX.



Foto cedida pelo pesquisador norte-americano Allen Morrison, de New York/EUA


Conta o pesquisador estadunidense Allen Morrison que a primeira franquia para a construção de uma linha de bondes em Manaus teria sido concedida ao engenheiro inglês Frank Hebblethwaite em 1895. Ele adquiriu três locomotivas a vapor inglesas e instalou 16 km de linhas nas avenidas de Manaus. Um mapa de 1895 mostra cinco rotas de bondes identificadas por números romanos. A Viação Suburbana começou a operar comercialmente em 2/1896 e um texto do ano seguinte informava que a empresa tinha dez veículos para passageiros e 25 para carga.

O bonde a vapor teve curta duração. Charles Ranlett Flint, um dos diretores da United States Rubber Company, instalou iluminação elétrica em Manaus em 1896 e começou a construir uma linha de bondes elétricos com bitola métrica em 1898. Flint, Hebblethwaite e outros 13 estadunidenses fundaram a Manáos Railway Company em New York em 24/2/1898 e iniciaram os serviços comerciais em 1/8/1899. Assim, Manaus foi a terceira cidade no Brasil e a quarta na América do Sul a ter bondes elétricos (depois de Rio de Janeiro, Salvador e Buenos Aires).

Em 24/7/1902, a companhia de bondes foi nacionalizada e a inscrição inglesa na frente dos veículos foi mudada para Serviços Eléctricos do Estado. Em 12/1/1909, entretanto, uma nova inscrição inglesa apareceu: a Manáos Tramways & Light Company, de Londres, que encarregou J. G. White de reconstruir as linhas, instalar um novo abrigo de bondes em Cachoeirinha e encomendar novos veículos ingleses, além de mais tarde construir seus próprios veículos. Um de seus diretores foi o canadense (mas nascido nos EUA) James Mitchell, que instalou as primeiras linhas elétricas no Rio de Janeiro na década de 1890.



Foto cedida pelo pesquisador norte-americano Allen Morrison, de New York/EUA


Note-se, nas imagens mais antigas, a predominância da mão inglesa de tráfego, pela esquerda, que predominou até cerca de 1930. E um dos passatempos favoritos dos manauaras por volta de 1912 era tomar um bonde das linhas suburbanas para desfrutar da brisa fresca, nas noites quentes de uma cidade situada praticamente na linha do Equador, como se vê no cartão postal acima, também cedido por Allen Morrison.

Do mesmo especialista estadunidense Allen Morrison é este cartão postal, mostrando bonde 21, com equipamentos elétricos e trucks ingleses, na década de 1930:



Foto cedida pelo pesquisador norte-americano Allen Morrison, de New York/EUA

O primeiro ônibus em Manaus rodou em 1939, e em 1954 o sistema de bondes elétricos foi fechado por problemas de energia, mas reaberto dois anos depois. O serviço de transporte de passageiros terminou oficialmente em 28/2/1957, mas o sistema foi mantido intacto, na Rua 10 de Julho e na Avenida 7 de Setembro, para movimentação de cargas entre o Plano Inclinado e o depósito de Cachoeirinha. A Companhia de Eletricidade de Manaus assumiu todas as instalações em 1962 e desmontou o cabeamento elétrico das linhas de bondes, encerrando um período de 70 anos de bondes no coração da selva amazônica.

Fonte: novomilenio.inf.br


O Bonde 51  da Manaos Railway, 
posteriormente, ficou exposto no Largo de São Sebastião.


Depois foi retirado de lá, 
e atualmente se encontra nos jardins do Centro Cultural Teatro Chaminé.




PARA VER MAIS IMAGENS DOS ANTIGOS BONDES DE MANAUS, CLIQUE AQUI











quinta-feira, 23 de outubro de 2014

RAMBÚ

RAMBO 2000



No bairro de São Jorge, zona oeste da cidade, mora um cidadão chamado Aldenir Coti, um fã de carteirinha do Rambo, personagem interpretado pelo Silvester Stallone – assistiu milhares de vezes aos filmes I, II e II, passando a incorporar a figura daquela pessoa fictícia. Deixou os cabelos crescerem igualmente a cabeleira do personagem, malhou bastante na academia para pegar um corpo escultural, começou também a usar diariamente botas, calças folgadas, jaqueta e um lenço vermelho na cabeça, sendo apelidado por alguns como “Rambú”.

Começou a fazer apresentações na sua rua, mostrando para a galera todos os golpes mortais que o Rambo fazia no cinema, além de exibir as armas (de brinquedos) confeccionadas por ele mesmo. Para ganhar a vida, ralou muito numa serralharia do bairro, mas, o seu sonho maior era fazer uma curta-metragem, mostrando em ação o Rambo na floresta amazônica. 

De tanto insistir, os seus colegas de rua começaram a preparar o filme, conseguiram verba junto aos comunitários e fizeram a filmagem “Rambo e a Princesa”- foi sucesso total no bairro de São Jorge, onde é muito querido pelas crianças e comunitários. Com o tempo, fizeram mais dois filmes - “Rambo Contras as Galeras” e “Rambo III: O Rapto do Jaraqui Dourado”, os filmes foram rodados em vários lugares de Manaus.

Contando com o apoio da Secretaria de Cultura do Amazonas, fez o quarto filme “A incrível História de Coti: O Rambo de São Jorge”, fazendo sucesso fora do Amazonas, saindo até no Fantástico, programa televisivo da toda poderosa Rede Globo.

O Rambo de Manaus faz o maior sucesso, sendo aplaudido aonde chega, fazendo apresentações em clubes, circos, programas de auditório, aniversários e confraternizações. Apesar de toda a seriedade nas suas performances, ele tem uma cara muito engraçada e, o seu corpo é uma arremedo do Rambo americano, o que provoca muitas gargalhadas do público.

Fonte: Blog do Rocha

Michel Jackson Manauara


Michel Jackson Manauara



O Michel quando estava vivo, jamais imaginou que existia um cover seu, da melhor qualidade na Amazônia, pois bem, o nosso pop star da selva é de Parintins, no médio Rio Amazonas – aos catorze anos de idade veio de mala e cuia para Manaus.

Quando houve aquela explosão do sucesso com os álbuns “Off the Wall” (1979), “Thriller” (1982), “Bad” (1987) e “Dangerous” (1991), milhões de dólares foram arrecadados no mundo inteiro pelo cantor original e, muitos trocados de reais caem até hoje no chapéu do Wanilson de Souza Tavares, o nosso Michael Jackson Jaraqui de Manaus.

O cara começou a fazer sucesso no Calçadão da Ponta Negra, com apresentações diárias em frente ao anfiteatro daquele logradouro público. No final de cada show, as crianças corriam para pedir autógrafos e, ele se apressava na pisada, corria em disparada, alegando que já estava até o talo enrolado com menores de idade.

Nosso personagem possui o biótipo do original, o mesmo tamanho, o corpo franzino, o cabelo pixaim longo e alisado na chapinha, pele negra da época do “Thriller” e com o rosto antes das plásticas deformadoras, apenas os dentes que estão precisando de uma dentadura do tipo “sorriso de Hollywood”.

Quando ele se veste e, se transforma no Michael Jackson Jaraqui de Manaus, as crianças, os pais, os jovens e os velhos correm para ver aquela loucura se apresentando, com a famosa dança sensual e, andando nas nuvens, para frente e para trás - muitas gargalhadas, aplausos, filmagens, fotografias e, dinheiro no chapéu.

Ele é um profissional, ganha dinheiro com as suas apresentações nos lugares públicos, fazendo também shows onde é contratado, dizem que ele cobra trezentos paus de cachê. Com a morte do Michel Jackson, em junho de 2009, passou a fazer mais sucesso ainda, sendo muito aplaudido no Bar do Armando, na Praça do Relógio Municipal e no Largo de São Sebastião. Pouco tempo atrás, comprou uma motocicleta setentinha, uma caixa amplificada, um micro systen com muito CD pirata, o camarim portátil, uma grande bolsa contendo a indumentária do artista, microfones com fio, um pequeno banco, espelho, brilhantina, óculos escuros, lenços, etc. – fica tudo amarrado na moto, indo para vários lugares fazer as suas apresentações - somente em ver aquela figura passando pelas ruas de Manaus, muitos caem na gargalhada.

Fonte. Blog do Rocha

PICOLÉ DO ARANHA

PICOLÉ DO ARANHA


A cidade de Manaus é tão quente, que as vezes faz quarenta graus na sombra, com o maior consumo per capita de picolé do país.

Para matar a sede dos manauaras, o que tem de "picolezeiro" na nossa cidade não é brincadeira! 

Para driblar a concorrência, o senhor Ney de Oliveira Valente, resolveu comprar um carrinho de picolé, um guarda-chuva, apito e, vender o seu produto vestido igualzinho ao Homem Aranha.

Já pensou um cara passar o dia todo vestido com aquela indumentaria, vendendo os seus picolés da massa, num calor de 40 graus; não é para qualquer um, tem que ser um valente. 

Ele tem o mote “Picolé, picolé, sou eu, o Homem Aranha, velhos, crianças e adultos, picolé, picolé, de manhã e de tarde, de domingo a domingo, picolé, picolé, sou eu, o Homem Aranha!”.


Este senhor já foi vendedor de frutas, guaraná em pó e xarope, em Porto Velho; chegou a ser garimpeiro, onde houve uma desavença, tendo uma pequena perfuração na cabeça por bala de fogo, toma até hoje remédios controlados, porém, leva a vida numa boa, de bom humor, trabalhando normalmente, sendo muito festejado pelas crianças e adultos, apesar de ainda ser muito perseguido por pessoas que não entendem que ele utiliza aquela roupa como uma ferramenta de trabalho, de uma forma lúdica e diferenciada para vender os seus picolés.

Ele é um homem de bom coração, chega a doar boa parte dos seus picolés para as crianças carentes e, para quem não tem dinheiro, ele vende até fiado. Aos domingos a tarde, após um dia de labuta, ele gosta de frequentar a famosa “Casa do Terror”, na Lagoa Verde, uma casa de cheia de teias de aranhas, onde somente toca vinis e fitas cassete da melhor qualidade; gosta de curtir muito forró e boleros, dizem as mulheres que ele é um tremendo “pé de valsa”.

O cineasta Anderson Mendes fez um documentário de 20 minutos sobre O Picolé do Aranha, chegando a ganhar, em 2009, o melhor filme júri popular, do Amazonas Filme Festival.

Para conhecer mais esse grande brasileiro, basta acessar o site www.picoledoaranha.blogspot.com.

Fonte: Blog do Rocha